SINOPSE: Na Inglaterra do século XII, Tom, um humilde pedreiro e mestre-de-obras, tem um sonho majestoso: construir uma imponente catedral, dotada de uma beleza sublime, digna de tocar os céus. E é na persecução desse sonho que com ele e a sua família vamos encontrando um colorido mosaico de personagens que se cruzam ao longo de gerações e cujos destinos se entrelaçam de formas misteriosas e surpreendentes, capazes de alterar o curso da história.
1133, Inglaterra – Uma multidão se aglomerava para ver um enforcamento. Um homem de cabelos da cor de cenoura caminhava ao cadafalso. Ninguém sabia quem era, mas todos sabiam que fora condenado à morte por roubar um cálice cravejado de pedras preciosas. Antes de ser enforcado, canta em francês numa melodia bela e triste pelo tom. Enquanto entoa o cântico, olha para uma jovem grávida na turba. Em lágrimas prolifera aos três senhores responsáveis pela morte: “Amaldiçoo vocês com a doença e o infortúnio, com a fome e a dor(…) envelhecerão na tristeza e no remorso, e morrerão na podridão e na agonia…”
O prólogo apresentado é de um dos melhores épicos já lidos por mim. Os Pilares da Terra (The pillars of the earth, tradução de Paulo Azevedo, Rocco) de Ken Follett, um épico de qualidade que resiste, após 20 anos de sua publicação original, a modismos literários e atravessa gerações de leitores como referencia no segmento de tramas históricas. São 944 páginas de mistério e intrigas, de amor e traição, de triunfo e justiça, que evitam o subjetivismo e amoralismo de alguns escritores recentes.
Tendo como cenário o turbulento século XII numa Inglaterra devastada pela guerra, o argumento segue uma estrutura lógica que mostras os valores e os pecados humanos, os conflitos dos personagens entre eles mesmos ou em seu interior. Follet escreve despretensiosamente uma narrativa sem floreios, seus personagens não são históricos, mas com características que gostaríamos de acreditar como reais, no sentido moderno do termo, como se existissem.
A ambientação histórica é perfeita, o rei Henrique I morreu sem deixar herdeiros. Sua filha, Matilde, era para ser a rainha. Mas os nobres ingleses, em sua maior parte, recusaram-se a jurar lealdade. Um parente proclama-se rei. E a Inglaterra mergulha em uma guerra civil que duraria muitos anos, tornando-a uma terra praticamente sem lei. No meio destes conflitos pessoas comuns viviam e conviviam longe desses conflitos, e é onde o autor amarra seu cavalo para narrar a história de muitas destas vidas e como seriam afetadas ao que acontecia ao seu derredor.
O enredo se centra na construção de uma catedral em Kingsbridge, capitaneada pelo prior Philip, um homem que lutará contra tudo e todos para construir um templo a Deus e para os pobres de espírito. Ao longo do romance, seus sonhos são em muito frustradas pelo bispo Waleran e suas maquinações. Mas logo receberá a ajuda de Tom, um homem que sonhava a muito tempo em construir uma catedral. Viúvo e fugindo da fome, tornar-se-ia o mestre de obras e o construtor. Suas vidas se cruzam com muitos outros personagens, alguns bons, outros maus, que teriam um grande impacto em seus objetivos.
Apesar de sua trama seguir o estilo do romantismo, há aspectos modernos ocasionais que podem embaraçar a leitura de alguém mais exigente, como as cenas de batalhas muito violentas. As descrições precisas da cultura e da política, como também dos métodos de construção necessários para edificar uma catedral são bem amparados pelo autor, que fez uma pesquisa hercúlea para desenvolver a história. Abrangendo mais de cinqüenta anos de turbulência, contra um cenário de guerra civil, os personagens nitidamente trazem o leitor ao detalhes daquela Inglaterra, pois eles que narram em cada capitulo suas perspectivas proporcionando um cenário inesquecível, ainda mais com a versão televisiva (2010), uma minissérie de oito capítulos que passou na TV aberta recentemente.
A bem-sucedida adaptação para TV, orçada em U$40 milhões, foi produzida por Tony e Ridley Scott, com grande elenco e sete indicações ao Emmy Award. A série apresentou a história a uma nova audiência em potencial. Nos EUA, foram mais de 8 milhões de telespectadores, sucesso absoluto de audiência também na Espanha, Itália, Alemanha e Holanda. Asérie já passou ela Band e voce encontra na Netflix facilmente.
Os pilares da terra é um romance ambicioso e cativante, apesar de volumoso, ficamos com o desejo de saber o que ocorrerá com Tom, Aliena, Ellen, Jack e Philip. Será que irão ter sucesso em seus objetivos? Épico que consegue captar simultaneamente o que acontece nos castelos, feiras, florestas e igrejas, para quem gosta de uma ficção histórica, é uma recriação magistral de uma época que nossa imaginação não quer esquecer.
Comente!