A capa de colagens e costuras entrega: “O espaço abre, o céu pesado cai” é um disco de pontes. Unindo diferentes fases de Santos, projeto encabeçado pelo multi-instrumentista, o trabalho marca uma pausa por tempo indeterminado em seus lançamentos. O novo álbum, terceiro de Lucas Santos com essa identidade, sai digitalmente pelos selos Diáspora, Creep Machine Records e Paracelso Records.
“O espaço abre, o céu pesado cai” marca o fim de uma série de três álbuns ao longo de 2019, que anunciaram o hiato de Santos. Após um EP split ao lado de Neiva e o EP “Delusão”, o disco chega trazendo uma atmosfera ainda inédita no trabalho do artista carioca. O pontapé inicial veio em uma festa junina em Aglomerado da Serra, bairro de Belo Horizonte conhecido como a terceira maior favela do país. Indo além dos estereótipos e noticiários, Lucas coloca em primeiro plano a amplitude do céu a partir desse ponto de vista, fazendo um paralelo direto com os novos horizontes que ele mesmo busca nesse novo disco.
Naquela época – junho de 2018 -, o projeto estava em outro momento. Seu primeiro trabalho foi o álbum “Suor” (2016), com oito faixas compostas, gravadas e mixadas pelo próprio artista. Em 2017, Santos lançou três EPs onde registrou versões feitas ao vivo para músicas, em sua maioria, inéditas. Em 2018, lançou seu segundo álbum, “Afeto”, um compilado de composições feitas entre os seis anos que o antecedem, e passeiam sonoramente por uma miscelânea de gêneros e formas de gravação em uma longa jornada sentimental.
Agora, prestes a se despedir desse universo por um tempo, Lucas busca novas inspirações. As canções vão do tom pessoal para o universal, refletindo questões ainda íntimas com uma visão menos individualista. Musicalmente, a estética vanguardista já característica de Santos se intercala a timbres de percussão pouco convencionais e a compilados de efeitos de voz e guitarra. A ideia foi possibilitar uma mixagem mais experimental.
“Com a maior parte das coisas que cantava e sentia durante o processo de ‘Afeto’, hoje eu me defronto em outras circunstâncias, olhando para esse passado com uma distância reflexiva e necessária. Esse disco gira menos em torno de minha individualidade e busca pensar questões espirituais, existenciais e políticas de forma mais livre e crítica”, reflete ele.
Intuição e sentimento na sua forma pura são as marcas do projeto, que Lucas chama de “música acidental”. Tratando seu som como um afro-grunge, as canções fazem o encontro do noise com o funk, passeando também pelo folk, shoegaze e pela psicodelia. Após o protagonismo da guitarra em “Suor” e o formato de banda de “Afeto”, com “O espaço abre, o céu pesado cai”, ele abre uma nova porta criativa – mesmo que seja apenas para se despedir.
O álbum é um lançamento conjunto dos selos Diáspora, Creep Machine Records e Paracelso Records e está disponível em todas as plataformas de streaming musical.
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