Eles vêm aí! Pixies – A discografia básica

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Dia 11 de Outubro a cultuada banda Pixies será uma das principais atrações do festival SWU, que acontecerá em Itu, interior de SP. O conjunto se apresentará com sua formação original: Black Francis (guitarra e vocais), Kim Deal (baixo e vocais), Joey Santiago (guitarra) e David Lovering (bateria). Embora tenha lançado seu último álbum de estúdio em 1991, o grupo ocasionalmente se reúne para fazer turnês e tocar em festivais.

O Pixies foi uma das bandas mais importantes e influentes do rock alternativo dos anos 80 e 90. Além dos discos comentados abaixo, lançaram várias coletâneas e caixas com gravações ao vivo, versões alternativas e demos.

Come on Pilgrim (1987)

O primeiro disco dos Pixies foi este EP, curto mas impressionante. A banda mostra um rock enérgico e estranho, com influências de punk, folk e bandas obscuras como Gun Club e Captain Beefheart.

As guitarras aparecem em primeiro plano, com os solos precisos e econômicos de Joey Santiago. As canções lembram um pouco outra banda da época, o Throwing Muses.

Os vocais de Black Francis são versáteis e poderosos. Suas letras obscuras sugerem cenas de incesto, violência e referências bíblicas. Algumas canções são cantadas em espanhol (Black Francis morou em Porto Rico). Era um início promissor.

Surfer Rosa (1988)

Bone Machine, a primeira música do disco, parece uma continuação de Come on Pilgrim, mas a bateria soa mais pesada e as guitarras mais abrasivas.

Nas canções seguintes, a atuação do produtor Steve Albini fica mais evidente. As guitarras estão muito mais barulhentas que no disco anterior, construindo uma muralha de ruído que encobre as canções melodiosas. Em Broken Face e Oh My Golly!, por exemplo, surf music e hardcore colidem furiosamente, mas o álbum também possui momentos mais calmos e acústicos.

Gigantic é a única faixa na qual a baixista Kim Deal assume os vocais principais. A música alterna momentos calmos e barulhentos, característica comum a várias canções da banda, e que seria uma influência direta na criação de Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. Curiosamente os vocais de Gigantic foram gravados no banheiro do estúdio, pois o produtor não gostava da acústica da sala de gravação.

Os vocais de Black Francis soam mais dementes que nunca: ele resmunga, grita furiosamente, produz sons estranhos e até, pasmem, canta tranquilamente em algumas músicas.

É um dos clássicos da banda, e seu disco mais brutal e caótico. Em algumas edições de Surfer Rosa em CD, Come on Pilgrim vem incluído como bônus.

Doolittle (1989)

Provavelmente o maior sucesso comercial do Pixies, produzido por Gil Norton, que substituiu o barulho do álbum anterior por um som mais limpo e sofisticado, incluindo arranjos de cordas em Monkey Gone to Heaven. A variedade de estilos das canções é maior que nos discos anteriores. Há músicas lentas e sombrias, punk rock acelerado, canções pop, folk, reggae, surf music, baladas românticas hilárias e sérias.

Debaser, a música arrebatadora que abre o álbum, deixa clara a influência do movimento artístico surrealista sobre as letras de Francis. A canção é uma homenagem ao filme Um Cão Andaluz, dirigido por Luis Buñuel e Salvador Dalí.

Here Comes Your Man é uma das criações mais pop do Pixies, tão pop que a banda não queria gravá-la, mas acabaram cedendo devido à insistência do produtor. A canção foi o segundo single do álbum, e logo se tornou um hit nas rádios universitárias norte-americanas. Doolittle é o outro clássico do Pixies, mais pop, mas ainda estranho e provocador.

Bossanova (1990)

Tentativa de repetir o sucesso do disco anterior, novamente com produção luxuosa de Gil Norton, mas o resultado ficou muito irregular.

A banda, que passava por conflitos internos, soa desanimada e repetitiva. Sobressaem-se sombrias canções surf como Ana, Havalina e principalmente Velouria, além do rock pop de Dig for Fire e Allison

Trompe le Monde (1991)

O último disco de estúdio da banda, que não conseguiu superar as desavenças internas, é quase um álbum solo de Black Francis. Voltam à cena as guitarras pesadas e canções melódicas. A novidade é o uso de sintetizadores em algumas músicas. As letras delirantes de Francis homenageiam filmes B de ficção científica e temas mitológicos. Nem tudo funciona bem no álbum, mas a divertida barulheira de Planet of Sound e a cover furiosa de Head On (do Jesus and Mary Chain) estão entre as melhores gravações da banda.

Clip de Head On, tocado ao vivo no estúdio

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=7F5TZ7z7tJs[/youtube]

Planet of Sound, ao vivo em Londres – 1991

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=PDhiUh82dOo&feature=related[/youtube]

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3 thoughts on “Eles vêm aí! Pixies – A discografia básica

  1. Bossanova e Trompe Le Monde realmente são irregulares nas primeiras audições, principalmente se você tentar comparar com os trabalhos anteriores, mas eles envelheceram muito bem e hoje os considero discos fantásticos, principalmente o Bossanova, que foi o primeiro deles que comprei. A melhor introdução à banda, porém, é o combo Surfer Rosa + Come On Pilgrim!

    • Até um disco irregular do Pixies é melhor que a maioria dos discos das bandas novas. Eles foram originais do primeiro ao último álbum, o que é difícil pra qualquer banda. Sobre o Bossanova, lembro de uma coisa engraçada: nas entrevistas que antecederam o lançamento do disco, os membros da banda diziam que seria um disco de Heavy Metal, o que deixou os fãs e críticos muito preocupados. Mas era só brincadeira do Black Francis e sua turma…

  2. Amo o Pixies com todas as forças.