Maíra faz um mergulho pessoal em seu novo EP, “Saudade de Mim”. O projeto é uma investigação pela história e ancestralidade da artista, que abraça sua identidade indígena, gorda e lésbica. A intensidade guia as músicas, sendo duas autorais e duas regravações de Maysa. O trabalho chega junto de um clipe da releitura de “Saudades de Mim”, onde a artista celebra a cultura e arte dos povos originários.
O número quatro guia todo o projeto. Esta é a quantidade de canções e também de partes do EP, cada uma representando um elemento da natureza: terra, água, ar e fogo. A faixa-título explicita o caráter da obra, abordando a busca de Maíra por suas origens e sua identidade – ainda que passem pelos versos alheios.
O projeto tornou-se um resgate de si mesma, em meio a um processo de autoconhecimento e reconexão. Por isso, as músicas falam de amor e perdas. “O que as canções têm em comum é que todas falam de intensidade, porém com abordagens diferentes”, explica Maíra.
A artista traz duas autorais no EP com “Ilusão” e “Aurora”. “Há alguns anos atrás, depois de mais uma desilusão amorosa, eu compus ‘Ilusão’. Ela representa bastante do que eu acredito sobre relações amorosas: duas almas livres que, quando juntas, podem concretizar coisas incríveis. O trecho em tupi antigo foi adicionado recentemente”, entrega Maíra.
Já as duas releituras de Maysa são “Resposta” e “Saudades de Mim”. “Eu me identifico muito com a Maysa enquanto artista, então sabia que queria gravar versões de músicas dela. Reduzir essa escolha a apenas duas músicas não foi nada fácil porque me sinto representada por várias, mas eu me baseei no momento que eu vivo hoje. Acredito que tanto ‘Resposta’ quanto ‘Saudades de Mim’ traduzam esse meu sentimento de forma eficaz”, ela analisa.
“Quando acessamos nosso interior e aprofundamos nossos pensamentos e sentimentos, estamos também nos conectando com a Mãe Terra de uma forma especial, podendo então existir com a consciência de que tudo que nós somos é suficiente e potente demais”, resume Maíra.
Além de sua carreira solo, Maíra também integrou a banda Reflexos, com a qual lançou dois EPs, também fez parte do projeto Viva Gal e já recebeu diversos prêmios por seu trabalho, incluindo como melhor intérprete vocal no Festival de Música do Zimba, em 2016, e o primeiro lugar na etapa regional do Festival de Música Francesa, em 2021.
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