Hélio Morais lança Pisaduras

Kastrup, Toca Ogan, LUMANZIN, ÁIYÉ e LARIE são alguns nomes que colaboram com o músico português

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No dia 23 de fevereiro, o cantor, compositor, produtor musical e multi-instrumentista português Hélio Morais lança Pisaduras, seu segundo álbum solo, pelo selo A Lavoura e com distribuição da Altafonte. A obra, um indie pop com folk, revisita de forma íntima o seu truculento passado e, nesse processo, faz as pazes com ele. Com produção do próprio artista e de Benke Ferraz (Boogarins), conta com a participação de um time de músicos brasileiros e portugueses. Além de Benke, estão no disco Kastrup, Toca Ogan (Nação Zumbi), LUMANZIN (também da 131), ÁIYÉ, LARIE (anteriormente conhecide como Labaq) e Djalma Rodrigues, assim como os lusitanos Cássio Sales, Rui Carvalho, Miguel Ferrador, Rita Onofre e Edgar Valente.

“A minha relação afetiva com o Brasil começou em 2015. Fui de férias, voltei assoberbado, a sentir-me pequenino. Mas a sentir-me pequenino por me ver colocado perante tanta coisa por aprender, questionar e acolher. Política, social e musicalmente. E a cada vez que volto ao Brasil, a vontade de permanecer aumenta”, conta Hélio. “Em 2019, voltei a atravessar o Atlântico três vezes, com a banda PAUS. Primeiro para gravar o EP LXSP na RedBull Station, que nos fez conhecer o Kastrup e a Maria Beraldo, bem como estreitar laços com o Dinho (Boogarins) e o Novíssimo Edgar. Depois, em agosto, tivemos o privilégio de tocar no Bananada (Goiânia), do meu amigo Fabrício Nobre, e terminamos o ano na SIM São Paulo. Ainda em 2019, desafiei o Benke Ferraz para produzir o meu primeiro disco solo, então ainda sob o pseudônimo MURAIS. E foi assim que começou uma relação que já leva 5 anos”. 

“Esse é o segundo trabalho que eu faço com o Hélio. O primeiro, MURAIS, por ser as suas ‘primeiras composições solo’, acho que tinha uma energia que misturava mais com a das bandas no qual ele já é conhecido (Linda Martini e PAUS). A minha parte do trabalho também tinha muito a ver com a minha banda, o Boogarins. Já esse disco, Pisaduras, foi um processo muito mais orgânico, onde o nosso encontro presencial ditou bastante o rumo das gravações e das canções”, relembra Benke Ferraz, coprodutor do álbum. “O violão de náilon tem um papel central na obra e tudo que vai em volta é bem orgânico. São percussões, são vozes, tudo muito pautado em ajudar a narrar a história que o Hélio tinha pra contar e que que ficou muito bem ilustrada”.

Para esse novo trabalho, Hélio ativou a sua rede de apoio brasileira para compor as colaborações do álbum. “O Fabrício apresentou-me ao Patrick Tor4, que fez a ponte com o Toca Ogan. A ÀIYÉ (Larissa Conforto), acaba por chegar ao disco em conversa com o Benke. Já nos conhecíamos e ele sugeriu que a convidasse para uma música em particular. Durante a minha estadia, em 2021, entre São Paulo, Recife e Gravatá, achei que não faria sentido não convidar Kastrup para o disco. Já em Portugal, convidei LARIE (anteriormente conhecide como Labaq), uma vez que faz parte da formação ao vivo. E foi assim que acabei por ter tantes artistas que tanto admiro em Pisaduras e que me fazem continuar a querer voltar e estreitar laços a parcerias”.

O artista já apresentou três faixas de Pisaduras ao longo do mês de fevereiro: “Sonhei Coisa Proibida”, com participação de Toca Ogan (Nação Zumbi), LUMANZIN e Benke Ferraz, “Voltas e Voltas e Voltas”, com Kastrup e Benke Ferraz, e “Almoço de Domingo”, com Kastrup e Rita Onofre. A obra é uma jornada de volta ao seu violento passado familiar, onde ele reencontra dores e traumas, mas que consegue enfim enterrá-los e seguir em frente.

“Essa é a história das minhas pisaduras. Mas não só das minhas. É, também, a história de todas as pessoas que partilharam as mesmas quatro paredes que eu. O disco começa com a tomada de consciência (“Nem Lua, Nem Marés”) de que estão perante algo maior que eu, além da minha capacidade emocional para lidar, depois passa por memórias da minha convivência com meus pais (“Pra Que Chegue ao Fim”), onde a violência era habitual. Segue para a primeira tentativa de minha mãe sair desse ciclo (“Voltas e Voltas e Voltas”), até que finalmente consegue (“Olhos Salgados”), mas com sentimento de culpa, por achar que me abandonou (sentimento que nunca tive em relação a ela, uma vez que vivi com meu pai e sei que foi sair pra sobreviver). Em seguida, eu lembro de uma vontade recorrente de que meu pai desaparecesse (“Sonhei Coisa Proibida”), por tudo o que me fazia passar. Aí tem o momento de viragem no disco (“Tábuas, Pregos e Flores”), que celebra o funeral desse passado doloroso, o fim desse ciclo de violência. E da vontade de celebrar, vem a memória das festas em casa de minha bisavó materna (“Almoço de Domingo”), para terminar com uma incógnita de para onde irei em seguida, agora que estão feitas as pazes com o passado (“Deixa o Resto”)”, explica Hélio.

Pisaduras é o segundo álbum solo do artista português, cofundador das importantes bandas do indie rock de Portugal Linda Martini e PAUS. Seu primeiro álbum solo, MURAIS, foi lançado sob o nome do projeto MURAIS, em 2021.

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