Red Hot Chili Peppers voltam com peso e suingue em 'The Getaway' – Ambrosia

Red Hot Chili Peppers voltam com peso e suingue em ‘The Getaway’

Os Red Hot Chili Peppers estão de volta. Depois da divulgação do single e videoclipe de ‘Dark Necessties’, chega o 11º álbum de estúdio, “The Getaway”, sucessor de “I’m With You” de 2011, disco que trouxe a banda ao Rock In Rio um mês depois de lançá-lo e ao Circuito Banco do Brasil dois anos depois. O nome (que significa fuga em inglês) é sugestivo, pois o vocalista Anthony Kieds começou a conceber o trabalho após um pé na bunda. Ele disse, em entrevista à BBC 2, que no que tange às letras, muitas das canções foram influenciadas por essa relação de dois anos que se desfez como uma bomba nuclear. As gravações se iniciariam em 2014, mas o baixista Flea se acidentou andando de snowboard, teve o braço quebrado, adiando, assim, o projeto.

O álbum também marca uma mudança de produtor. Sai Rick Rubin, colaborador do quarteto desde “Blood Sugar Sex Magic”, álbum de 1991 que catapultou os pimentões de vez para o mainstream, e entra Danger Mouse, que formava o Gnarls Barkley com Cee-Lo Green, e é um dos produtores mais requisitados atualmente. Além de produzir, ele ainda participa de 7 das 13 faixas tocando melotron, órgão e sintetizador. O baterista Chad Smith disse em uma entrevista de rádio que disse que a banda ama Rubin, mas eles queriam trabalhar com alguém diferente desta vez, e como era importante para eles mudar de produtor para serem inspirados de uma outra maneira.

Abrindo os trabalhos está a faixa-título (preferida do vocalista), que soa bastante familiar aos ouvidos, seguindo a formatação de uma clássica canção dos Chili Peppers. Anthony Kieds rapeando, intervenções pontuais de guitarra, o baixo de Flea onipresente, pavimentando e dando estofo e a marcação da bateria de Chad Smith. Na guitarra, o novo integrante Josh Klinghoffer (no posto desde o disco anterior) pode até não se mostrar a excelência do antecessor John Frusciante ou de Dave Navarro (que chegou a integrar a banda nos anos 90), mas faz um bom trabalho de músico de apoio. Em seguida vem ‘Dark Necessities’, a música escolhida para ser o cartão de visitas do álbum. É outra canção com o DNA dos californianos impresso, um rock funkeado, com groove e até uma certa sofisticação. Uma escolha acertada para primeiro single.

A pesadona ‘We Turn Red’ é uma das mais inspiradas do disco, dosando com perfeição os elementos do funk e do hard rock, com o baixo de Flea à enésima potência. ‘The Longest Wave’ é aquela música que diminui um pouco o ritmo do álbum, mas não chega a se configurar como uma balada. Feita sob medida para ser executada nas rádios. A faixa seguinte, ‘Goodbye Angels’ traz uma linha de guitarra e bateria que nos remetem imediatamente a ‘Can’t Stop’ do disco “By The Way”. Não fica claro se é autoplágio inconsciente ou de fato um aceno a um de seus sucessos do passado.

Outro bom momento é a suingada ‘Sick Love’, que conta com a participação especialíssima de Sir Elton John no piano, e tem uma atmosfera anos 70. A letra é de Bernie Taupin, que colaborou com John em letras de várias músicas nos anos 70. Logo adiante, entra a dançante (quase disco) ‘Go Robot’. A melódica ‘Feasting on the Flowers’, com leve acento setentista, dá oportunidade à coadjuvante guitarra ganhar um interessante destaque. ‘Detroit’ talvez seja a menos inspirada do disco, mas mantém a coesão. Ela vem seguida do rockão ‘This Ticonderoga’ em que predomina o hard rock, mas com inserções funk, surtindo uma esquizofrenia bastante eficiente.

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‘Encore’, com contagiante embalo groove, abre espaço para o viajante segmento final do álbum, que se completa com ‘The Hunter’ – faixa em que Flea assume seu outro caro insturmento, o trompete, e Klinghoffer fica a cargo do baixo – e a inusitada ‘Dreams of a Samurai’, certamente a mais ambiciosa artisticamente, cheia de matizes, efeitos e nuances, chega até a evocar o progressivo.

“The Getaway” mostra o bom e velho RHCP sem muitas novidades, mas mantendo perfeita coesão com os trabalhos que vem sendo feitos e agradando aos fãs. Desde “Blood Sugar Sex Magic” eles tem uma predileção por discos longos, que em alguns casos não se justificam. Neste aqui, por exemplo, três músicas a menos não fariam falta e deixariam até o álbum mais redondo. Mas ainda assim, é um bom trabalho da banda, bem produzido, com os quatro inspirados e em boa forma, e que merece destaque no setlist dos futuros shows.

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