Literatura

Programação principal da FLIP 2010

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Depois da cobertura Ambrosia para a FLIP 2009, intitulada “Modos de Olhar“, ficamos animados e estaremos neste ano ainda mais presentes na maior festa literaria do Brasil. Para não haver conflito com a Copa do Mundo de Futebol, o evento acontece entre 4 e 8 de agosto.

A Feira Literária Internacional de Paraty chega em 2010 com grandes autores, como Julian Barnes, Don DeLillo, Eric Hobsbawm Hanif Kureishi, Robert Crumb, e Isabel Allende, mas a programação vai muito além. O evento conta com cerca de 200 atividades, que incluem debates, shows, exposições, oficinas, exibições, apresentações de escolas etc. Quanto a programação destaque, a “Tenda dos Autores”, local dos eventos principais, vai abrigar em 2010 vinte mesas que também serão exibidas na “Tenda do Telão”.

Programação principal da FLIP 2010:

04 de agosto (quarta)

19h Conferência de abertura: Casa-grande & senzala: um livro perene
Convidados: Fernando Henrique Cardoso
Mediador: Luiz Felipe de Alencastro
Na mesa que abre a Flip 2010, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, autor do prefácio da edição mais recente de Casa-grande & senzala e um dos principais intérpretes de Gilberto Freyre no Brasil, fala sobre as contradições que estão na origem dessa obra seminal do pensamento brasileiro. A seu lado, o historiador Luiz Felipe de Alencastro, um dos maiores conhecedores da escravidão no Brasil, comenta a palestra com ênfase na figura do negro, tal como abordada no clássico de Freyre.

21h30 Show de abertura
Edu Lobo, Renata Rosa, Marcelo Jeneci e Quarteto de cordas da Academia da Osesp
Direção artística: Arthur Nestrovski

05 de agosto (quinta)

10h Mesa 1: Ao correr da pena
Convidados: Edson Nery da Fonseca, Moacyr Scliar, Ricardo Benzaquen
Mediação: Ángel Gurría-Quintana
“A escrita é meu veículo. Vaidosamente ou não, considero-me um escritor literário, com uma forma literária de expressão”, declarou Freyre certa vez. Parte significativa da crítica concorda: há consenso de que não há pensador social no Brasil que seja páreo para Freyre no quesito qualidade da escrita. Para analisar esse aspecto decisivo de sua obra, o ficcionista Scliar, o crítico literário Edson Nery e o historiador Benzaquen se juntam em Paraty.

12h Mesa 2: De frente pro crime
Convidados: Patrícia Melo, Lionel Shriver
Mediação: Arnaldo Bloch
Lionel Shriver correu o mundo com seu Precisamos falar sobre o Kevin, romance de investigação psicológica sobre uma família que tenta compreender as motivações de um filho genocida. Na prosa contemporânea brasileira, poucos autores dominam o suspense psicológico como Patrícia Melo. Sobre este e outros pontos em comuns deve girar a conversa das duas em Paraty.

15h Mesa 3: Fábulas contemporâneas
Convidados: Reinaldo Moraes, Ronaldo Correia de Brito, Beatriz Bracher
Mediação: Cristiane Costa
Moraes fala do universo underground paulistano e da rotina de abusos, drogas e álcool de personagens desregrados. Brito cria um sertão mítico com ecos de parábolas bíblicas. Bracher brinca com o idioma e escreve contos intimistas. O que aproxima três vozes tão distintas? O fato de figurarem entre as mais densas e originais da literatura brasileira. Isso basta para justificar a conversa que travam em Paraty.

17h15 Mesa 4: Veias abertas
Convidados: Isabel Allende
Mediação: Humberto Werneck
Isabel Allende é um sucesso estrondoso de público. Desde A casa dos espíritos, de 1982, foram mais de 56 milhões de livros vendidos em trinta idiomas. Ao lado de Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e Carlos Fuentes, é um dos nomes mais bem-sucedidos da literatura latino-americana e um ícone do “realismo mágico”, que tanto marcou a prosa criada no continente desde os anos 1970. É sobre essa trajetória singular que ela conversa com o jornalista e veterano da Flip Humberto Werneck.

19h30 Mesa 5: O livro: capítulo 1
Convidados: Peter Burke, Robert Darnton
Mediação: Lilia Schwarcz
“O segundo livro publicado na imprensa de Gutenberg era sobre a morte do mercado editorial”, diz uma piada corrente no meio literário. Na primeira das duas mesas dedicadas ao destino do livro este ano em Paraty, dois dos mais respeitados historiadores da atualidade, ambos especialistas em história da leitura e da mídia, mostram como essa discussão remonta aos primórdios da era moderna e está longe de se resumir a Ipads, Kindles e outras novidades tecnológicas.

06 de agosto (sexta)

10h Mesa 6: O livro: capítulo 2
Convidados: Robert Darnton, John Makinson
Mediação: Cristiane Costa
Nenhum autor contemporâneo foi tão fundo no estudo sobre o futuro do livro quanto o historiador Robert Darnton. Diretor da biblioteca de Harvard, ele acompanhou de perto as negociações com o Google para a digitalização de todo o acervo da universidade e registrou as implicações da proposta numa série de artigos recém-lançados em livro no Brasil. John Makinson é o CEO da editora Penguin e está na vanguarda do processo de transformação por que passa o mercado editorial em todo o mundo. Os destinos da palavra escrita são o ponto de partida da conversa de que participam em Paraty.

12h Mesa 7: Além da Casa-grande
Convidados: Alberto da Costa e Silva, Maria Lúcia Pallares-Burke, Ângela Alonso
Mediação: Lilia Schwarcz
Apesar de muito vasta, a obra de Gilberto Freyre costuma ser lembrada apenas por Casa-grande & senzala e Sobrados e mucambos. A proposta desta mesa é examinar a obra de Gilberto Freyre para além de seus livros mais famosos. Nordeste será o tema do africanista Alberto Costa e Silva. A historiadora Maria Lúcia Pallares-Burke fala sobre Ingleses no Brasil. E a socióloga Ângela Alonso discorre sobre Ordem e progresso.

15h Mesa 8: Chá pós-colonial
Convidados: William Boyd, Pauline Melville
Mediação: Ángel Gurría-Quintana
Tanto William Boyd como Pauline Melville são associados a um tipo de literatura que se convencionou chamar “pós-colonial”. O rótulo é vasto e decerto não exprime com precisão a particularidade do trabalho dos escritores a ele associados. Mas vale para autores que examinam, por meio da ficção, o destino de países que foram colônias num passado próximo o suficiente para que as cicatrizes da exploração ainda se façam notar. É o caso dos dois, que encontram nesse tema um ponto de partida para a conversa que travam em Paraty.

17h15 Mesa 9: Promessas de um velho mundo
Convidados: A. B. Yehoshua, Azar Nafisi
Mediação: Moacyr Scliar
Yehoshua é um dos grandes nomes da prosa de Israel, ao lado de Amós Oz e David Grossman. Como os colegas, é voz ativa no debate sobre o processo de paz no Oriente Médio. Azar Nafisi é o grande nome da literatura iraniana, país cujo regime teocrático critica de forma feroz em seu trabalho. Nesta mesa, os autores dão testemunho sobre o papel da literatura como caminho para um diálogo entre as culturas em conflito.

19h30 Mesa 10: Em nome do filho
Convidados: Salman Rushdie
Mediação: Sílio Boccanera
A obra mais recente de Salman Rushdie, Luka e o fogo da vida, terá lançamento mundial durante a Flip. Mas a conversa não se restringe ao assunto do livro, uma fábula para jovens da mesma linhagem de seu celebrado Haroun e o mar de histórias (1998). A ocasião também serve para Rushdie falar de sua condição de autor-síntese da literatura multicultural e de sua visão sobre temas políticos contemporâneos, dos quais se tornou parte ao se ver condenado à morte pelo regime iraniano, em 1989.

07 de agosto (sábado)

0h Mesa 11: Andar com fé
Convidados: Terry Eagleton
Mediação: Sílio Boccanera
Além de um dos mais influentes críticos literários em atividade, o britânico Terry Eagleton é autor de um livro recente que polemiza com Richard Dawkins, convidado da Flip de 2009. Eagleton argumenta que o ateísmo pregado por cientistas como Dawkins se baseia numa concepção simplista e equivocada de religião. A obra gerou grande polêmica, e é sobre ela que Eagleton fala em Paraty.

12h Mesa 12: Albany, Nova York e outras aldeias
Convidados: Colum McCann, William Kennedy
Mediação: Ángel Gurría-Quintana
O irlandês Colum McCann ganhou o National Book Award por seu último livro, um painel da comunidade imigrante irlandesa em Nova York nos anos 1970. Nos sete livros de seu “ciclo de Albany”, o americano William Kennedy faz da pequena cidade um microcosmo da sociedade norte-americana. Nos dois casos, a cidade se apresenta como personagem central e suscita a questão que deve nortear a conversa dos dois em Paraty: falar da própria aldeia é de fato o caminho mais curto para ser universal?

15h Mesa 13: Tabacaria
Convidados: Antonio Tabucchi
Mediação: Samuel Titan Jr.
Antonio Tabucchi é mais que um dos principais nomes da literatura italiana. É também um grande conhecedor da obra de Fernando Pessoa, que figura como personagem em boa parte de seus livros. A essas duas facetas soma-se a de intelectual público: Tabucchi é perseguido pelo governo italiano por ter cobrado explicações do presidente do Senado, apoiador de Silvio Berlusconi, sobre suas relações com grupos mafiosos. Nessa conversa em Paraty, ele fala sobre todos esses lados de sua prolífica carreira.

17h15 Mesa 14: A origem do universo
Convidados: Robert Crumb, Gilbert Shelton
Mesmo com diversos nomes estelares da literatura mundial no currículo, a Flip raras vezes pôde trazer aos palcos de Paraty uma lenda viva. Esta mesa é uma dessas vezes: num evento para entrar nos anais da cultura brasileira, o mais influente artista de quadrinhos de todos os tempos e ícone da contracultura passa em revista sua carreira, com destaque para o último trabalho: uma versão em quadrinhos do Gênesis. A seu lado, o não menos carismático Gilbert Shelton, que forma com ele a dupla perfeita para falar da história dos quadrinhos contemporâneos e do underground americano.

19h30 Mesa 15: O som e o sentido
Convidados: Lou Reed
Mediação: Arthur Dapieve
Lou Reed já se definiu, não sem autoironia, como o “Dostoievski do rock”. Membro de uma linhagem de compositores populares da América do Norte fortemente influenciados pela literatura, tais como Leonard Cohen e Bob Dylan, Reed fala nessa entrevista sobre os limites entre arte e contestação, letra e poesia, alta cultura e rock’n’roll.

09h30 Mesa Zé Kléber: Paraty: passando o futuro a limpo
Convidados: Victor Zveibil, Ana Carla Fonseca Reis, Luís Perequê
A definição do Plano Diretor de uma cidade depende do debate plural de ideias, interesses e possibilidades. Mas é de fato a maior ou menor criatividade das ideias que faz um Plano Diretor – a principal das políticas públicas – ser bem sucedido. Por isso, e tomando Paraty como modelo, num momento em que a cidade se prepara para elaborar um novo Plano Diretor, a mesa Zé Kleber desse ano na Flip vai abordar o tema da cidade criativa, aquela que pode passar seu futuro a limpo, projetar a si mesma no tempo, colocar-se com clareza na imaginação de seus habitantes e governantes.

11h45 Mesa 16: Gilberto Freyre e o século 21
Convidados: José de Souza Martins, Peter Burke, Hermano Vianna
Na mesa que encerra a homenagem a Gilberto Freyre, três de seus maiores intérpretes analisam a atualidade da obra do sociólogo. Herdeiro da tradição uspiana, José de Souza Martins explica por que Freyre tornou-se um clássico incontornável. Um dos maiores praticantes da história das mentalidades no mundo, Burke analisa o pioneirismo de Freyre nesse segmento. E o antropólogo Hermano Vianna discute a questão da miscigenação e da identidade nacional na obra do autor pernambucano.

14h30 Mesa 17: Cartas, diários e outras subversões
Convidados: Wendy Guerra, Carola Saavedra
Mediação: João Paulo Cuenca
A cubana Wendy Guerra faz dos diários uma ferramenta ficcional importante para dar conta de sua experiência e das contradições que marcam a história política de seu país. Carola Saavedra valeu-se de cartas para compor alguns de seus livros, que fizeram dela uma grata surpresa da literatura brasileira nos últimos anos. A diferença é que Carola escreve numa democracia onde a liberdade de expressão é respeitada; os livros de Wendy, nunca é demais lembrar, estão proibidos de circular pela ditadura cubana.

16h30 Mesa 18: Nacional, estrangeiro
Convidados: Benjamin Moser, Berthold Zilly
Mediação: Claudiney Ferreira
Tanto para o americano Benjamin Moser, biógrafo de Clarice Lispector, como para o tradutor alemão Berthold Zilly, o Brasil é uma referência decisiva. Ambos se aproximaram da cultura brasileira de forma casual, mas se transformaram em grandes intérpretes da literatura produzida no Brasil. A visão desses dois autores é uma síntese do papel ambíguo ocupado pela literatura brasileira no exterior, tema dessa conversa de que participam em Paraty.

18h15 Mesa 19: Livro de cabeceira
Convidados da FLIP leem trechos de seus livros prediletos

Mais informações no site oficial do evento.

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