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Leon Adan eleva música pernambucana com produção eletrônica de Leo Gumiero

Em fusão entre o eletrônico e a cultura popular, o primeiro EP de Leon Adan traz ainda a participação especial de Nilton Junior, fundador do Coco de Toré Pandeiro do Mestre

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Da cultura popular à essência afro-indígena, Leon Adan mergulha em sua própria raíz e celebra os seus 18 anos de trajetória artística, com o lançamento do seu primeiro EP homônimo.

Em plena fusão com a música eletrônica, a produção musical concebida por Leo Gumiero (ímã, Mulamba, Klüber Roseane Santos, RESP, Ankou e Gume), potencializa a identidade pernambucana do Leon Adan e reforça a necessidade da conexão sonora entre os artistas nacionais. Tanto que, o EP conta ainda com a participação especial do Nilton Junior, fundador do Coco de Toré Pandeiro do Mestre, na faixa ´´Meu Maracá“.  

Com quase vinte minutos de duração, o EP ´´Leon Adan“ traz os quatro singles lançados por ele ao longo do ano e reúne a inédita ´´Viver“, composição que, segundo o próprio cantor e compositor, é a música que condensa sua história de vida.

A música fala sobre as diversas formas de viver. É uma história sobre a minha vida. Dos diversos estilos de vida até eu de fato viver uma carreira artística ligada à cultura popular. É um chamado para viver o agora, o presente, para além do clichê e da banalização”, pondera o artista pernambucano. 

Ainda assim, para Leon Adan, ´´Viver“ é um renascimento. A música escolhida por ele para completar o EP, vai além de um ciclo celebrativo por ser a sua estreia na discografia. A faixa revela a nova fase e a maturidade artística do pernambucano. 

Foi a música mais desafiadora de toda a produção musical do EP. A letra é enorme, é quase um rap, mas com a essência poética nordestina. Originalmente era uma ciranda, mas estava muito longa e eu não estava gostando do arranjo. Depois, trouxemos umas referências latinas que também não me agradou. E o Leo gumiero levou a música para o eletrônico, com referências da house music. Então, não traz a rítmica do rap, mas a instrumentação possibilitou essas junções para falar sobre a roda da vida”, revela. 

Sobre o EP

´´Leon Adan“, apresenta cinco faixas que expressam um recorte sobre a sua trajetória musical desde o Pernambuco,  até chegar ao sul do país onde está radicado há alguns anos, especificamente em Curitiba. 

Da cultura popular às características identitárias da música pernambucana, Leon Adan vai ao âmago da sua essência nordestina e expressa pelas suas composições, cantos e ritos, o seu verdadeiro laço entre a cultura e o mercado fonográfico. 

Todas as músicas lançadas, tem essa função, em apresentar o meu trabalho para um público maior. Principalmente, para o mercado dos festivais e eventos relacionados à indústria musical, e também, para condensar o meu trabalho ao longo de quase duas décadas. Eu hoje sou a peça que faz a roda girar. É o esforço que eu tenho feito com muito trabalho emocional para eu ser o protagonista da minha vida”. 

Do entendimento à poética, ao longo de quase duas décadas, Leon Adan enfrentou diversas situações intempestivas que o levaram ao lugar onde muitos artistas se encontram quando enfrentam o desafio de comercializar a sua arte, a linha tênue entre a produção artística e a comercialização dos produtos culturais. 

Eu me questionei quando interrompi a minha carreira musical na juventude para assumir outros ofícios e poder sobreviver na sociedade. Anos depois, vivendo essa ideia de estabilidade, percebi que não estava feliz e abandonei tudo isso. A vida me ofereceu outros tipos de trabalho, mesmo passando outras necessidades. Mas, há quase três anos, eu vivo somente da minha arte”, celebra.  

O EP ´´Leon Adan“ apresenta de corpo e alma a história de um artista pernambucano radicado em Curitiba, onde a cultura popular é o eixo responsável por conduzir o público as realidades do artista. E principalmente, construir elos culturais em que a música seja a protagonista das fronteiras que unificam a verdadeira matriz do povo afro-indígena pernambucano.  

Algumas composições fazem parte do início da minha trajetória e apresentam a essência desta fase que pré-anuncia o meu primeiro álbum em 2025. Mas, todo o EP fala sobre mim, enquanto pessoa e artista. Mas sobretudo, a minha visão de mundo. As minhas raízes afro-indígenas pernambucana e das pautas que o Brasil, quanto projeto de nação, precisa olhar para as suas próprias raízes para poder existir enquanto um país próspero”. 

Acabou a Cheia

Do coco ao manguebeat, em ´´Acabou a Cheia“, o single traz esta reflexão a partir da visita do artista à Ilha de Deus, em 2008. E após 16 anos, Leon deixa claro a sua relação entre a resistência e a sonoridade afro-indígena resplandecida pela cultura do Manguebeat. 

Eu fiz a música após uma visita à Ilha de Deus, uma ilha artificial no meio dos rios de Recife e reconhecida pela população negra e pela atividade marisqueira. Então, é uma favela com várias palafitas. A situação, em 2008, era bem precária, hoje está bem melhor. Eu tomei a favela como uma mestra, eu aprendi com a realidade local, é muito impactante. Toda a letra veio depois que eu me perguntei como é que essas pessoas fazem quando tem uma cheia e chove muito. A letra toda partiu daí”. 

Meu Maracá

Enaltecidos pela ancestralidade afro-indígena e a cultura popular, a faixa com a participação especial de Nilton Junior, fundador do Coco de Toré Pandeiro do Mestre, é uma declaração poética sobre a certeza de dois artistas que entendem a necessidade de mostrar para novos públicos, o quanto o atual momento da música, também pode ser influenciado pela riqueza dos povos e das culturas originárias. 

Eu já havia visto vários shows do Nilton Junior e marcou demais o início da minha trajetória como artista e influenciou a minha sonoridade. ´Meu Maracá` tem um pé na tradição, mas não deixa de ter a relação com a contemporaneidade a partir dos sintetizadores e o fundamento com o Nilton Junior proporcionando essa vazão ao maracá” , rememora Leon Adan sobre a composição realizada em 2019. 

Tua Sina

Além da composição do pernambucano mergulhar em seu âmago e transmutar a sua história à poética da sua liberdade, a faixa traz também, referências e metáforas que dialogam com clássicos da música brasileira. 

A música traz a sonoridade brasileira com uma perspectiva contemporânea. Originalmente, era um xote. Quando eu compus a letra, busquei inspiração em outras músicas tradicionais brasileiras que falam sobre pássaros e tristeza como ´Assum Preto` do Luiz Gonzaga. Quando eu terminei, percebi que subjetivamente ela dialogava com essas referências”.

Vou-me Embora

Entre a civilização e as raízes que permeiam a religiosidade, a composição aflora de forma pueril a todos os sentidos exacerbados pelo artista diante dos valores deturpados pela ganância. E ainda, segundo Leon Adan, a canção é uma proposta de reconexão com a coletividade. 

A música fala sobre uma certa distância do que é proposto como um processo civilizatório no Brasil. É uma volta para um outro tipo de civilização. Um abandono deste, para abraçar outro que está aqui desde sempre”. 

Fotos Leon Adan: Amanda Sartor
Foto Leo Gumiero: Reprodução/Facebook

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lucascabana -

Me chamo Lucas Cabaña, sou jornalista de música e colaboro em diversos portais no sul do país, além de assinar a coluna Música é o Canal pelo Portal Banda B, há seis anos. Desde 2013, ou CEO e fundador da Cabana Assessoria, empresa focada em assessoria de imprensa e comunicação, além de desenvolvimento artístico e estratégia de lançamento para produtos culturais.

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