Um Eddie Vedder para entrar em qualquer discoteca básica

Fazer a resenha de um álbum de um artista veterano ou consagrado é sempre um perigo. Geralmente, as comparações com os trabalhos prévios do músico/cantor são desfavoráveis.

Bem, esse não é o caso de “Earthling”, álbum de Eddie Vedder, lançado nesta quinta-feira (11/02). O disco é simplesmente viciante e praticamente impossível de parar de ouvir.

Para lembrar o Pearl Jam

Mas, qual a razão para Earthling ser tão bom? As respostas são muitas.

Uma das razões principais é que esse é o primeiro álbum em que Vedder não tenta fugir das raízes do seu trabalho com o Pearl Jam — quem ouviu o lançamento anterior de Eddie (“Ukulele Songs”, de 2011) sabe do que estou falando.

Temos a banda, claro. A The Earthlings, que acompanha Vedder em todo o álbum, é formada pelo ex-guitarrista do Red Hot Chilli Peppers Josh Klinghoffer, o baterista Chad Smith (também dos Chilli Peppers), o baixista Pino Palladino (ex-The Who), o guitarrista e produtor Andrew Watt e o guitarrista e backing vocal Glen Hansard.

Com esses nomes, fica fácil deduzir que a performance musical é de altíssima qualidade.

Outro ponto importante, se não o mais importante, é a qualidade das canções. “Earthling” é, provavelmente, o mais inspirado e coeso álbum no qual o vocalista já esteve envolvido.

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Um álbum com vários climas

As 13 canções que fazem parte de Earthling são um mix das várias influências contidas dentro do artista Eddie Vedder. Temos Tom Petty, Beach Boys e Elton John, para citar algumas.

Na verdade, algumas dessas influências estão realmente no disco.

A produção de Andrew Watt (Miley Cyrus, Ozzy Osbourne e Post Malone) garante a coesão e qualidade as faixas mais pop/radiofônicas, aos rocks, baladas e até ao clima country de uma delas.

Logo na faixa de abertura é possível ouvir a pegada pop do álbum. ‘Invincible’ é perfeita para o rádio e deve se tornar um grande momento dos shows de Vedder.

Essa pegada roqueira, acelerada e dançante, também pode ser encontrada no ótimo riff de guitarra de ‘Power of Right’ ou nas mais pesadas ‘Good and Evil’ e ‘Rose of Jericho’.

‘The Dark’ é puro Bruce Springsteen e ‘Long Way’ (a canção mais ouvida no Spotify até agora) poderia facilmente estar em qualquer álbum de Tom Petty.

Eddie Vedder

Participações especiais: as cerejas do bolo

Temos, claro, as participações especiais. Não é qualquer álbum que conta com Elton John, Ringo Starr e Stevie Wonder.

Apesar de não creditadas, as presenças de Ringo e Stevie são facilmente reconhecíveis. Já a de Elton é impossível de não notar, já que é o único dueto do disco.

O engraçado é que ‘Picture’, o citado dueto com Elton John, é, talvez, a faixa que menos se encaixa nos climas de “Earthling”.

Porém, a pegada country, tradicional em várias composições de John, e o gingado de seu piano tornam a canção uma das preferidas logo na primeira audição.

É, sem dúvida, uma das melhores coisas produzidas por Elton John nas últimas décadas.

Acho que ainda não falei de Beatles nesse texto, mas não dá para ouvir ‘Mrs. Mills’ e não pensar em Paul McCartney e ouvir ecos das suas melodias.

Não, ele não participa do disco e não é parceiro na composição, mas a “aura beatle” paira pelos 4min04s da canção. Brilhante!

 

Com a cara e voz de Eddie Vedder

“Earthling” é um álbum com a cara e a voz de Eddie Vedder. Ele está cantando com a mesma personalidade e potência de 30 anos atrás, sem dar pistas de desgaste nas cordas vocais.

Além disso, Vedder, repito, parece ter perdido a timidez em relação ao rádio, as paradas de sucesso e a alegria.

Poucas vezes ouvimos uma coleção de canções tão leves e alegres vindas do líder do Pearl Jam, o que é uma excelente notícia.

Eddie Vedder

Vedder é mesmo um terráqueo incomum.

O Pearl Jam pode nunca ter sido uma banda hit maker (embora tenha singles que foram bem nas paradas), mas é bem possível que a voz de Vedder invada as ondas das rádios em todo o mundo.

Resumindo, após cinco audições, fica aqui a certeza de que este é um trabalho para ser lembrado daqui a 30 anos como clássico.

“Earthling” não é apenas candidato a álbum do ano, mas candidato a álbum da década.

Nota: Excelente 4,5 de 5 estrelas

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