E não é que o encontro de Kanye West e Jay-Z rendeu um álbum memorável…

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E não é que um álbum de hip hop pode ganhar a alcunha de obra-prima… O esperado cd que reúne de Kanye West e Jay-Z, dois dos maiores representantes da cena no planeta, chamado Watch the Throne, mesmo carregado de pretensões, é sim muito bom. Vale dizer que, enquanto Jay-Z domina como ninguém os meandros da produção musical comercial e persuasiva atual (o que seriam de Beyoncé e Rihanna sem ele, é um dos maiores mistérios da cultura Pop), o sempre egóico Kanye West faz um trabalho de referencias e junções melódicas em seu “hip hop” (algo como o que Moby faz com a música eletrônica) que tornam tudo um tanto dramático, épico e – acreditem – espetacular. Ou seja, a junção dos dois só poderia render algo, no mínimo, acima de médio. E foi mais do que isso.

Até as letras são boas, com boas tiradas e devaneios sobre a vida. A faixa que abre o cd No Church In The Wild já dá uma medida do que virá ao longo do cd, com boas bases sonoras e melancólica participação de Frank Ocean. O cd ainda vem com uma oportunista (mas perfeitamente entendível) participação de Beyoncé na banal Lift Off. Entre canções (!!!) que são inteiramente entregues ao gênero como That’s My Bitch, outras que se impõem por certa dramaticidade, como a notável Welcome To The Jungle, o cd reserva suas obras-primas como a genial Murder To Excellence (um sincero tratado sobre uma revolta social) e a melhor de todas, a reverente Otis, que sabiamente foi escolhida como música de trabalho para puxar o disco (como visto no preguiçoso clip acima), em que a dupla faz uma homenagem literal ao grande Otis Redding, numa remixagem tão pertinente quanto criativa, criando um hit incrivelmente sofisticado e popular.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=BoEKWtgJQAU[/youtube]

O gênero Hip Hop ganha uma espécie de arrojamento (ou sobrevida?) com essa iniciativa do Kanye e Jay-Z. Mas é pelo viés reacionário dentro de seu próprio sistema que a dupla entrega um dos melhores discos de todos os tempos. Até para quem, como eu, não é muito chegado “no movimento”…

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