A Roça Nova dá sequência ao lançamento do seu novo trabalho com o single e videoclipe “Rio Doce”, o segundo do seu próximo álbum, previsto para 2024. A faixa mistura ritmos regionais e influências contemporâneas, transformando em música a tragédia ambiental e humana provocada pelo rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho. O Rio Doce, que atravessa Minas Gerais e Espírito Santo, é o fio condutor da canção, simbolizando tanto as perdas irreparáveis quanto a luta pela preservação da vida.
“Não é fácil falar sobre isso, não tem o glamour e a aceitação de outras causas. Pelo contrário, falar sobre mineração, impactos ambientais no interior e até mesmo outros temas frequentes no nosso trabalho, como reforma agrária, é perigoso no Brasil. Mata.”, comenta o vocalista Pedro Tasca
Com versos como “cimentaram o Rio Doce, mataram bicho e gente” e “por ganância desse povo, hoje a vida é diferente”, a obra traz a identidade única da banda, o “caipigroove”, que mistura sons típicos de Minas Gerais com uma sonoridade visceral. A instrumentalização inclui o tambor mineiro, o congado, a viola caipira e o berrante de chifre, criando uma experiência sonora autêntica e contundente.
“Enquanto defensores da cultura popular do interior, nos sentimos no dever de defender as causas, instituições e pessoas que lutam pela roça em que a gente acredita, esse sempre vai ser nosso lugar de fala”.
A capa de “Rio Doce” é uma obra do artista Leonardo Leitão, que faz parte de uma série de pinturas criadas para o álbum que o grupo está se preparando para lançar, Corta Quebranto. Utilizando tons quentes e texturas densas, a imagem retrata a enxurrada de lama que devastou Minas Gerais, com uma fusão de símbolos religiosos e elementos apocalípticos que denunciam o descaso e a negligência das grandes mineradoras. Igrejas e artigos religiosos aparecem submersos na lama, representando o abandono e a falta de humanidade diante da tragédia.
Formada em 2020, no interior da rica zona da mata de Minas Gerais, a Roça Nova é uma banda autoral e independente que cria uma paisagem sonora que chamam de “caipigroove”. Os compositores buscam inspiração na observação do cotidiano, na interpretação de sentimentos, na história e nos fragmentos da revolução tecnológica, rompendo com a imagem de um interior limitado, que agora se comunica de maneira mais ampla. O projeto aborda temáticas de resistência diante das crises culturais, humanitárias e ambientais que permeiam o vasto e rico interior latino-americano.
Roça Nova é Bernardo Leitão (percussão), Hector Eiterer (baixo), João Manga (bateria), Marco Maia (guitarra), Pedro Tasca (voz e violão), Tiago Croce (viola caipira e rabeca) e Thalles Oliveira (percussão).
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