Hoje (dia 15 de agosto) o evento musical mais importante da História completa 50 anos. Engana-se quem pensa que o Festival de Woodstock foi organizado com um planejamento exemplar. A programação foi realizada entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969 numa fazenda de gado leiteiro de 600 acres de Max Yasgur, próximo à região de White Lake, na cidade de Bethel, no estado de Nova York (EUA).
À frente do negócio estavam Michael Lang e Artie Kornfeld junto com John P. Roberts e Joel Rosenman, que entraram com o capital. O que começou com uma ideia de criar um estúdio de gravação em Woodstock se transformou em festival de música ao ar livre. Os ingressos passaram a ser vendidos em lojas de disco e na área metropolitana de Nova York, ou via correio através de uma caixa postal. Custavam 18 dólares – o que daria uns (ainda baratos) 75 dólares em valores atuais – ou 24 dólares se adquiridos no dia. Como foram vendidos aproximadamente 186.000 ingressos antecipadamente, os organizadores estimaram um público de aproximadamente 200.000 pessoas.
No entanto, mais de meio milhão de pessoas compareceram, uma vez que as cercas foram derrubadas e o festival acabou sendo gratuito para muitos. E poderia ser pior, porque várias pessoas não conseguiram chegar, devido aos imensos engarrafamentos, bloqueando a Via Expressa do Estado de Nova York. Ocorre que não havia estrutura para tanta gente. Não havia como garantir saneamento básico ou primeiros-socorros para aquela multidão. Daí as condições de higiene eram precárias e ainda havia o problema do mau tempo, tornando a região uma área de calamidade pública.
Há quem diga que foi esse amadorismo que tornou o festival tão marcante, já que se coadunava com o espírito de liberdade da contracultura daquele final de anos 1960. O Woodstock foi também uma resposta contundente à Guerra do Vietnã em curso e aos paradigmas de então. Era o pontapé nos umbrais da era de Aquário. Woodstock nem foi o primeiro festival nesse moldes. Em 1967 houve o Monterey Pop Festival, em 1968 na Inglaterra, o festival na Ilha de Wight, ambos precursores e grandes influências do Woodstock, tanto que várias atrações já tinham tocado em um desses festivais. Mas o evento se tornou o mais emblemático, justamente por ser o mais midiático. E isso se deu graças ao documentário “Woodstock – 3 Dias de Paz, Amor e Música”, de 1970, dirigido por Michael Wadley, que revelou para quem não esteve no meio do lamaçal a das melhor síntese do que aconteceu no local que se tornou santuário da era hippie. O filme faturou o Oscar em 1971 de Melhor Documentário e concorreu a Melhor Som e Melhor Edição.
Esse é um bom momento para revermos alguns dos momentos mágicos do Festival. Abaixo o line up completo dos três dias e as performances mais icônicas.
Sexta-feira, 15 de agosto
Richie Havens.
Swami Satchidananda – pronunciou a fala/invocação de abertura do festival.
Sweetwater
Bert Sommer
Tim Hardin
Ravi Shankar
Melanie – tocou numa ordem não programada depois que a Incredible String Band se recusou a tocar durante a tempestade.
Arlo Guthrie
Joan Baez
Sábado, 16 de agosto
Quill
Country Joe McDonald
Santana
John Sebastian
Keef Hartley Band
The Incredible String Band
Canned Heat
Mountain
Grateful Dead
Creedence Clearwater Revival
Janis Joplin com a The Kozmic Blues Band
Sly & the Family Stone
The Who
Jefferson Airplane
Domingo, 17 de agosto
Joe Cocker e The Grease Band
Country Joe and the Fish
Ten Years After
The Band
Johnny Winter e Edgar Winter
Blood, Sweat & Tears
Crosby, Stills, Nash & Young
Paul Butterfield Blues Band
Sha-Na-Na
Jimi Hendrix / Gypsy Sun & Rainbows – Devido aos atrasos provocados pela chuva e o mau tempo, Hendrix só subiu ao palco na segunda-faira de manhã.
Santana
Como lembrar de Woodstock sem vir à memória a arrasadora performance do guitarrista mexicano em ‘Soul Sacrifice’?
https://www.youtube.com/watch?v=AqZceAQSJvc
The Who
A banda inglesa estava no line up do sábado, dia 16, e subiu no palco já às quatro da manhã do dia 17. Executou 25 músicas, incluindo a então recém-lançada ópera rock “Tommy”.
Janis Joplin
Fez um show arrasador com a The Kozmic Blues Band. A cantora já chamava atenção no meio musical, mas sem dúvida sua fama se consolidou no festival.
https://www.youtube.com/watch?v=h66qXAK-q3o
Joe Cocker
Um dos momentos mais emblemáticos do festival foi essa intensa (para se dizer o mínimo) performance de Joe Cocker que reinventou a canção dos Beatles ‘With a Little Help From My Friends’. Após a apresentação uma tempestade interrompeu o festival por horas.
https://www.youtube.com/watch?v=3s-dSoDptVc
Jefferson Airplane
Uma autêntica banda da costa oeste, em perfeita sintonia com o espírito do festival.
Richie Ravens
O artista foi remanejado para a apresentação de abertura depois que Sweetwater foi parado pela polícia a caminho do festival e outros artistas também se atrasaram na estrada.
Ten Years After
Reza a lenda que Jimi Hendrix estava assistindo ao show e ficou com “invejinha” de como Alvin Lee tocava guitarra. Será?
https://www.youtube.com/watch?v=bW5M5xljdCI
Sly & the Family Stone
Com um show impecável, a banda esbanjou ritmo com seu funk poderoso conquistando muitos fãs na plateia e também colegas que passaram pelo palco.
https://www.youtube.com/watch?v=3fZBaPS_XvQ
Joan Baez
A gravidez de seis meses e o fato de seu marido ter sido preso por ativismo conferiram à performance de Joan ainda mais peso e relevância.
Jimi Hendrix
Creio que não há mais o que se dizer sobre a imortal apresentação de Jimi Hendrix em Woodstock. Mas a interpretação do hino dos Estados Unidos na guitarra soando ora como metralhadora ora como um bombardeio, o protesto à Guerra do Vietnã mais contundente da música, foi indubitavelmente fundamental para colocar o músico no posto de melhor guitarrista da História. Devido aos atrasos provocados pela chuva no domingo, Hendrix subiu ao palco somente às 8h30 da manhã de segunda-feira. O público, que chegara a ser de 400.000 pessoas durante o festival, agora somava apenas 30.000. Quem ficou presenciou uma performance histórica.
https://www.youtube.com/watch?v=MwIymq0iTsw
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