O carioca Bersote lança a faixa “Ferrugem na Canela” na terça (13), primeiro single de “Visto a Camisa”, EP que chega em setembro. A faixa é produzida pela Reurbana, duo de produtores cariocas que já trabalhou com artistas como JOCA, L7NNON e Anchietx. As fotos do projeto são da Elisa Maciel.
“Ferrugem na Canela” é o exemplo de quando o significado da arte é o resultado da interpretação de quem a consome, e do lado de quem a faz, também. O eu lírico desta canção, seja ele uma pessoa ou um coletivo, é por natureza identificável, mas é nítido que escreve para um passado e que vive um presente de casualidades. “Quem ouve não sabe bem se o eu-lírico é um entregador, alguém no corre da cidade, nem qual é esse passado que ele parece cantar. A ideia de alguém que vai e vem, circula por todo canto, mas que não consegue evitar certas marcas do caminho.”, disse Bersote.
“A letra dessa música é interessante porque ela veio num freestyle [improviso comum em batalha de rimas]. As imagens e as palavras iam surgindo já com melodia pronta em cima de um beat inicial que criei. O resultado final é de algo fragmentado, quase que um fluxo de consciência. Essas imagens todas pintam algo, um passado de alguém, talvez um passado coletivo.”, contou Bersote.
Por ter nascido em Macaé (RJ), a capital nacional do petróleo, e a música ser uma extensão sua, ele conta que o lançamento reflete “sobre petróleo, indústrias pesadas, sobre uma ideia coletiva de progresso e exploração ou mesmo uma ideia de país confusa. A música tem muito das obsessões de alguém que cresceu sob a atmosfera de esperança em torno da descoberta do pré-sal e o que aquilo representava para as famílias brasileiras, mas que também testemunhou o Brasil dos anos 10 e a catástrofe climática. Alguém que olha para os lados e vê jovens de bicicleta com bags nas costas por todos os lados, sem tempo para comer, beber água e ir ao banheiro, porque há mais uma entrega a ser feita.”, disse.
“Ferrugem na Canela” é descrito por Bersote como um R&B ou pop alternativo, mas com identidade brasileira. “Me perguntam se ela é calma ou dançante, e eu respondo que não é nenhum dos dois. É uma canção pra balançar o pescoço, dessas que você se pega cantarolando pelos cantos. Ela foi produzida pela Reurbana, dupla carioca de produtores, que eu conheci ouvindo o álbum do JOCA, e sabia que eles iam entender o que eu buscava. Para nós, foi importante explorar coros bem suaves por cima do instrumental, que é bem rico com teclas com bastante destaque, guitarra groovada e baixo bem presente também. Dá uma sensação de jam session, que ficou ainda mais sofisticada com a percussão do Maré por cima do beat.”
Crédito: Elisa Maciel / Divulgação
Ficha técnica
Letra – Bersote
Produção musical e arranjos – Reurbana
Mix – Reurbana
Master – Martin Scian
Voz – Bersote
Guitarra – Ivo Costa
Baixo – Luigi Tedesco
Teclado – Victin
Percussão – Rodrigo Maré
Coro – Phee Mabel e Tori
Arranjos de coro – Phee Mabel e Tori
Capa
Foto – Elisa Maciel
Design – Marina Japiassú
Vídeo
Direção – Bruno Soares
Imagens – Bruno Soares
Edição – Bruno Soares
Roteiro – Bruno Soares e Bersote
Grafismos – Marina Japiassú
Animação de grafismos – Vinicius Braz
Elenco: Bersote, Ana Beatriz Rodrigues, Ana Bee, Andy, Ellen Bispo, Mauro Abi Abib
Letra
Ferrugem na canela
Pois é, é caramelo
Era bonito o meu desespero oh
A esquina, ventania
Nicotina no seu avental
É tudo que eu me lembro
O som da bicicleta
Ou era eu chorando
Ferrugem na canela
Volta e meia cê me encontra
Estamos por aqui
Volta e meia cê me conta
Mas não fala o que eu comprei
Vamo fazer por aí
Vamo fazer por aí
O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro
O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro
Pois é, é caramelo
Era bonito o meu desespero oh
A esquina, ventania
Nicotina no seu avental
É tudo que eu me lembro
O som da bicicleta
Ou era eu chorando
Ferrugem na canela
Volta e meia cê me encontra
Estamos por aqui
Volta e meia cê me conta
Mas não fala o que eu comprei
Vamo fazer por aí
Vamo fazer por aí
O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro
O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro
Eu lamentava
Só esperava
Era a promessa
A terra nova
A providência
Volta e meia cê me encontra
Estamos por aqui
Volta e meia cê me conta
Mas não fala o que eu comprei
Vamo fazer por aí
Vamo fazer por aí
O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro
O ouro negro, o rosto negro, o sangue negro
Eu lamentava
Só esperava
Era a promessa
Vamo fazer por aí
Vamo fazer por aí
Vamo fazer por aí
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