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‘Marés’ apresenta o som do Pará e conecta ritmos como carimbó, tecnobrega e indie 

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O selo Caquí lança Marés, uma coletânea que amplifica as vozes da nova cena musical paraense, explorando sua riqueza e diversidade sonora. 

O álbum, com 10 faixas, reflete a fusão entre pop e ritmos amazônicos, conectando o tradicional ao experimental. Indo do carimbó ao tecnobrega, passando pelo indie, o projeto aborda novas perspectivas sobre identidade e pertencimento. 

Com interpretações autênticas, Marés traz faixas inéditas de Sidiane Nunes, Agarby feat. Layana, W Mateu-U, Paulyanne Paes, Lina Leão, Mist Kupp, COUT (duo de rock amazônico), Helena Ressoa, Matheus Pojo e Jheni Cohen, além da participação de instrumentistas como Lariza e Larissa Medeiros. 

Todos os artistas participaram ativamente da curadoria, arranjos e produção musical, tornando Marés um registro genuíno da nova geração de músicos paraenses. “A possibilidade de reunir artistas de diferentes regiões de Belém e do estado enriquece e atualiza a história da nossa música de forma natural. O Pará é uma terra ancestral, mas também está profundamente conectado com as tendências do mundo inteiro”, comenta Reiner. 

Faixa a faixa por Reiner e Pratagy 

Sidiane Nunes – Pesqueira: 

Sidiane é uma artista que tem muita influência da música pop, gospel e RnB trazendo sempre assuntos relacionados à região de Mocajuba, onde ela reside. Nessa música, tentamos mesclar as referências que ela tem e fazer um RnB com percussões de lundu e carimbó. É muito legal perceber que o RnB, um ritmo estadunidense e o lundu, ritmo tradicional do Pará, são bem parecidos em relação à vibe sensual que envolve esses gêneros, isso está bem presente na música, onde Sidiane expressa o seu amor pelo mar. O bonito dessa canção é isso: uma declaração de amor à natureza. (Reiner) 

Agarby feat. Layana: 

Mana: esse carimbó composto pela Agarby e pela Layana tem a estrutura de um carimbó tradicional, mas a novidade vem na letra, que foi escrita usando o dialeto do pajubá, um dialeto LGBTQIA+, narrando essa coisa da noite, da “Mana” que vai sair à noite e curtir. É um retrato urbano e muito de Belém, da nossa cena. Essa música cresceu com o acompanhamento do Batuque da Lua Crescente, um grupo formado por mulheres e pessoas trans que tocam carimbó, um gênero, vale notar, em que os grupos são majoritariamente formados por homens cis. Por esses fatores combinados, a gente acha que a gravação dessa música foi muito importante e também uma responsa de lançar esse material que ainda é inédito em fonograma mas que já começou a tocar nas rodas de carimbó de Belém. (Pratagy) 

W Mate-U – Marés: 

O W Mate-U é um artista que pensa não só em música mas também na visualidade, na persona, no figurino, e amarra tudo isso em um discurso. Isso é algo que a gente acha que tem a cara do artista nortista, porque levantar um som para nós é algo que é político, é lutar contra as forças que historicamente e sistematicamente tentam derrubar nossas florestas, nossas culturas. Por isso a música “Marés” acabou dando nome ao disco, por juntar tanto a musicalidade quanto um discurso que é mais do que nunca necessário. (Pratagy) 

Paso – Marajó: 

Lina Leão – Corpo Gaia: A Lina é uma artista de Canaã dos Carajás que a gente só conheceu por causa da chamada aberta para inscrição de artistas de todo o estado para

participarem do projeto. Ela traz na voz uma potência e também uma certa energia que hipnotiza. A música dela é como um mantra, tem essa coisa repetitiva que vai te levando de um lugar mais “terra”, com instrumentos de percussão e tal, e desemboca em uma outra coisa, mais profunda, com mais camadas, misturando o eletrônico com esses elementos de instrumentos tradicionais. (Pratagy) 

Mist Kupp – Motinho Envenenada: 

O Mist é mais um artista que veio pela chamada aberta, ele é de Vigia e também tem essa visão artística que vai da música até a visualidade, a dança, o figurino. O som que ele traz é pista, festa, é “onda”, só que ao mesmo é de compromisso com uma estética, de uma galera que quer se divertir, que quer curtir e essa é a poética – tem política nisso também. Sonoramente é a música mais eletrônica do álbum, mais pesadona também, com muitos graves. (Pratagy) 

Cout – Colapso: 

A Cout é uma banda de rock de Belém que vem trabalhando há muito tempo na cena. Os seus integrantes, Pine e Raíssa, estão sempre envolvidos em projetos paralelos ou trabalhando nos bastidores dos festivais da cidade. Os dois são trabalhadores incansáveis da música. Com o tempo, o trabalho da Cout foi perdendo uma certa inocência que possuía e eles foram se tornando mais pesados e sérios nas questões que queriam tratar artisticamente. Por isso, escolhemos Colapso para entrar na coletânea. Nossa intenção era fazer a Cout soar da melhor forma possível como uma banda de pop rock que é como vemos o som deles. Pra quem gosta de Pitty, Nirvana ou Autoramas, vai entender que tentamos fundir o que há de melhor entre esse mundo do rock. (Reiner) 

Ressoa – Amaré: 

Ressoa possui uma voz extremamente marcante e está intimamente ligada à música popular brasileira enquanto apreciadora e profissional da música. Ela nos apresentou “Amaré” como um xote e nós ficamos boquiabertos com a poesia que ficava, de certa forma, meio inocente sendo um “simples” xote. Então, decidimos trazer a voz de Ressoa em infinitos contextos, explorando ao máximo os timbres que ela poderia nos entregar no dia da gravação com seu corpo e voz fazendo parte da música. No final das contas, o som ainda tem a intenção do xote mas conseguimos levar Ressoa para um caminho diferente onde a sua poesia, voz e corpo são protagonistas de uma história de amor platônico. (Reiner) 

Matheus Pojo – Urano: 

Urano é uma composição muito bonita. Com acordes cabeçudos de bossa-nova, o Matheus traz uma certa inocência na letra, onde ele fala sobre o céu, as estrelas e da natureza de uma forma bem peculiar, o refrão dessa música é forte e me remete muito ao Soul Brasileiro que foi desenvolvido na década de 70 com Cassiano, Tim Maia e Hyldon. Urano é uma música pop onde estamos nos divertindo arranjando e produzindo a música junto com o Matheus. Tentamos trazer, além dessas referências do Soul Brasileiro, coisas que adoramos como David Bowie e Pink Floyd pra que a música se tornasse realmente espacial. (Reiner) 

Jheni Cohen – Boca Latina: 

A Jheni Cohen é uma artista que acompanho e sou fã desde que ela era vocalista da banda de rock indie Noturna. Depois, quando ela começou a carreira solo, tivemos a alegria de produzir e de lançar pelo Selo Caquí o EP dela, indo dessa pegada indie agora também explorando coisas mais dançantes, mais universais. Pra coletânea ela topou fazer algo diferente, ela tinha composto essa melodia/letra em cima de um beat meio latino, por isso a temática da “Boca Latina”, e aí a gente resolveu jogar um tecnobrega nisso tudo. Acho que ficou a faixa mais divertida do álbum. (Pratagy) 

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