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Crítica: banda Ex Hex faz rock empolgante em sua estreia

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Uma banda de rock formada por mulheres fazendo um som pesado e sujo não chega a ser exatamente uma novidade, mas ainda está longe de ser corriqueiro. Existem várias, é só circular pelos circuitos e festivais Brasil e mundo afora, mas poucas são as que chegam a fazer sucesso no mainstream como as pioneiras RunawaysL7 ou Breeders, que tinham um baterista homem no fundo, mas quem mandava ali eram elas. Infelizmente, ainda hoje as mulheres ainda não conseguiram irromper a barreira do machismo do rock, que delimita o espaço delas no público ou como groupies, enquanto brilham no palco. Por isso é um alento ouvir a banda Ex Hex, uma banda de roqueiras veteranas, que lança seu primeiro disco, Rips (Merge Records, 2014).
Formado em Washington DC, o power trio é composto pela vocalista e guitarrista Mary Timony (que também tocou no Hellium e no Wild Flags), pela baixista Betsy Wright e pela baterista Laura Harris. Timony conectado pela primeira vez com Harris, que também tocou com Benjy Ferree e no Aquarium; depois que Wright – uma ex-membro do Fire Tapes – se juntou, o trio começou a gravar no porão de Timony e fazer shows com artistas como Mac McCaughan do Superchunk. O selo pelo qual a banda gravou pertence a McCaghan, que assinou o contrato com as meninas em 2013. Na sonoridade é nítida a influência Punk (sobretudo Ramones), Power Pop dos anos 90, um uns toques de Glam que acena para Roxy Music e New York Dolls. Produzido por Mitch Easter, o disco traz ao longo das 12 faixas um som redondo, com melodias que tomam o ouvido como refém, trazendo como argamassa riffs vigorosos e urgentes.
‘Don’t Wanna Lose’ abre os trabalhos fazendo as vezes de cartão de visitas e é seguida da ramoneana ‘Beat’. A sétima faixa ‘Hot and Cold’ é adornada por um riff de guitarra irresistível na melhor tradição do power pop. São músicas que não fariam feio no CBGB’s em 1979, por exemplo. As Ex Hex soam como aquelas bandas que eram habitués do clube novaiorquino de onde saíram bandas essenciais na segunda metade dos anos 70. Mas não pense em saudosismo ou anacronismo. A intenção das meninas não é exatamente soar retrô, e sim fazer a música que elas sabem, calcada em suas influências sonoras. Inclusive, é possível, obviamente, identificar ecos das ex-bandas que cada uma integrou nos anos 90. As músicas ‘Warpaint’ e ‘Everywhere’, por exemplo, nos remetem à Wild Flag.
Com esse som e atitude tão contagiantes, é impossível não abrir um largo sorriso durante a audição do álbum. A banda tem chamado atenção nos EUA e Reino Unido, o que pode significar um merecido reconhecimento. Enquanto uma boa parcela das bandas masculinas parecem querer tocar baixinho, temos as garotas do Ex Hex para cravar o pé na porta e mostrar com quantos riffs de guitarra e viradas de bateria se faz um rock de verdade.
 

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1 Comentários

  • Muitos problemas em se falar ”banda de mulheres” e ”banda masculinas” porque é tudo banda e nesses termos se acaba criando um subgênero a partir de gênero e não de qualidade musical (estilo). Isso tão machista quanto ”banda de mulherzinha”.
    E também “ainda hoje as mulheres ainda não conseguiram irromper a barreira do machismo do rock” ??? As mulheres não tem que “conseguir” romper uma barreira que não foi construída por elas, mas por outros. A gente cria novos espaços de relações baseadas em equidade e cooperação porque não precisamos de um espaço já dado. Os machistas é que tem que irromper suas próprias barreiras e as barreiras que criam pros outros. Se der certo, ótimo, se não, fazemos nossa parte independente deles.

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