Anelis Assumpção sabe bem que o (a)fluente do Rio-São Paulo é a maré. Por isso se diz que a maré está para o peixe. E que o peixe morre pela boca. E que a boca pode ter uma excelente potência poética vocal que não morrerá. E que o vocal é parte da frente de uma banda. E que uma banda pode ter na sua composição muitos amigos nem tão reais, mas sim imaginários, todos ilusórios e com(postos) de um dose extra de loucura deveras criativa. Da auto referente música que abre o CD da artista “Cê tá com tempo” numa linda pegada blues meio destonada como um bom blue jeans ela diz de entrada – “Oi tudo bem faz tempo que eu não te vejo dando sopa por aí”. Você deve estar se perguntando o que estou fazendo aqui? … Eu tô aqui para jogar conversa dentro”.
Em outra composição uma balada chamada “Por quê”? Ela contorna a espera, esta senhora moderna que passeia por ambientes onde o desejo é o moço a abrir portas quase como um porteiro; e a espera, a senhora a entrar… – numa balada tosada de belas acepções de dedilhados de guitarra. Em “Devaneios”, com um introdução em Rap, ela numa célula rítmica quebrada que lembra muito o que a Eryka Badu fazia em seus trabalhos, e um letra quase falada contando das peripécias da imaginação devaneada. “Song to Rosa”, talvez a mais melódica e transubstanciada em (frenesi) numa mistura de Reggae com Blues.
Anelis brinca com o mercado na faixa “Declaração”; onde o tom da letra dúbia e com duplo sentido na senda tanto do mercado de demanda por talentos como o dela quanto da demanda afetiva que o artista a todo instante tem que provar na sua postura e costura artística, por que de malha fina o Leão já apanhou muitos! mas e a renda poética? Aquele feita de fios que são as palavras, a poética alinhavada numa tapeçaria que muitas vezes não é (rei)significada pelo mercado.
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