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Rebecca Navarro Frassetto fala sobre escrever “Nosso Amigo Gaivota”

O primeiro romance da autora paulistana explora questões ambientais e emocionais através da fantasia, convidando o público juvenil a refletir sobre o futuro da humanidade.

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No romance de estreia de Rebecca Navarro Frassetto, “Nosso Amigo Gaivota”, a autora conduz os leitores por uma narrativa repleta de aventura, emoção e questionamentos sobre o destino do planeta. A história gira em torno de três crianças que, ao encontrarem um ser de outro mundo, embarcam em uma jornada por tempo e espaço, abordando temas profundos como empatia e preservação ambiental.

Nascida em São Paulo e residente em Mogi das Cruzes, Rebecca tem uma trajetória literária que começou em 2001 com a publicação de seu primeiro livro de poesias. Além de escritora, atuou como co-editora de jornais culturais e lançou fanzines, sempre com um olhar atento para temas humanos e sociais. “Nosso Amigo Gaivota” é sua primeira experiência publicando um romance voltado para o público infanto-juvenil. 

A obra cativa o público jovem com uma trama envolvente, onde fantasia e realidade se entrelaçam, propondo uma reflexão sobre o legado da humanidade e a importância de preservar a vida na Terra. Na entrevista abaixo, a escritora fala sobre a sua experiência de escrever o livro. 

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam? Por que escolheu esses temas? 

Os temas centrais do livro são preservação do planeta, empatia, valorização dos sentimentos, futuro da humanidade, viagem no tempo/espaço, vida em outros planetas e conhecimento. Os temas não foram necessariamente escolhidos. Eles surgiram conforme a história se desenrolava. Embora associar o futuro da humanidade em outro planeta com a destruição da Terra, que, no meu entendimento não se dá apenas pelo ponto de vista ambiental, mas em vários aspectos como guerras, doenças, epidemias, extrema miséria, desigualdade social entre outros, seja um caminho fácil de lincar.

O que motivou a escrita do livro e como foi o processo?

Nosso Amigo Gaivota seria apenas um artigo científico. Tudo porque, numa noite de insônia, despertei e em segundos pensei “Mas é claro! É óbvio que se, aqueles que dizem já ter visto algum extraterrestre, não estiverem mentindo, avistaram nada menos do que Humanos do Futuro! Do contrário, porque eles, de acordo com os relatos, sempre têm duas pernas, dois braços, dois olhos, boca, cabeça, nariz…enfim, porque sempre têm essa forma “humanóide” e não são simplesmente umas “amebas voadoras?” Dormi e ao acordar pensei “Preciso escrever sobre isso!” 

Como eu não entendia nada de aliens, ovnis etc, comecei a pesquisar, assistir documentários, conversar a respeito, ler Stephen Hawking (risos). Nunca encontrei nenhuma teoria que fosse integralmente de encontro à “minha”, confesso. Portanto a ideia de escrever um artigo científico virou obstinação por algum tempo, mas logo perdeu força e, ao admitir que eu não era cientista e que jamais publicaria um Artigo Científico. 

No entanto, após alguns meses (meio decepcionada por deixar uma ideia tão bacana de lado), tomando banho, tive a ideia de escrever para crianças! Em poucos minutos mudei de crianças para adolescentes (talvez motivada pelos meus filhos, que na época tinham 11 e 13 anos) e comecei a escrever Nosso amigo Gaivota. O processo até hoje levou mais de 2 anos. 

Em sua análise, quais as principais mensagens que podem ser transmitidas pelo livro?

Penso que o livro mostra o quanto cada um deve fazer sua parte; Sempre tomei o cuidado em não subestimar a inteligência dos jovens (e considero que muitos adultos também sejam leitores potenciais do Gaivota). Quero dizer: todos sabem muito bem o que é certo e o que é errado. Não tem milagre. Se o nosso fim não vier na carona de um meteoro, então ainda temos chance de nos salvar. Tanto na Terra como em Alana, humanos são erráticos e isso é humano, totalmente aceito e sou totalmente a favor de que possamos errar, mas banalizar o amor e passar a não mais acreditar neste que é o sentimento que mais devemos preservar é outra mensagem presente no livro; Entre outras como: não adianta fugir dos problemas; o legado da humanidade pode ser incrível; devemos parar de olhar apenas para o nosso umbigo; viva e faça valer a pena. 

O que esse livro representa para você? Você acredita que a escrita do livro te transformou de alguma forma? 

Sou poeta, essa é minha primeira obra de ficção e, por sempre ter divulgado todos os meus textos tanto no Jornal da Praça, como no Café Literário, nunca, depois do lançamento do meu primeiro livro em 2001, tive intenção em lançar outro livro. Exceto quando terminei a primeira versão do Gaivota e tive a certeza de que ele precisava ser conhecido. Me transformou muito como escritora e graças a todo o processo, tive a oportunidade de conhecer de perto pessoas incríveis que atuam hoje no mercado editorial. Todos jovens, extremamente profissionais, competentes e que mudaram minha visão em relação à literatura atual no Brasil (de forma muito positiva, claro). 

Como a bagagem dos livros anteriores que você escreveu ajudou na construção da obra?

Não gosto nada do meu primeiro livro (risos), mas foi ele que abriu as portas pra mim. Graças a ele, conheci meus sócios do Jornal da Praça e Café Literário e, através destes, publiquei meus poemas, crônicas e pensamentos, durante anos. Participava ativamente de inúmeros saraus e tive meu reconhecimento dentro do mundo da literatura quando “tudo era mato”.

Por que escolher o gênero adotado? Desde quando escreve dentro do gênero?

Conforme comentado, é minha primeira obra de ficção. 

Como você escolheu a editora para a obra? 

O livro foi autopublicação. Achei que era o melhor caminho pra mim. 

Quais são as suas principais influências artísticas e literárias? Quais influenciaram diretamente a obra?

Meus principais ídolos são David Bowie, Charles Bukowski, Tarantino, Bourdain, mas acho que obras de realismo mágico e autores como Gabriel Garcia Marques, Kazuo Ishiguro e Murakami influenciaram mais o estilo da escrita que adotei. Apesar de ser um livro para o público jovem, não se trata de fantasia, mas tem alguns toques de realismo mágico (sem também entrar necessariamente nesta categoria). Falamos de influência, certo?

Como você definiria seu estilo de escrita? Que tipo de estrutura você adotou ao escrever a obra?

Se for para definir um estilo ou uma estrutura, penso que seja Prosa Poética. 

Você escreve desde quando? Como começou a escrever?

Comecei a escrever poesias com 11 anos. Sempre me dediquei à poesia, mas tenho um livro de contos, um de História em Quadrinhos (não publicados) e escrevi também várias crônicas na época do Jornal da Praça. 

Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Tem alguma meta diária de escrita?

Infelizmente não. Não tenho tempo pra nada. Além do trabalho, sou mãe, filha, dona de casa (sem ajudante), treino todos os dias…muitos trechos do livro foram “escritos” na estrada, a caminho do trabalho comigo gravando mensagem para mim mesma pra, quando sobrasse um tempo, “passar a limpo” no computador. Meu sonho de consumo é o ócio criativo!

Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?

Tenho sequências pensadas para o Gaivota. Talvez nasçam mais dois livros. Fora isso, já retomei a escrita do meu livro de contos e a HQ é um grande sonho que talvez eu veja nascer a partir de alguma experiência com a IA e depois, quem sabe, cogitar publicá-los também mesmo que apenas de forma digital, além de um novo livro de poesias, afinal, poesias não faltam. 

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