Resenha: A Enciclopédia de Mitologia

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[Fabrício Botelho é o autor convidado deste artigo]

Foi lançada durante a bienal do livro uma Enciclopédia de Mitologia, escrita por Marcelo Del Debbio e publicada pela Daemon Editora. Eu, sendo um grande fã e entusiasmado pelo tema desde que me conheço por gente, acabei tomando conhecimento dela através do blog do autor, no Sedentário e Hiperativo, e estava muito curioso para verificar com meus próprios olhos.

Quando colocaram uma preview contendo dez páginas no site, para que as pessoas pudessem ter uma noção do que estava por vir, fiquei ainda mais entusiasmado. Graças aos deuses minha expectativa foi atingida. A Enciclopédia é realmente tudo aquilo que promete.

São ao todo 7200 verbetes, espalhadas por 640 páginas, falando de cerca de 30 culturas diferentes (grega, romana, hindu, celta, nórdica, assírio-babilônica, persa, africana, eslava, fenícia, etrusca, goética, asteca, maia, inca, nativo-americana, sul-americana, brasileira, japonesa, chinesa, medieval, bíblica, aborígene e umas outras mais desconhecidas como basca, finlandesa e outras…), ou seja, embarca praticamente TUDO o que eu já tinha visto relacionado à mitologia.

No aspecto estético, a Enciclopédia leva nota dez. Totalmente ilustrado (são 990 ilustrações, todas em preto-e-branco, de diversos estilos, abraçando desde fotografias de esculturas à quadros renascentistas), cada página possui imagens acompanhando o texto bem diagramado, além de luminuras em todas as páginas, imitando aqueles livros antigos e as bíblias medievais. O cuidado com a diagramação e montagem do texto foi realmente meticuloso e acho que é a grande sacada do livro.

Outra coisa que gostei muito foi o estilo do texto. Eu sou um pouco suspeito para comentar, porque já acompanhava o blog do Del Debbio há tempos e gosto do jeito tranqüilo e informal que ele escreve. Neste ponto, a enciclopédia reflete muito desta maneira, servindo mais como “contos dos deuses, heróis e monstros das diversas culturas” do que propriamente uma enciclopédia no sentido chato do termo. É um livro que você pode deixar na cabeceira da sua cama e folhear antes de dormir (ou contar as histórias para o seu filho pequeno, se você tiver), aprendendo alguma curiosidade sobre alguma cultura antiga sem ser aqueles textos enfadonhos que alguém espera quando ouve a palavra “enciclopédia”.

O papel couche e acabamento de luxo valem cada centavo dos 99,00 de preço de capa. Eu fiquei pensando se conseguiria falar de alguma coisa que pudesse ser mexida ou melhorada, mas o trabalho está realmente impecável. A única coisa que eu gostaria é que tivesse mais deuses, mas acho que eles já colocaram todos que existem lá dentro.

Quem quiser conferir uma prévia com as 10 primeiras páginas pode fazer o download clicando aqui.

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18 thoughts on “Resenha: A Enciclopédia de Mitologia

  1. Não gostei muito do que vi no preview do livro, principalmente pela forma de “historinha” que o autor optou para escrever seus verbetes, eles dão a impressão incorreta de coesão entre esses mitos e de levianidade. Expressões como “e simbolismo utilizados para o auto-conhecimento e a alquimia interior” ilustram claramente a posição um tanto esquisotérica que o mesmo possui diante do tema, algo que tenho certeza incomodará qualquer leitor que busque no livro uma compreensão mais acadêmica.
    Outra coisa engraçada foi o “considerado um dos mais sérios e conceituados pesquisadores de mitologia, história da arte, ocultismo e ritualística no país”, eu mesmo que estudo fenomenologia da religião e que estou produzindo um projeto de mestrado em religião comparada na UFRJ posso afirmar que nenhum pesquisador minimamente sério sabe da existência do del debbio ou que aprovaria a forma e conteúdo de seus textos.
    O livro seria muito legal se não tentasse parecer tão embasado sendo tão amador. Se fosse um dicionário de mitologia despretensioso, que admitisse não se aprofundar nos temas tratados e generalizar diversos conceitos, ele efetivamente seria um livro legal para leigos. Recomendo aos interessados sobre o assunto que leiam os tomos de Mírcea elíade sobre a história das religiões, ainda que genéricos em demasia também, eles tratam o tema de forma muito mais série e coesa. Se existe uma coisa que praticamente qualquer um que queira se aprofundar nesse assunto ou em humanidades em geral, deve saber é que todo manual é ruim, alguns são piores que os outros, mas nenhum é realmente bom. Os interessados em estudar mitologia fariam melhor uso de seu dinheiro ao usa-lo para adquirir livros que tratem mais da teoria em si do que das histórias (para essas leia livros específicos ou os originais, eles serão uma fonte melhor para seus respectivos temas) , busquem por autores como Mírcea Elíade, J. Campbell, Marcel Detienne, George Dumézil entre outros….

  2. · 2 de outubro de 2008 at 21:20

    Achei extremamente leviana e superficial a opinião do colega Velloso a respeito do livro. Tive oportunidade de comprá-lo durante a Bienal do Livro e a Enciclopédia é exatamente o que o Fabrício descreveu em sua resenha. Muito bem escrita, coloca de maneira clara, simples e com bastante eloqüência os mitos, fazendo entre eles comparações de maneira didática e acessível a qualquer um.
    Muito infeliz também a colocação ” ilustram claramente a posição um tanto esquisotérica que o mesmo possui diante do tema”. Parece uma agressão totalmente pessoal e, vindo de alguém que tem um “projeto” de mestrado e faz comentários em listas de RPG, acaba dando a impressão de ser apenas inveja acadêmica.

  3. Eu não entendi a relação da “listas de rpg”.
    Olha e para se ter inveja acadêmica é preciso estar na academia, coisa que esse livro não está. Na verdade seria bastante interessante tentar levar isso para algum autor que trabalhe com o tema no Brasil, acho difícil que ele seja aprovado por qualquer um deles, pelo menos no sentido academico da coisa. Vou me repetir mais uma vez:
    “O livro seria muito legal se não tentasse parecer tão embasado sendo tão amador. Se fosse um dicionário de mitologia despretensioso, que admitisse não se aprofundar nos temas tratados e generalizar diversos conceitos, ele efetivamente seria um livro legal para leigos”
    O livro não é ruim, mas se a proposta que ele assume é de ser uma enciclopédia de mitologia série (que poderia ser usada como bibliografia para um curso de faculdade), ele tentou dar uma passo maior do que as pernas nesse sentido. O que realmente incomoda foi a forma que trataram o autor como um dos mais sérios…. Veja bem, eu gosto de alguns livros de RPG do del debbio, mas te prometo que ninguém que trabalha na area de religião/mitologia (e não é nerd rpgista como eu) nesse país sabe quem é ele.

  4. Por sinal, não existe nada mais bobo do que o comentário “ser apenas inveja acadêmica”. Parece que se você não gosta ou desaprova uma coisa é por que você sente inveja. Que viagem.

  5. · 3 de outubro de 2008 at 10:22

    Desculpe, Felipe, mas a Raquel está certa. Você fez uma crítica gratuita sem nem ao menos ter visto o livro. E ainda errou. Primeiro porque a obra é acadêmica SIM, e os orientadores do Del Debbio foram o prof. dr. Luiz Américo de Souza Munari, prof. dr. Giorgio Giorgi Júnior e prof. dr. Francisco Inácio Scaramelli Homem de Mello, todos os três livres docentes da FAU-USP.
    Também achei a colocação “esquisotérico” foi extremamente infeliz e pejorativa. O Del Debbio estuda religiões comparadas e ritualística comparada dentro da maçonaria e da rosacruz ha mais de seis anos e é considerado um dos maiores entendidos no assunto, justamente porque ele consegue trazer estes estudos para comparação tanto no âmbito religioso como imagético/semiótico (a mistura do conhecimento acadêmico com os estudos dentro das ordens iniciáticas sérias como o Martinismo e a Kabbalah), tendo palestrado em diversas ocasiões pela Grande Secretaria de Cultura Maçônica tanto no Oriente de São Paulo quanto em outros estados (e para ser chamado para palestrar pela GSCM o cara tem de ser realmente bom). Os estudos que ele faz sobre Astrologia e Tarot estão sendo realizados em conjunto com o pessoal do Ceticismo Aberto (coordenado pelo colega do site Sedentário e Hiperativo Kntaro Mori) que é o mais importante grupo “cético” aqui no Brasil, ou seja, todo o trabalho do cara é extremamente sério e você sem nem conhecer vem esculachar.
    Antes de fazer a resenha tive oportunidade de perguntar a ele o porquê dele ter escolhido a abordagem mais coloquial em uma enciclopédia e a resposta foi “porque senão ela vai ficar nas prateleiras do lado das outras enciclopédias juntando pó e ninguém vai ler. O conhecimento deve ser passado para as pessoas de acordo com o grau de entendimento delas, e a Enciclopédia de Mitologia foi escrita para levar um conhecimento que até então estava restrito a livros em inglês e outras línguas para pessoas que estavam dentro do ambiente das universidades. Poderia ter escrito em linguagem técnica, mas já existem centenas de livros em outras línguas em linguagem técnica. a Enciclopédia foi escrita para que as pessoas possam lê-la como leitura de cabeceira ou que possam usá-la para contar histórias para colocar seus filhos pequenos na cama”.
    Braços,
    Fabrício.’.

  6. Vamos lá:
    Em primeiro lugar tenho que deixar claro que não li o livro, mas tenho exata noção do que se trata, eu adorava essas enciclopédias quando era pequena, ainda tenho uma porção em casa. Si, elas são divertidinhas e ótimas para crianças, mas estão LONGE de ser um texto acadêmico.
    Se o autor se auto-proclamou como “considerado um dos mais sérios e conceituados pesquisadores de mitologia, história da arte, ocultismo e ritualística no país” aí devo dizer que ele foi longe demais, qualquer acadêmico tem a obrigação de defender sua área. Obrigação não é um tema forte demais porque simplesmente isso NÃO é história NEM estudo da religião, é simplesmente um apanhadinho de verbetes. Legal. Divertido. Bonito. Mas não tem nenhum embasamento acadêmico inclusive, como o Felipe falou, nem é reconhecido como tal.
    Ma também não acho que isso seja importante. Em geral, quem compra esse tipo de livro não se interessa pelos estudos acadêmico, que são textos mais maçantes, prolongados e específicos (por favor, não estou tentando depreciar quem compra o livro, não me entendam mal). Há, inclusive, outros livros “””do estilo””” (com muitas aspas) que são reconhecidos pela academia como suporte, como é o caso do Dicionário Mítico-Etimológico do Junito Brandão, que trata apenas de religião grega (apesar de também ter 600 páginas), é sucinto nos resumos (resumo + estudo etimológico) e não têm figuras. Pela sua estrutura, porém, vê-se que ele não foi voltado para o grande público. Os objetivos dos livros são diverentes.
    Sendo uma pessoa que tem interesse em mitologia, parece ser um livro interessante e divertidinho de se ter em casa. Mas devo dar uma dica para aqueles que têm esse interesse no caso da mitologia grega: leiam as peças de teatro. É uma leitura super-leve, super-interessante e não é tão maçante (pelo menos eu acho) quanto ler vários verbetes um atrás do outro, até porque você acaba sempre esquecendo qual foi o deus que você leu antes.

  7. Citando:
    “O livro seria muito legal se não tentasse parecer tão embasado sendo tão amador. Se fosse um dicionário de mitologia despretensioso, que admitisse não se aprofundar nos temas tratados e generalizar diversos conceitos, ele efetivamente seria um livro legal para leigos”

    Então basta desconsiderá-lo dessa forma para ter uma boa leitura? Sem sarcasmo, perguntando como leigo mesmo.
    Citando:
    “O livro não é ruim, mas se a proposta que ele assume é de ser uma enciclopédia de mitologia série (que poderia ser usada como bibliografia para um curso de faculdade), ele tentou dar uma passo maior do que as pernas nesse sentido.”
    Acho que a expressão acima é “enciclopédia de mitologia séria”. Bem, acredito que o motivo é um produto despretensioso, de leitura leve.
    Citando:
    ” Se o autor se auto-proclamou como “considerado um dos mais sérios e conceituados pesquisadores de mitologia, história da arte, ocultismo e ritualística no país” “
    Acho que algumas pessoas colocam assim, não ele. Mas não tenho certeza.
    Gilson

  8. Lembro-me da época de lançamento de Vampiros Mitológicos, quando o marketing em cima do mesmo era o de ser um RPG sobre vampiros baseado em mitos reais, sendo que ao folhear as suas páginas eu me deparava com afirmações como a de que a deusa hindu Kali seria uma espécie de vampira matriarcal daquela religião – quando qualquer pessoa que estude um pouco de hinduísmo sabe apesar da sua aparência, Kali é uma deusa/personificação de materna que se mostra feroz para proteger seus filhos, sem qualquer ligação com vampiros ou o que quer que seja.
    Lembro também de Trevas onde os Mórmons eram vistas como pessoas que após a sua morte almejavam passar a eternidade em uma animação suspensa aguardando um Deus que nunca chegaria, e em Spiritum com suas afirmações pouco tendenciosas para com as religiões afro.
    Fabrício Botelho afirmou que Marcelo Del Debbio teve ajuda de dois professores, Giorgio Giorgi Júnior e Francisco Inácio Scaramelli, por que então não há nenhum referência com o nome dos três no google? No mais, procurando pelo nome de cada um indenpendente, encontramos que Del Debbio não possui qualquer pós gradução stricto sensu. Giorgio Giorgi é doutor, mas em Sistemas Ambientais. Francisco Scaramelli também é doutor, porém em Urbanismo. Agora me digam, qual o embasamento acadêmico deles para escrever algo sobre mitologia? Se Del Debbio gostaria de um respaldo cientifico, não seria melhor ter procurador por doutores em História, que são os mais aptos a tratar dessa área?
    Me junto aos colegas que também afirmo: tal obra é muito boa, desde que compreendia como sendo uma obra ficcional. Não existe qualquer mérito acadêmico e / ou científico na obra de Del Debbio, e levando em consideração seus trabalhos anteriores, é muito provável que existam nesse livro diversas informações deturpadas, levianas e preconceituosas.

  9. Eu simplesmente parei de responder a esse tópico, quando o comentário de fabrício botelho reafirmou todas as minhas críticas. O primeiro nome que ele citou, por exemplo, é um professor de arquitetura com especialização em história da tecelagem (wtf?).
    Claramente a coisa não foi feita com um intuito acadêmico…

  10. Rapaz, como não vi o pau que o Felipe Velloso deu nos comentários na resenha “bunitinha” do livro del debbio http://tinyurl.com/6d2rfx

  11. Botelho é amigo do DD e costuma escrever resenhas exageradamente elogiosas sobre qualquer produto da Daemon. Não perca seu tempo discutindo com ele Felipe.
    E sim, infelizmente o conhecimento de Mitologia de Marcelo Del Debbio se resume a livros de exoterismo, bobagens conspiratórias e Wikipedia. Ele obviamente nunca leu nem a versão resumida do Ramo de Ouro, que dirá alguma coisa do Dumezil.

  12. Caras o Marcelo Del Debbio é um dos maiores fanfarrões. Ele faz des-serviço ao mundo quando lança seu livros. Abaixo ao língua de cópia e seu conhecimento de wikipédia.

  13. Meu intuito não era atacar o trabalho do MDD bruno, e não acredito que ela faça um “des-serviço ao mundo”, já li coisas boas dele, mas minha crítica, como profissional da religião comparada, repousa na forma como seu trabalho (especificamente esta enciclópedia) foi apresentado.

  14. Mas a Daemon faz esse tipo de propaganda como todos os produtos dela. É sempre vejam que sistema revolucionário! Nunca foram publicadas tantas aventuras em um só livro!
    Cara é uma coisa de abaixar a cabeça e sentir vergonha deles existirem.

  15. E novamente aparece um retardado para boquetear uma merdinha feita pelo Del Debbio.

    • Olha não acho uma merdinha não, acho que é apresentado de forma errada. É um dicionário para totais leigos escrito de forma não acadêmica e simples… Só que é apresentado como a última coca-cola do deserto.

  16. O gozo intelectual,
    é como a lama putrefada, que ao lavar,
    ainda resta o cheiro.
    quem é a verdade!!!
    o que é a verdade.