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Arcade Fire confirma sua grandeza com show impecável no Rio

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O Arcade Fire voltou para sua terceira visita ao Brasil, para a alegria dos indies do nosso país. A banda canadense ostenta o status de maior nome da cena alternativa atual. E também está entre os maiores nomes da música pop em geral desse início de século. Assim sendo, a Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (08/12) foi cenário de pura celebração. O que já era esperado, sabendo-se que o AF arregimenta uma horda de fãs passionais. O clima era bem parecido com o do último show na cidade, em 2014.

A entrada da banda se deu de forma bastante inusitada. Um locutor anunciou, em português, cada um dos integrantes no estilo de lutas de boxe ou UFC. Passando pelo meio da plateia, os integrantes, um a um, iam subindo ao palco que apresentava cordas de ringue na beirada, e na parte superior dois telões unidos de forma convexa. Ali eram colocadas as imagens de cada um com especificações bem-humoradas como número de vitórias e derrotas. A música que abriu a apresentação foi a faixa-título do novo álbum, ‘Everything Now’. Logo nos primeiros acordes a massa hipster que praticamente lotava a Fundição foi ao delírio. Detalhe: eram 21h57. O show estava programado para as 22h. Quem relaxou na hora contando com atraso da banda perdeu o início. O clima de catarse continuou com a segunda música (emendada como um medley), ‘Rebellion (lies)’, clássico do (brilhante) debut “Funeral”.

A mudança de local (da Jeunesse Arena, na Barra para a Fundição, na Lapa) alterou também a estrutura de palco. A princípio eles trariam o palco que é exatamente em forma de ringue e fica no meio do público. Mas isso não diminuiu a animação e nem a interação do grupo com os fãs. Na bonitinha ‘Eletric Blue’ ouve balões azuis luminosos do público. Em ‘Afterlife’, o vocalista Win Butler desceu do palco e deu um rolê pela pista, indo até à mesa de som, e depois dando mais uma volta ate retornar ao palco. A plateia, claro, entrou em polvorosa. Outro momento foi em ‘Neon Bible’, em que ele pediu para que os celulares se acendessem. O palco, que estava completamente apagado, iluminou-se com as luzes que vinham da pista e do mezanino.

O setlist contou com 24 faixas, boa parte delas do trabalho mais recente (sete no total), como ‘Creature Comfort’, ‘Put Your Money On Me’ e ‘Peter Pan’, sendo a última apresentada pela primeira vez ao vivo. De resto foi um apanhado dos singles badalados de “Funeral”, “Neon Bible”, “The Suburbs” e “Reflektor”. As novas composições foram todas muito bem recebidas, mas a resposta mais efusiva, claro, se dava nos clássicos. O Arcade Fire também mostrou sua veia humanitária. Um dólar de cada ingresso foi enviado para crianças pobres. E também houve o momento em que Win desceu do palco para retirar uma fã que passava mal. A estatura do vocalista ajudou, já que ele é maior até do que alguns seguranças que ali estavam.

No palco, a trupe mostrou sua tradicional pândega musical. Quase todos os músicos do Arcade Fire tocam mais de um instrumento. É preciso prestar bastante atenção, pois uma hora as peças logo assumem outra função. A formação mais enxuta (antigamente o palco mal tinha espaço para tanta gente) se mostrou bastante acertado. A excelência dos músicos é insofismável. No entanto quem rouba a cena é Régine Chassagne, esposa de Win e queridinha dos fãs. Ela toca praticamente tudo. Ao longo do show se alterna entre teclado, bateria auxiliar e até um xilofone com garrafas (!!!) em ‘We Don’t Deserve Love’. Além de assumir os vocais em algumas músicas. Nas turnês anteriores costumava ser uma ou duas. Nessa são quatro: ‘Haiti’, ‘Eletric Blue’, ‘Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)’ e ‘It’s Never Over (Oh Orpheus)’.

A parte regulamentar do show terminou com uma dobradinha de faixa do novo álbum com faixa do primeirão tão eficiente quanto a que iniciou a apresentação. ‘Creature Comfort’ veio muito bem casada com ‘Neighborhood #3 (Power Out)’. No bis, Wake Up, outra de “Funeral”, fechou a festa de forma inusitada. A banda saiu do palco do jeito que entrou, pelo meio do público. E com a música sendo executada no sax e por percussionistas brasileiros convidados em clima de bloco carnavalesco. Nada mais adequado para um show na Lapa. E o Arcade Fire deixou mais uma vez a certeza de ser o maior talento do rock atual.

Set list:

1- Everything Now
2- Rebellion (Lies)
3- Here Comes the Night Time
4- Haïti
5- Peter Pan
6- No Cars Go
7- Electric Blue
8- Put Your Money on Me
9- Neon Bible
10- My Body Is a Cage
11- Neighborhood #1 (Tunnels)
12- The Suburbs
13- The Suburbs (Continued)
14- Ready to Start
15- Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)
16- It’s Never Over (Oh Orpheus)
17- Reflektor
18- Afterlife
19- We Exist
20- Creature Comfort/Neighborhood #3 (Power Out)
Bis
21- We Don’t Deserve Love
22- Everything Now (Continued)
23- Wake Up

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