Música e resistência com Nação Zumbi no Circo Voador

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Trinta anos atrás aquele batuque de terreiro correndo solto e o maracatu de rua se conectaram como nunca antes na cabeça de Chico Science, que incorporou elementos da música gringa, do rock ao hip hop, assombrando o mundo na criação do manguebeat.
Um dos movimentos mais significativos da música brasileira e uma tocha que o Nação Zumbi carrega nestas décadas, literalmente trazendo novas ondas e incentivando o resgate dos ritmos regionais que surgiram da miscigenação. Se hoje a música brasileira vive seu melhor momento desde a Tropicalia, agraciada com nomes como Baianasystem, Criolo, Ríncon Sapiência, Metá Metá, Emicida, Bixiga 70, Otto, Tribo da Periferia e Carne Doce, para ficar em só alguns exemplo, muito se deve a revolução musical que o país lentamente embrionado com Baden, Vinicius, Caetano, Gil e Gal e Mutantes e tantos outros durante o período de ditadura, e que explodiu no final do último milênio com a identidade “mundo livre s/a”, onde o Brasil se reconhecia e banhava no sentimento de estabilidade democrática, de conectividade global e novas possibilidades com o futuro.
Qual relação de tanto blá blá blá com show do Nação Zumbi no Circo Voador? Piegas ou não, é nos organizando que vamos desorganizar; é na apropriação da arte que residem as mudanças culturais. Quem esteve na noite do último equinócio no Circo Voador, vivenciou essa catarse da liberdade cultural que o Nação Zumbi representa. Uma história que começou com Chico Science e foi amadurecendo e se reinventando, a exemplo dos dois últimos comandados pelo Jorge du Peixe que são fantásticos e também estavam na ponta da lingua do público.
O show começou por volta da meia noite no batuque e gingado da capoeira, arrebatado em seguida na bateria de Pupilo e com toda potência do rock combinado com a seção rítmica proporcionada pelo maracatu. Duas horas de pura magia, alma lavada em uníssono com o público carioca que ao final ainda queria mais. Creio que isso diz tudo.
Viva a arte, viva o Circo Voador, viva Nação Zumbi!

Fotografias por Bernardo Vieira e Antonio Carlos Paes

Sal
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Sal

on drums

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