Ter que esperar 4 anos pelo lançamento de um novo álbum de uma de suas bandas favoritos é sempre um martírio, em especial quando a fica a promessa de algo diferente. Com The Final Frontier o Iron Maiden fez uma campanha um pouco diferente do que vem fazendo desde Fear of the Dark, de 1992, e resolveu lançar um inédito com o maior intervalo de sua carreira – até então eles lançavam um novo disco de estúdio a cada três anos.
Durante todo este intervalo o sexteto liderado pelo baixista Steve Harris e composto ainda por Bruce Dickinson (voz), Dave Murray, Janick Gers e Adrian Smith (guitarras) e Nick McBrain (bateria) fez nada menos que três turnês mundiais, lançaram dois DVDs com documentários e shows raros de sua carreira, sendo que as duas últimas linhas de apresentações contaram apenas com clássicos dos primeiros discos – inclusive você pode ler a resenha do show feito em São Paulo em 2009 aqui. Depois de tudo isso era hora de compor material novo e, diferente do que acontece desde Brave New World (2000), a banda surpreendeu bastante com The Final Frontier, pelo menos pra este redator.
TFF não deve ser analisado apenas como um álbum, mas sim colocado sob a ótica da última década inteira da banda, que começou com a volta de Bruce e Adrian para a banda e resultou nos lançamentos de três álbuns de estúdio que foram tanto elogiados como criticados, não conseguindo de fato agradar o público por completo – a não ser, claro, por apresentações ao vivo que jamais perdem a energia tão característica do Maiden. O mais recente, A Matter of Life and Death, pareceu uma evolução natural de BNW e Dance of Death (o mais fraco), mas ainda faltava alguma coisa ali, um elemento que provaria a fãs novos e antigos que o sexteto estava mais que preparado para atingir níveis inimagináveis, e este momento chegou.
Adrian Smith compôs várias músicas deste 15º CD de estúdio do Iron Maiden e sua versatilidade, bem como a presença bastante forte de influências celtas que Gers trouxe, somadas as letras certeiras de Dickinson e à cavalgada fantástica do baixo de Harris agora ainda mais inovadora, transformaram TTF numa grande fórmula, ao mesmo tempo que serve como quebra de paradigmas dos últimos 10 anos. Tudo começou com o single El Dorado, liberado gratuitamente para os fãs baixaram no site da banda, e uma turnê de verão pela Europa e Estados Unidos com as melhores músicas da fase mais recente e esta sendo executadas ao vivo. Com esta canção a banda já mostrava uma competência alta na hora de fazer algo diferente do que fez nos últimos anos e eis que em 16 de agosto o álbum é lançado.
1-) Satellite 15… The Final Frontier
A faixa de abertura é mais que surpreendente. Das últimas 4 vezes a banda começou um álbum com uma fórmula batida: uma música rápida e de refrão grudante pra virar clipe. Aqui a canção tem 10 minutos, é dividida em duas partes, sendo que a primeira é algo totalmente experimental, com sons tribais, uma voz sinistra de Dickinson e guitarras com distorções nunca antes executadas por eles. Na segunda parte ela começa a ter uma cara mais Maiden, bem enérgica. Ótima forma de começar o novo CD.
2-) El Dorado
Canção mais conhecida até agora deste disco, tem uma cavalgada muito pesada de Steve Harris e Nicko McBrain, fortalecida por um refrão agradável e versatilidade na voz de Bruce.
3-) Mother of Mercy
Aqui vemos que o Maiden resolveu melhorar um pouco os riffs e abusar do peso. Com um refrão mais que forte, essa música mostra que a banda é, acima de tudo, um heavy metral bem tradicional.
4-) Coming Home
Seguindo uma estrutura um pouco parecida com o que foi feito em Out of the Shadows, do álbum anterior, Coming Home é melhorada por uma influência pesada do som que Bruce fez em sua carreira solo e torna-se candidata à melhor balada que o Maiden já fez na carreira. Destaque para a bela dosagem de momentos melódicos e pesados.
5-) The Alchemist
Novamente a carreira solo de Bruce é inspiração aqui. Vale lembrar que, nos discos The Accident of Birth e Chemical Wedding dele foram gravados com Adrian Smith na guitarra, portanto a sonoridade é bem singular e torna-se inconfundível aqui. Acima como Coming Home, está entre as melhores até então.
6-) Isle of Avalon
Os celtas se fazem presentes. Com uma introdução nada tradicional para o Maiden, esta música inova do começo ao fim e pode fazer com que alguns fãs torçam o nariz a primeiro instante, mas certamente vão adorá-la após ouvirem algumas vezes e entenderem sua proposta. Todo o conjunto de solos dos três guitarristas formam uma parede sonora de muita qualidade.
7-) Starblind
Em Virtual XI, de 1998, ainda com Blaze Bayley nos vocais, o Maiden lançou uma ótima música chamada When Two Worlds Collide. Tocada pelo cantor até hoje em sua carreira solo, ela acabou esquecida por todos esses anos pela banda, mas foi renovada, reformulada e recriada, tornando-se Starblind. Com um clima espacial em alguns momentos, este épico é uma verdadeira quebradeira progressiva e pode se tornar a favorita dos fãs que preferem este tipo de som da banda.
😎 The Talisman
Uma introdução acústica apresenta a música mais “Iron Maiden” deste CD e concorre com Starblind à favorita dos fãs. Tem, de longe, o melhor refrão de todas as 10 músicas e vai ficar dias na cabeça de muitos ouvintes. Sua estrutura caminha de uma intro leve e tranquila para um pré-refrão bastante enérgico, até culminar no próprio refrão em si. Ela também é responsável por um belo riff conjunto das 3 guitarras que ao vivo ficará fantástico com as vozes dos fãs acompanhando.
9-) The Man Who Would Be King
Música progressiva, com um pouco de influência celta também, não tem um refrão tão forte como outras músicas citadas. É uma boa canção, mas perde fácil para a próxima, que fecha o disco.
10-) When the Wild Wind Blows
Mais um épico maravilhoso de Steve Harris, composto totalmente por ele. Música que fala, funciona não apenas como canção mas também como uma bela despedida da jornada que é este álbum, com uma letra calcada no momento atual da sociedade e nas mazelas do mundo.
The Final Frontier é uma vitória para o sexteto inglês. E fica a torcida para que não seja mesmo o último destino da banda dentro do estúdio.
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