Música

Com o singelo “A Praia”, Cícero impõe sua melancolia como identidade

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Eu vou sem culpa pela Via Dutra…”

O universo musical que o cantor Cícero moldou para si recorre de muita personalidade embriagada através das observações a cerca de seu meio. Foi assim, claramente, em sua estreia, com o marcante Canções de Apartamento (2011), e depois de forma mais lacônica no segundo álbum, Sábado (2013).

O cantor, que já disse ter morado em “todas as zonas” de seu Rio de Janeiro natal, mudou-se para São Paulo, e assim, muito do resultado desse trabalho, se deve a isso, começando pelo título, A Praia, que traz em si uma dose de rememoração melancólica e afetiva do olhar para trás.

Em entrevistas recentes, relatou que mudanças sempre foram uma constante em sua vida (e que o termo praia aqui, são todos os tipos de praias, inclusive as fabulares), mas levando isso para o terreno da simbologia sonora, as correlações com as composições são quase diretas. Mudanças e o olhar sobre elas. Não é por acaso que na canção homônima, ele fale que “as canções de amor inventam o amor“, ou até que “todo desconforto, toda solidão, nunca vai mudar em vão“, na gostosinha “Camomila”.

A-praia

A sonoridade do disco dá uma espécie de continuidade ao trabalho feito no disco anterior – assim como a parceria técnico-artística de Bruno Schulz, o que tanto denota um amadurecimento quanto desempenha um imperativo de sua identidade na seara musical brasileira, para além do “pós MPB” (?) como algumas publicações o define.

O que Cícero mais deixa sobressair é sua certeira sensibilidade em poetizar sua abstração, com versos simples e belos como “na estação do acaso eu encontrei o meu bem…’ e “e tudo foi desbotando até desaparecer…”. Ou na agradável “Terminal Alvorada”, que fecha o curto CD, onde declara “faz um tempo eu não sei o é saudade…”. A Praia reverbera a melancolia (geográfica?) de Cícero. Estabelece assim seu nome para além de um simples modismo. Canções de Apartamento ainda é o seu melhor disco, mas agora ele pode olhar para trás e ver que dividiu bem seu universo próprio para particularidades de muita gente.

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