Rock In Rio: Foo Fighters ataca com sua tradicional chuva de hits

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O insistente aguaceiro da tarde e início da noite deu uma boa trégua na hora dos headliners, e a chuva que se viu na Cidade do Rock durante o show do Foo Fighters foi a de hits.Com a plateia devidamente aquecida pelo Weezer, que se apresentara logo antes, Dave Grohl, Pat Smear, Taylor Hawkins, Nate Mendel e Chris Shiflett encontraram um público que em sua maioria estava ali para vê-los, como um time de futebol que joga em casa.

Quando se vai a um show do FF já se sabe o que esperar: berros do vocalista do início ao fim, e uma saraivada de sucessos. Afinal são 24 anos de êxito comercial, nada mau para aquela que começou como “a banda do baterista do Nirvana”. Ao contrário de seu colega Krist Novoselic, ele não quis largar os palcos após o suicídio de Kurt Cobain, que decretou o fim do principal nome do Grunge de Seattle. Ao trocar as baquetas pela guitarra e o microfone, Grohl se revelou um frontman de primeira categoria e foi se aperfeiçoando ao longo dos anos. Com tantos hits à disposição, fica difícil fugir da fórmula certeira.

Sem introdução ou qualquer firula para anteceder o show, vieram os primeiros acordes de ‘Pretender’, do álbum “Echoes, Silence, Patience & Grace”, de 2007. E o dono da festa aos berros, claro. Na sequência, outro sucesso, ‘Learn to Fly’, faixa do terceiro disco “There Is Nothing Left to Lose”. Ali o público já estava ciente de que se tratava de um voo seguro e confortável, passeando por todos os álbuns, inclusive o mais recente, “Concrete and Gold”, do qual saíram quatro: ‘Run’, ‘Sky is a Neighborhood’, ‘Sunday Rain’ e ‘La Dee Da’.

Embora já tenha vindo várias vezes ao Brasil (a última foi em fevereiro do ano passado), o Foo Fighters não integrava o line-up do RIR desde sua estreia em solo brasileiro, na terceira edição do festival, em 2001. Dave Grohl lembrou desses dezoito anos de ausência e que agora tem ainda mais músicas. Em outro momento, lembrou também de sua primeira vez no Brasil em 1993, aos 24 anos, ainda com o Nirvana. O vocalista confessou que chorou ao ver do backstage o Weezer tocando ‘Lithium’, e dedicou a eles ‘Big Me’, em uma versão lenta, de voz e guitarra.

O palco é definitivamente o playground de Grohl. Ele domina a cena como poucos de sua geração, administrando também a direção dos holofotes. Os momentos em que os outros membros têm seu destaque são divertidíssimos. Ao ser apresentado, Shifletts toca o riff de guitarra de ‘Start Me Up’ dos Rolling Stones e é interrompido pelo frontman que diz “não é uma música do Foo Fighters. Mas bem que eu gostaria que fosse”. Já Mendel executou a base de ‘Rapper’s Delite’ no baixo, enquanto Pat Smear – sempre muito aplaudido, pois além de fundador do FF era guitarrista de apoio do Nirvana – tocou o tema da vinheta clássica da MTV, que estampou um sorriso nos rostos de quem tinha mais de 40 anos. Mas todo mundo estava esperando mesmo era o momento em que Grohl e o baterista Taylor Hawkins trocam de lugar e este executa um cover de algum clássico do rock. Assim como no show do Maracanã em 2018, Hawkins emulou Freddie Mercury puxando coro de ‘Love of My Life’ (ainda mais adequado dada a história que a canção tem com o festival) e em seguida, David Bowie em ‘Under Pressure’. Um agradável presente veio na forma de snipet na bateria de ‘Smells Like Teen Spirit’.

 

E Grohl tem a plena noção de que o show também é do público para o palco, ele capricha na interação, como na hora em que pediu para apagar as luzes e deixar apenas as dos isqueiros e celulares, surtindo o efeito constelação durante ‘Wheels’. Outro momento esperado é o que ele chama um fã para subir ao palco e mostrar algum talento com um dos instrumentos. O escolhido da noite não tinha nenhum, usou o palco para pedir a namorada em casamento diante de milhares de pessoas (e outras milhões assistindo pela TV e internet). Ele e a moça receberam as “bençãos” do padrinho ilustre e jamais esquecerão esse dia.

Após o acorde final de ‘Everlong’, que encerrou o show, alguns críticos certamente avaliaram que o Foo Fighters joga na zona de conforto, que já integra aquela categoria de bandas que se apoia nos êxitos do passado. Mas como bom maquinista de palco que é, Grohl segue a consideração que Bruce Springsteen transmite à sua E Street Band: de que cada show pode ser o primeiro ou o último da vida de alguém na plateia. E ainda mais em se tratando de festival, uma ocasião bastante propícia para iniciantes, tanto de concertos de rock quanto de encontros com a banda. Assim, mais uma vez eles acertaram em cheio.

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