No final dos anos 70 diziam que o rock tinha morrido. Vieram os Sex Pistols e seu No Future, causaram o maior barulho dos dois lados do Atlântico e trouxeram a reboque toda uma onda chamada Punk, que reverbera até os dias de hoje. Lá por volta de 1990/1991, diziam categoricamente que o rock tinha morrido; veio o Nirvana com suas guitarras distorcidas, bateria a la homem das cavernas e vocais urrados com um quê de sofridos. Seattle entrou no mapa do rock (até então a cidade do noroeste estadunidense só era lembrada por ser a terra de Jimmy Hendrix), desencadeou o surgimento de uma geração de roqueiros que ficou conhecida como Grunge.
Em 2001, o rock estava definitivamente morto, com as rádios e MTVs tomadas por punk pop pasteurizado e Nu Metal farofa, eis que surgem os novaiorquinos dos Strokes, com seu rock garageiro emulando a era CBGB’S e trazendo a reboque uma leva de bandas não só na América mas espalhadas pelo mundo. Nessa leva, incluíam-se os simpáticos escoceses do Franz Ferdinand. A banda era chamada pela mídia de resposta britânica ao Strokes, mas o quarteto de Glasgow conseguiu brilhar sem que essa pecha lhe pesasse ou desacreditasse.
O som do Franz não tinha nada de genial, mas era pulsante, vigoroso, e suas apresentações eram literalmente incendiárias. Foi no palco que eles asseguraram seu lugar no panteão do rock. Quem foi à apresentação da banda no Circo Voador em fevereiro de 2006, às vésperas do reinado de Momo na cidade, conhece o poder de fogo da turma.
Nove anos após a estréia, Alex Kapranos (vocal e guitarra), Bob Hardy (baixo), Nick Macarthy (piano guitarra e backing vocal), e Paul Thomson (bateria) estão de volta à praça lançando seu quarto trabalho Right Thoughts Right Words Right Action (DOmin Recording/2013). O bom astral continua permeando as faixas do novo álbum. A mistura de punk, Ska e música dançante continua sendo o cartão de visita dos rapazes. A primeira faixa, Right Action já entrega a direção que o disco segue: a de não mexer em time que está ganhando. Ok, nessa política temos partidários ilustres como os Stones, Os Ramones, O Motorhead e o ACDC, mas no caso do Franz Ferdinand, o que se tem é a mesma sensação incômoda causada na audição do último dos seus contemporâneos Strokes. A sensação de que a banda não teve iniciativa de evoluir, inovar, surpreender, ousar. Nos dois primeiros discos a fórmula funcionou maravilhosamente, no terceiro já soou repetitivo; nesse, que se esperava alguma novidade, a expectativa foi frustrada. Esse aqui não acrescenta nada à trajetória da banda em termos criativos.
Porém não se trata de um disco ruim, pelo contrário. A banda soube manter o clima de diversão, muitas músicas do álbum cairão bem em festinhas rock, seja na Lapa Carioca, na Augusta, na londrina Camdem Town ou Williamsburg no Brooklyn. Outro acerto foi a duração, dez faixas distribuídas em redondinhos 35 minutos. Não há encheção de linguiça. Os melhores momentos ficam por conta do primeiro single de trabalho, Love Illumination, que lembra bastante os bons tempos da banda, a inspirada Stand on the Horizon e a empolgante Fresh Strawberries. Bullet também mercê destaque, que nos remete às principais influencias do Franz, como Gang of Four e The Fall, assim como a última faixa, Goodbye Lovers & Friends.
Agora é aguardar pelo próximo trabalho do Arcade Fire, outra banda da geração 00 que lançará disco ainda este ano. Por enquanto fica a sensação de que as bandas de rock da última década perderam seu poder de fogo e as da atual ainda não mostraram a que vieram. E isso pode endossar a tese dos apocalípticos que afirmam que o gênero estaria enfim morto.
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