Canção de Gelo e Fogo se tornou um fenômeno da literatura nos últimos anos, em especial pela série “Game of Thrones”, que a HBO desenvolveu a partir da obra, série essa que seduziu e trouxe a milhões de espectadores a batalha do Trono de Ferro. Enquanto a saga escrita por George R. R.Martin ganhava proporções inigualáveis, sumamente conhecida e exitosa entre os fãs da literatura fantástica adulta, sua adaptação televisiva a convertia em uma das sagas mais influentes e importantes deste início do século XXI.
Com a estreia da 7ª temporada e com a publicação de “Ventos do Inverno” sendo sempre prorrogada (algo que tem demorado mais do que o previsto), a ansiedade bate forte para qualquer fã de fantasia como eu. Em meio a essa sensação, procurei ler alguma outra obra que ainda não li de Martin baseado no universo, e encontrei três relatos curtos baseados em Westeros: O Cavaleiro Andante, A Espada Juramentada e O Cavaleiro Misterioso, reunidos no livro O Cavaleiro dos Sete Reinos, publicada pela LeYa.
Bem parecido com a temática da saga da Canção de Gelo e Fogo, mas com um teor diferente, mantém os temas principais (amizade, honra, valor, justiça) e críticos poder, corrupção, guerra, religião), mas com um ponto de vista de uma época menos drástica e radical que a saga original, onde os dragões desapareceram e as lutas pelo trono, o inverno e os caminhantes brancos ainda não tinham aparecido.
Martin segue imprimindo sua escrita de grandes diálogos e personagens que conseguimos simpatizar, numa leitura que introduz para o Universo de GoT. Como uma homenagem aos clássicos da fantasia medieval, Martin trata das contendas, das aventuras e dos percalços de um nobre e de um plebeu.
De leitura leve e instigante (demorei uma tarde para ler), seguir as justas e as batalhas, narradas e descritas fantasticamente por Martin faz do leitor um espectador a mais dos torneios. Os menos familiarizados com a saga talvez possa achar estranho tantos nomes, famílias e casas, sobretudo com os personagens secundários ou de fundo que servem de contexto para o mundo criado por Martin. Porém, como já abordei, O Cavaleiro dos Sete Reinos é uma boa introdução, encontraremos todas as casas mais importantes da saga Targaryen, Lannister, Stark, Baratheon e outras, e conhecemos um pouco dos antepassados dos protagonistas da série, numa época que estavam longe do que seriam no futuro.
Os dois protagonistas não são personagens principais de As Crônicas de Gelo e Fogo, mas possuem um personalidade e carisma. Dungan “Dunk”, apesar de seu curto intelecto e pouco senso perseguirá seu sonho de tornar-se um cavaleiro andante, buscar a justiça e defender os fracos, valores que definem os cavaleiros e que começaram a se perder anos antes da Guerra do Usurpador. Egg, por outro lado, é um menino que deixará para trás sua condição real para converter-se em um escudeiro e acompanhar seu fiel amigo na busca pelo reconhecimento.
O Cavaleiro dos Sete Reinos é um livro excelente de fantasia medieval, bem mais clássico e idílica que a famosa saga de Game of Thrones, que consegue oferecer um olhar diferente, além de mostrar acontecimento que ocorreram no passado, cheio de referências para os fãs das obras de Martin.
Três contos escrito genialmente para conhecendo a lenda de Dunk e Egg. The Hedge Knight, publicada em 1998, também adaptada para os quadrinhos pela Image, relata as aventuras de Dunk, também conhecido como Sor Duncan o Alto, um lendário membro da guarda real anterior aos eventos da Guerra dos Tronos, e de Egg seu escudeiro que esconde um segredo sobre sua origem. The Sworn Sword, publicada em 2003, também adaptada para os quadrinhos, mas pela Marvel, conta o período que Dunk jura fidelidade a um Sor outrora rico. E The Mistery Knight, publicada em 2010, narrando quando Dunk e Egg estão a caminho do Norte, buscando serviço em Winterfell e acabam seguindo para um casamento e uma traição.
A tradução de ‘The Knight of Seven Kingdoms‘ está a cargo de Márcia Blasques, muito respeitosa com a mitologia e os termos da saga, que revisitou toda a obra após duras críticas. A edição do livro, em capa dura, está caprichada, seguindo as mesmas características que a edição standard, com um enquadramento rústico nas páginas dos contos. Enrique Corominas é o responsável pela capa, uma ilustração fantástica evocando a época das justas medievais e dos cavaleiros. Além de escrever o prólogo do livro, contadno sua experiência pessoal com Martin.
As histórias possuem o sangue dos torneios e das batalhas, mas também ricas no desenvolvimento distinto que Martin distingue outros livros da série. A aparência de versões mais jovens de personagens que figuram nos livros posteriores torna O Cavaleiro dos Sete Reinos uma leitura obrigatória para as legiões de fãs de Martin.
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