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Resenha de Beastars Vol. 2, de Paru Itagaki

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Anteriormente…

Louis, o cervo-vermelho e líder dos atores do clube de teatro tem uma grande ambição. Deseja encenar de forma gloriosa a coexistência e prosperidade de herbívoros e carnívoros na próxima apresentação do festival. E assim conquistar a posição de “Beastar”. Enquanto isso, Legoshi estava odiando a si mesmo por ter manifestado seu instinto de predador na noite em que conheceu a coelhinha Haru… Eles se encontram novamente no terraço da escola!! Isso vai levá-lo a uma situação inesperada…!!

Como já vimos no artigo onde apresentamos o mangá Beastars de Paru Itagaki, temos uma narrativa que traz uma sociedade de personagens antropomórficos, bem no estilo do Zootopia, mas com a diferença que os arquétipos de desenvolvimento dos personagens são mais adultos e moldados a uma realidade mais próxima da nossa.

O mangá estreou e surpreendeu com seu argumento. Quando o anime estreou na Netflix, como a história ficou mais conhecida, a procura do mangá aumentou, mas afinal, vale mesmo isso tudo?

Análise

O volume 2 demonstra seu potencial logo em seu início. Com uma cena tensa e envolvente, envolvendo o lobo Legoshi e a coelha Haru.

Há algumas mudanças interessantes na história, ao longo das próximas páginas. Com novos temas introduzidos, como o autoconhecimento do protagonista; o despertar sexual; as relações amorosas; ou o primeiro contato com as drogas. Mas a maior parte da narrativa envolve o drama nos bastidores do Clube de Teatro, com foco em Legoshi, no cervo Louis e no tigre Bill, um personagem emergente neste volume.

A mangaká Paru Itagaki, em duas aparições

Você é diferente, Haru para Legoshi

Paru Itagaki tem a intenção de investigar a vida interior de seus personagens – as emoções e, especialmente, seus desejos, necessidades e talvez desejos secretos. A mangaka não tem medo de enfrentar o interior de cada um deles, especialmente considerando que há muita coisa acontecendo em Legoshi. E aqui o potencial é ampliado, mais que no primeiro volume, que serviu muito bem para introduzir e apresentar a história.

A autora desenvolve cenas que aprofunda a dinâmica, em especial com Legoshi e Louis; que não obedecem o que o sistema social aguarda deles. O fato de que um carnívoro e um herbívoro tentam sair do status quo de suas respectivas espécies não é algo novo, mas os personagens são bem escritos e carregam a narrativa nas costas.

Tudo isso em meio ao drama escolar, com a intenção de mergulhar na vida interior de seus personagens – as emoções e especialmente seus desejos, necessidades e talvez luxúrias secretas. Itagaki não tem medo de lidar com os interiores de vários personagens, especialmente considerando que há tanta coisa acontecendo internamente.

Seu trabalho no cenário, no caso, o colégio, detalha situações que vão de uma simples aula, do acordar no dormitório ao contexto amplo do Habitat, com uma delicadeza e clareza bem executadas

A arte é um caso a parte, minuciosa Itagaki traça seus desenhos traços moldando de acordo com o que está sendo narrado. Sua arte objetiva a narrativa, se tornando mais firme que no primeiro volume, com enquadramentos, balões e cenários que se encaixam na situação, parece que a autora se solta nesse segundo volume.

Se a cena for engraçada, segue um estilo mais cartunesco, se a cena for tensa, mais detalhes, se for mais uma cena ampla, panorâmica, temos um traço mais fluido. Outro aspecto é a capacidade de Itagaki de fazer um lobo de um metro e oitenta parecer o ser mais inocente e um altivo cervo mais perturbador.

A conclusão da peça que o grupo de teatro apresentando é impressionante. É algo de tirar o fôlego. Itagaki consegue nos conduzir de maneira muito peculiar para os bastidores daquele grupo. Legoshi abre mais uma escolha complicada, dentro do desenvolvimento de sua psiquê, levando a narrativa para uma série de situações que aumentam o interesse pela série.

Beastars Volume 2 é bem melhor que a introdução do primeiro volume,  os personagens complexos e a interação entre sua sociedade e suas motivações pessoais são as partes mais interessantes, assim como a atenção para a construção do mundo e o drama.

Vale seguir com a série, aguardando o terceiro volume.

Nota: Excelente (3.5 de 5 estrelas)

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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