Samba Do Crioulo Doido
Você já ouviu falar, apontou, ou foi testemunha ocular de tal rótulo.
Eu conhecia o trabalho do Criolo, rapper e um dos principais nomes da MPB contemporânea, de maneira superficial. Mais especificamente por ouvir religiosamente duas músicas interpretadas magistralmente por ele: a poética concretista de Sampa em“Não existe amor em SP”(Nó na Orelha – 2011) e a versão introspectiva e naturalista de “Cálice”, em homenagem a Chico Buarque.
Imergi e fui mais além…
Nessa semana Criolo lançou e disponibilizou o download gratuito do seu mais novo álbum “Convoque Seu Buda” (2014). Ação cada vez mais comum entre os cantores brasileiros, como forma de potencializar a reverberação dos seus trabalhos, diante a velocidade das conexões globais.
Todo mundo bode baixar, baixa quem quer e colabora quanto puder!
Eu quis, baixei e fui pra casa depois de mais um exaustivo dia de trabalho ouvindo as 10 faixas do álbum.
Evoque Do Criolo Insano
Com seu novo álbum, Criolo subverte o significado pejorativo da expressão popular que abriu alas no início desse texto. “Convoque Seu Buda” faz jus ao imperativo do verbo e evoca em eco máximo a pluralidade de gêneros que caracteriza e faz da Música Popular Brasileira um berço esplendido de sabores e tons.
Nosso interprete entranha pelas raízes históricas, na origem mais genuína da nossa música e dessa premissa, consegue recriá-la com uma autenticidade ímpar.
Semiótica Mantra Por Mantra (07 de 10)
“Cartão de Visita”
Na frequência das ondas do rádio, com a participação da voz agridoce deTulipa Ruiz (edas mais lindas), faz uma crítica aos dois pêndulos da sociedade capitalista do consumismo. De um lado, as partes mais interessadas em incentivar esse consumo; do outro a ostentação predatória do: quero-posso-consigo!
“Casa de Papelão”
A vulnerabilidade da existência e do poder autodestrutivo do homem. A canção me remeteu a “Ponteio”composta porEdu Lobo. Seria o papelão a matéria prima do despertar do violeiro?
“Convoque Seu Buda” (música-título)
A realidade controversa, erguida nas ambivalências motoras de uma cidade real, de um jogo que é de carne, osso, de gente. Violência Urbana X Trabalhador // Orixás – Budismo
“Fermento para Massa”
Batuque, pandeiro, o samba!
“Padê Orã”
Saudação à cultura afro. A ancestralidade africana que pulsa nas nossas veias. “Pegue pra ela” Senti Gil e um “Caetanear” gostoso de ouvir, bom de flertar… Sopros, tambores e ela, sempre ela.
“Pé de Breque”
Reggae Roots, chá das 5.
Kleber Cavalcante Gomes. Brasil, Tropical, Criolo.
Comente!