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A relevância de Jim Morrison

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Em meados dos anos 1960, houve um levante no rock americano que funcionou como uma espécie de contra-ataque à british invasion. Eram bandas majoritariamente californianas que vinham tomar as paradas de assalto, mas com um viés lisérgico – regada a alucinógenos e psicotrópicos – e crítico em relação àquela sociedade ainda apegada ao velho paradigma, que começava a ser derrubado.

Nesse âmbito surgia o The Doors. Formada pelo organista Ray Manzerek, o guitarrista Roby Krieger e o baterista John Densmore, tinha à frente a figura emblemática de Jim Morrison.

Jim sintetizava tudo a que se atribui o rock n’ roll: rebeldia, sexo, provocação, contestação, degradação, e muita poesia. Ele costumava andar em Los Angeles, em Venice Beach recitando poesias de autores desconhecidos da maioria e também as compostas por ele mesmo, o que muitas vezes confundia as pessoas.

Quem o conheceu de perto diz que era um poeta genuíno. Quieto, observador e muito gentil. Porém, em certos momentos, sobretudo quando estava sob efeito de drogas, se transformava, ou melhor, dava vazão a um outro traço de sua personalidade, que gostava de testar limites e era incontrolável. Era uma espécie de o médico e o monstro.

Por representar uma ameaça ao estilo de vida puritano tão prezado na América, o lado monstro era sempre exaltado como sendo o natural e a imagem de louco ficou associada até hoje. Até mesmo o cineasta Oliver Stone, fã confesso, caiu nessa armadilha ao retratá-lo em seu filme “The Doors”.

Jim fazia parte de uma geração de poetas que encontraram na música um veículo eficiente para propagar suas letras. Nesse grupo também podem ser incluídos Bob Dylan, Joni Mitchell, Leonard Cohen, e, por um outro viés, Captain Beefheart, Santana e Frank Zappa. Eram fortemente influenciados pelos chamdos poetas malditos, como Rimbaud, Bukowski, e no caso de Jim, havia uma afinidade com os beatniks, como Allen Ginsberg e Jack Kerouac.

A música do The Doors eram poesias musicadas, com exceção de algumas, na qual pode se incluir o grande sucesso ‘Light My Fire’, que não fora composta por Jim, e sim por Krieger, por influência de Jim. Esaa tem a estrutura clássica de uma canção. Mas, se pegamos, por exemplo, ‘The End’, ‘Riders of the Storm’ e ‘When The Music Is Over’, podemos até suprimir os instrumentos e nos concentrar na métrica que funcionará como poema.

Jim Morrison reunia todos os requisitos para um perfeito ícone pop. Além de talentoso, era alto e bonito, dotado de magnetismo e possuía uma das melhores vozes da história do rock. Era um frontman completo, um dos maiores que já existiram. E não era a toa que escrevia letras geniais. Tinha um QI de 149. Seu próximo passo era se dedicar à literatura, talvez dirigir filmes.Ele sempre quis realizar outros projetos artísticos, mas a vida de astro do rock sempre acabava por adiar esses planos.

O Lizard King saía de cena quando se mudara para Paris. Infelizmente não pudemos ver essa nova etapa de sua vida. Há quem garanta que ele ainda está vivo, idoso e contando suas aventuras do passado para quem quiser ouvir em meio a artistas vanguardistas na França. Como não está provado, seu túmulo no cemitério Père Lachaise continua sendo um dos mais visitados, por fãs que levam flores e oferendas como guimbas de cigarro, vcigarros de maconha e garrafas de vinho e whisky, além das pichações na lápide. Até pensou-se em remover os restos mortais do astro para os EUA, para acabar com as romarias de doidões ao lugar, que já deram certa dor de cabeça. Os conflitos com os visitantes chegaram a seu ponto máximo em 1991, no 20º aniversário de sua morte, quando a Polícia teve que usar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os ruidosos
admiradores.

Segundo fontes, Paris foi obrigada a acolher o túmulo de Morrison, já que a família do cantor não queria repatriar seus restos, envergonhada com a vida de “sexo, drogas e rock and roll” de seu filho. Jim Morrison morreu há 45 anos, em 3 de julho de 1971, aos 27 anos , integrando o clube dos 27, do qual já faziam parte Brian Jones dos Stones (morto em 1969) Jimi Hendrix e Janis Joplin (mortos em 1970), e mais tarde se juntariam Kurt Cobain (em 1994) e recentemente Amy Winehouse (em 2011). É impossível não imaginar o que ele estaria fazendo hoje.

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