Roger Waters está no Brasil e faz nessa quarta-feira (10/10) seu segundo show em São Paulo. Depois segue para Brasília (13/10), Salvador (17/10), Belo Horizonte (21/10), Rio de Janeiro (24/10), Curitiba (27/10) e Porto Alegre (30/10). Sempre lembrado como líder do Pink Floyd, Waters possui uma carreira solo, retomada em estúdio em 2017, após um longo período em que se dedicou a grandes turnês com sucessos de sua antiga banda. Aproveitando sua passagem pelo país com a turnê Us + Them, vamos lembrar os trabalhos após a saída do PF.
The Pros and Cons of Hitch Hiking (1984)
O primeiro trabalho solo de Roger Waters foi composto em 1977 e se converteria em um disco do Pink Floyd. Waters apresentou dois projetos conceituais: Pros and Cons e as músicas de um outro, chamado “Bricks in the Wall”. Depois de uma longa discussão, decidiu-se que o segundo viraria álbum (rebatizado de The Wall). O curioso é que tanto o produtor da banda na época, Steve O’Rourke, quanto David Gilmour acharam o conceito de “Pros and Cons” mais interessante. A temática gira em torno das angústias de um homem vivendo a crise de meia-idade durante uma viagem pela Califórnia. Ao longo do caminho, ele enfrenta medos e paranoias, desejo de cometer adultério com um caroneiro que ele apanha na estrada, todas essas coisas ocorrendo em tempo real nas primeiras horas da manhã de 04: 30: 08: 00 a 05:12 em um dia não especificado. O disco é produzido pelo próprio Waters junto com Michael Kamen, e tem participação de Eric Clapton, tocando guitarra e sintetizador.
Radio K.A.O.S. (1987)
O disco foi lançado no mesmo ano em que os três companheiros do Pink Floyd se reuniram usando o nome da banda, depois de uma exaustiva batalha judicial contra Waters. Radio “K.A.O.S.” flerta claramente com a música pop dos anos 80. Aqui temos faixas dançantes e funkeadas, como a que abre os trabalhos, ‘Radio Waves’. A impressão é que Waters quis seguir os passos de David Bowie. Mas há acenos para a fase Floyd, como os (muitos) efeitos sonoros. Em ‘Four Minutes’ ouvimos ao fundo um looping que remete a ‘On The Run’, do “The Dark Side of the Moon”. A temática da vez são as telecomunicações, em um mundo sem internet, as ondas do rádio conectavam as pessoas, e Waters usava sua emissora fictícia para faze-las pensar.
Amused to Death (1992)
Primeiro o rádio, agora a TV. Roger Waters quis refletir os efeitos do veículo de comunicação em massa/máquina de fazer doido sobre as pessoas naquele final de século XX. O conceito era de um chimpanzé trocando de canal aleatoriamente. Inspirado no livro Amusing Ourselves to Death, de Neil Postman, o disco vinha imbuído de crítica à Guerra do Golfo, conflito no Golfo Pérsico que acabara de ocorrer, com EUA e Reino Unido no centro da ação. Waters vocifera contra a guerra seja se utilizando de paralelismo, como em ‘The Ballad of Bill Hubbard’, ou de forma incisiva como em ‘Perfect Sense’ e ‘The Bravery of Being Out of Range’. Essa última inclui uma referência à canção ‘Sheep’, do álbum Pink Floyd “Animals”, de 1977. Nela, diz: “I’ve looked over Jordan and I have seen/Things are not what they seem” (“Eu olhei para a Jordânia e eu vi / As coisas não são o que parecem”); já “Bravery”, ele canta “I looked over Jordan and what did I see? I saw a U.S. Marine in a pile of debris” (“Eu olhei para Jordânia e o que Eu vejo? Eu vi um fuzileiro naval dos EUA em uma pilha de escombros.”).
Ça Ira (2005)
Conhecido pela ópera rock The Wall, Roger Waters resolveu se aventurar por uma ópera erudita. Ça Ira se passa na Revolução Francesa e começou a ser desenhada em 1987. Quando enfim foi lançada, a crítica torceu o nariz por achar a obra convencional demais. No entanto, foi o disco de música erudita gravado por um roqueiro mais elogiado naquele período que também teve Paul McCartney e Sting se aventurando na seara. Ça Ira foi apresentada no Teatro Amazonas durante o 12º Festival Amazonas de Ópera. Waters aprovou, e levou o diretor da montagem polonesa para mostrar que aquela era a encenação exatamente como ele imaginou.
Is This the Life We Really Want? (2017)
Vinte e cinco anos depois de seu último trabalho regular de estúdio, Roger Waters resolveu lançar um disco de inéditas. O álbum pode ser considerado o primeiro álbum anti-Trump. As músicas refletem as relações humanas nesse início de século XXI e explica que o fenômeno da eleição de Trump é mais conjuntural do que se pensa. Confira a crítica completa aqui.
gosto muito do cara, independente de suas atitudes políticas e conceituais, o importante é seu talento isso ninguém pode negar