“Abbey Road” dos Beatles está completando hoje (quinta-feira 26 de setembro) meio século. Com a icônica capa, hits indeléveis como ‘Something’ e ‘Come Together’, o trabalho pode não ser tão laureado pela crítica quanto “Sgt Pepper’s”, mas é o mais querido de muitos fãs do Fab Four. Afinal, é o álbum de inéditas mais vendido da banda. Foi o penúltimo a ser lançado, mas foi o último a ser gravado, depois das turbulentas sessões do “Álbum Branco” e “Let It Be”. Para celebrar os 50 anos de uma das obras mais importantes do século XX, reunimos aqui dez curiosidades sobre o disco.
A capa icônica se deu por preguiça…
O título pensado a princípio era “Everest”, uma piada interna com a marca de cigarros fumados pelo engenheiro Geoff Emerick. A ideia para a capa era tirar uma foto dos quatro em frente ao monte Everest, mas nenhum deles queria fazer a longa jornada. Em vez disso, Paul McCartney sugeriu o nome da rua em que o EMI Studios estava localizado. Já a foto de capa seria tirada ali na frente, bastava atravessar a rua, o que levaria cerca de 30 minutos no total. A foto usada foi a dos quatro no momento em que pisavam na faixa de pedestres, e o resto é História. Inclusive, é a única capa em que não se vê o nome da banda ou do álbum.
O turista acidental
O homem que aparece em pé na calçada na capa é um turista americano chamado Paul Cole, que foi fotografado acidentalmente na capa da Abbey Road e não fazia ideia do que estava acontecendo ali, até meses depois – admitindo que nunca tinha ouvido o álbum.
Todo mundo concordou que ‘Something’ é amelhor música do álbum
Um dos motivos que levaram George Harrison a sair dos Beatles era que a maioria de suas composições ficavam de fora na hora em que decidiam o que ia entrar nos discos. Tanto que quando a banda acabou ele reuniu todo o material vetado por John Lennon e Paul McCartney e fez “All Things Must Pass”, considerado por muitos o melhor disco de um ex-Beatle. E não foi só dentro da banda que houve essa impressão. Outros artistas, como Frank Sinatra, que fez duas versões dela, compartilham da opinião. Muitos pensaram que se tratava de uma composição de Lennon e McCartney. No entanto, ‘Something’ é a única música de George que entrou em um lado A.
E todo mundo odiava ‘Maxwell Silver Hammer’
Menos Paul McCartney. George Harrison a considerou embaraçosa, Ringo Starr foi ainda mais radical, classificando-a como a pior música que já tiveram de gravar. Já Paul defendeu a canção dizendo ser “apenas uma história boba” que “resume as quedas da vida. Quando tudo está indo bem – bang! bang! – desce o martelo de prata de Maxwell e estraga tudo”.
Paul McCartney levou dez dias para gravar Oh! Darling
Paul levou de 17 a 23 de junho de 1969 para gravar os vocais de ‘Oh! Darling’. Ele chegava 30 minutos antes de começarem as sessões. O motivo? A rouquidão matinal daria à sua voz a qualidade áspera que procurava. “Eu queria que soasse como se estivesse tocando no palco a semana toda”, disse ele.
George Martin teve de ser convencido a produzir o álbum
Depois das turbulentas gravações do “Álbum Branco” e das faixas que viriam a integrar “Let it Be”, George Martin não queria trabalhar com os Beatles. Depois que Paul McCartney implorou para que ele os produzisse novamente, Martin finalmente concordou, mas apenas com a condição de que estivesse em total controle no estúdio, como nos velhos tempos. Mais tarde, o lendário produtor descreveria “Abbey Road” como um “disco feliz … porque todo mundo pensava que seria o último”.
John Lennon plagiou Chuck Berry?
‘Come Together’, a música de abertura do álbum, acabou causando dor de cabeça a John Lennon, que a compôs. Foi objeto de um processo de Chuck Berry por seu início supostamente ser plágio da música ‘You Can’t Catch Me’. Um acordo feito fora do tribunal, forçou Lennon a gravar três músicas de propriedade do editor Morris Levy. Essas faixas entraram no álbum de covers de 1975, “Rock’ n ‘Roll”.
Faixa acidental
Com apenas 23 segundos, a faixa mais curta já gravada pelos Beatles, ‘Her Majesty’ não era para fechar o álbum. A música seria um interlúdio ‘Mean Mr. Mustard’ e ‘Polythene Pam’, mas Paul McCartney não gostou do resultado e pediu para tirar. Só que o segundo engenheiro de som, John Kurlander, foi instruído a não jogar nenhum material fora. Então ele colocou a faixa no final, avisando que não deveria ser incluída na edição. No entanto, o segundo engenheiro, Malcolm Davies, recebeu a mesma instrução de não eliminar nenhuma gravação e deixou a música no final do álbum. No fim, os Beatles gostaram de como soou e deixaram.
Fã invasora
‘She Came Through the Bathroom Window’ foi inspirada em uma fã que invadiu a casa de Paul McCartney subindo por uma janela.
Profundidade sonora
Abbey Road foi o único álbum dos Beatles que não foi lançado em mono, apenas em estéreo. Também foi o único gravado em 8 canais, permitindo que os arranjos e instrumentos fossem mais explorados. Também foi a única vez em que o quarteto de Liverpool usou sintetizador moog, que dá o efeito particular em ‘Because’.
Fracasso de crítica?
O mais vendido e um dos mais amados discos dos Beatles recebeu uma dura crítica de um jornalista da Rolling Stone na época, que escreveu: “Certamente eles devem ter talento e inteligência suficientes para fazer melhor do que isso. Ou têm?”
Em 2003, a mesma revista colocou Abbey Road na 14ª posição na lista dos “500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos”. Nada como o tempo…
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