Cantor, compositor e ator mineiro vivendo no Rio de Janeiro, Anderson Primo soma suas múltiplas vivências na arte e na música ao longo de quase duas décadas e lança seu EP de estreia, “Ocê, Oceano”. O título vem de uma brincadeira com os múltiplos sentidos. “Ocê” traz a candura do povo mineiro em seus vocativos carinhosos, ao mesmo tempo que remete à grandeza do oceano, um mergulho na identidade do próprio artista.
O projeto nasceu da ideia de montar um show autoral a partir de composições que Primo mantinha guardadas em gavetas físicas e digitais. Da necessidade de dar vida a esse repertório surgiu um espetáculo que rodou palcos cariocas por cerca de dois anos, onde ele refletiu suas próprias raízes.
“O EP é uma ligação de Minas com Rio, mas nadando em águas mais profundas, é a relação de você com você mesmo, o oceano dentro de você a ser explorado, descoberto, o encontro de você com seus medos, defeitos, luzes e sombras. É a sua imagem refletida numa poça d’água. Ocê, Oceano é o olhar profundo no íntimo, no interior do interior daquele ser que hoje é e amanhã não é mais”, resume Anderson.
O multi artista cursou canto popular na Fundação Clóvis Salgado (Palácio das Artes), em Belo Horizonte (MG), é bacharel em Teatro pela Universidade da Cidade (UniverCidade) e licenciado pela Estácio de Sá. De intérprete, o artista se redescobre enquanto compositor e dono de suas próprias narrativas. E da experiência dando vida a canções de outrem, em projetos que mesclavam influências de bossa ao rock, do samba à MPB, ficou a habilidade e a versatilidade.
“Chegou uma hora em que ser intérprete já não me bastava, eu queria ser intérprete de mim mesmo, cantar minhas delícias, minhas mazelas, sob o prisma com que vejo o cotidiano. Queria contar o que eu acredito, o que eu não acredito, o que a mídia e as redes sociais querem me fazer acreditar. Queria contar de onde eu vim, o que vivi… Foi aí que decidi cantar minhas músicas, numa transição mezzo prazer – mezzo angústia, porque é difícil se intitular compositor”, reflete.
A sonoridade é uma mistura cosmopolita interiorana. Caminha pelo eletrônico, como na faixa-título, passando por um bolero (“Profano”), um pop alternativo (“Jackson São Tomé”), uma balada (“Aerofobia”) e terminando em festa, com um carimbó (“Samba de Preta”).
O EP chega aos serviços de streaming com produção musical do multi-instrumentista mineiro Gleison Túlio, que já produziu trilhas sonoras para novelas da Rede Globo e trabalhou com artistas como Pato Fu, Emmerson Nogueira, Tianastácia, Blitz, Wilson Sideral, 14 Bis, Marcelo D2, Barão Vermelho e Lobão. “Ocê, Oceano” conta também com as participações especiais de Cleber Lúcio (trompete), Clayton Melquíades (trombone) e Claudiomarcus Serafim (trompetes). O trabalho está disponível em todos os serviços de streaming de música.
Ficha Técnica:
Letra e música – Anderson Primo
Todos os instrumentos (exceto os citados abaixo), Produção Musical, Arranjos, Mixagem e Masterização – Gleison Túlio (Tramp Stúdio – MG).
Cleber Lúcio da Cunha – Trompete em Jackson São Tomé
Clayton Melquíades da Silva – Trombone em Jackson São Tomé
Claudiomarcus Serafim Floriano – Trompetes em Profano
Thiago Diniz Figueiredo, Gleison Tulio e Anderson Primo – Palmas em Ocê, Oceano.
Renato Gremião – Figurino
Rafael Haranaka – Foto da Capa EP
Maria Angélica Alonso – Assistente de fotografia
Márcio de Andrade – Design gráfico
Faixa-a-Faixa:
1 – OCÊ, OCEANO: É um canto-oração sobre os diversos pontos de vista e sobre o campo de energia em que vivemos, onde aquilo que você busca na vida, também está te buscando. O peixe que você pesca, espera ser fisgado por você! Usamos palmas, um som monocórdio que quase hipnotiza. Hipnose de predador! Inserimos também pífanos, que remetem ao congado mineiro e aos tambores de Minas. A canção namora com o eletrônico e transa o regional com o contemporâneo. Ocê é um Oceano a ser explorado. Ocê é!
2 – PROFANO: É um bolero-libertação contemporâneo, com uma letra de amor e ódio. Fala de poliamor e de algumas hipocrisias e amarras sociais que nos sufocam. Fala de vontade e de volúpia. Tem um solo de trompete e uma guitarra marcante que a assemelham a uma trilha sonora de Tarantino. Poderia ser Pulp Fiction ou Kill Bill. Profano é a força de um amor não submisso.
3 – JACKSON SÃO TOMÉ: São Tomé, marcado no imaginário popular como aquele que precisa ‘ver pra crer’, é o norte dessa canção. Nela, o eu lírico discorre sobre crer nas coisas intangíveis e descrer das palpáveis. Acredita na suposta morte de Paul McCartney em 1966, duvida da beleza plástica e da benevolência de Charlize Theron e do óbito de Michael Jackson, que, para o autor, está dançando “Billie Jean” nas Bahamas, enquanto o mundo ainda chora o seu luto. ‘Jackson São Tomé’ é uma crítica à hiperconectividade e ao conceito de beleza, onde todas as nossas imperfeições são mascaradas com filtros no Instagram, deixando a vida e o feed perfeitos, porém inverossímeis. A canção intui que você creia em si mesmo e que duvide do restante, inclusive do autor.
4 – AEROFOBIA: Aerofobia é o medo de voar. Esta balada fala de um relacionamento e de sua separação causada pelo avião, que separa as pessoas e as coloca em distâncias longínquas.
5 – SAMBA DE PRETA: Fala da mulher, do sagrado feminino que por onde passa, tudo transforma. Não dá pra escutar e ficar parado. A música possui refrão chiclete e o arranjo abusa das cordas e de percussões, trazendo um clima tropical e de muita brasilidade.
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