Para quem é dos subúrbios cariocas e da Baixada Fluminense, a Alvorada de São Jorge e sua união de fé e festa é uma imagem marcante. Trazendo a ideia desse encontro, dessa festa, desse renascimento marcado entre o sagrado e o profano, o caxiense Felipe Vaz ressignifica o pop carioca sob um viés de pertencimento e identidade do Rio que vai no sentido oposto dos cartões postais em “Igreja São Jorge”. O clipe passeia pelas ruas de Duque de Caxias retratando amores não só entre pessoas mas por suas raízes. Ela é um dos destaques de seu conceitual e ousado álbum “Terra de Mulher Bonita”, lançado em 2022.
“O clipe e a música são uma representação de uma história de amor que eu vivi. Ela morava na rua de baixo e eu na rua de cima, nossas famílias dividiam quintal, dividiam amizade, e isso a gente só foi descobrir no primeiro encontro. ‘Igreja São Jorge’ relembra essa história onde a festa do bairro é o cenário dessa história de amor. Passando pela religiosidade e o clima de celebração e fraternidade que sim, existe nas festas populares das periferias fluminenses”, conta Felipe Vaz.
O título do disco é uma homenagem clara ao município da Baixada Fluminense, cujo apelido é justamente “Terra de Mulher Bonita”. O fato se deve a uma placa feita à mão que se localizava na Baía de Guanabara, na altura da Linha Vermelha — principal via de acesso entre a Baixada e a cidade do Rio de Janeiro – com o emblema “Duque de Caxias: Terra de Mulher Bonita”.
“A ideia central do disco é poder falar sobre meus amores, paixões, inseguranças, crenças, política e visão de mundo, tendo a cidade como objeto poético. Assim como é ‘belo’ falar sobre a Garota de Ipanema, quero mostrar como é bonito também falar sobre a Terra de Mulher Bonita”, reconhece Felipe. sobre a cidade, uma das maiores e mais importantes periferias urbanas do estado do Rio de Janeiro. “Uma das minhas intenções principais é ‘enxergar o belo naquilo que não é lido como tal, e nem reconhecido de tal forma’. Gosto de como o território pode ser explorado artisticamente, e gosto de praticar o difícil exercício que é falar sobre amor e afeto na Baixada Fluminense. A ideia é sempre apresentar um cenário que pulsa sentimento, e fazer com que todos os brasileiros de periferia e subúrbio vejam seus sentimentos representados”.
Louize Braga / Cor: Guilherme Ventura
“Terra de Mulher Bonita” – é um trabalho profundamente pessoal e, ao mesmo tempo, universal. É uma declaração de identidade e orgulho de um artista que entende, mais do que nunca, de onde vem e onde quer chegar. Essa é uma marca que ele carrega no visual do álbum e na estética que busca, valorizando a beleza da cidade além da conhecida. O trabalho pode ser conferido em todos os streamings e o clipe, no canal do YouTube do artista.
Capa do álbum
Ficha técnica
Felipe Vaz – Composição, voz e guitarra (refrão)
Buzu – Sintetizadores, teclados, percussões, bateria eletrônica, guitarras (harmonia) e guitarra solo
Gabriel Vicente – Teclados
Ivan Lima – Baixo
Produção, gravação, mixagem e masterização por Buzu. Gravado entre Janeiro e Dezembro de 2021 no Margot Studio, Jardim Gramacho, Duque de Caxias – RJ.
Letra:
De todos os anos que eu passei
Sem nunca te sentir
De tudo que nunca aconteceu
E já era existir
Eu sei que foi o Santo
Que cruzou nossos caminhos
E a festa que alvorada avisou
Finge que te leva a mim
De todos os anos que eu passei
Sem nunca te sentir
De tudo que nunca aconteceu
E já era existir
E eu já não sou mais
De onde isso passou
E nem tô no final
Das fotos que guardou
Meu amor
Já te vi antes
Deixa acreditar que é sina sim
Já te vi antes meu amor
E pra lembrar
Nós subimos a noite
E lá a sorte é quem nos diz
Já te vi antes meu amor
E eu já não sou mais
De onde isso passou
E nem tô no final
Das fotos que guardou
Meu amor
Já te vi antes
Deixa acreditar que é sina sim
Já te vi antes meu amor
E pra lembrar
(Pra lembrar do que passou)
Nós subimos a noite
E lá a sorte é quem nos diz
(Vou de novo até você)
Já te vi antes meu amor
E pra lembrar
Nós subimos a noite
E lá a sorte é quem nos diz
Já te vi antes meu amor
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