O Brasil sempre se fechou para a música estrangeira que não chegasse às nossas rádios através das grandes gravadoras americanas, mas já houveram óbvias exceções. No caso da música vinda de Portugal, acredito que a barreira nunca foi mercadológica, mas sim cultural. O brasileiro ainda ri, mesmo que involuntariamente, toda vez que ouve um português falando ou cantando.
Por que será?
Como hoje em dia ninguém mais depende exclusivamente da boa vontade de gravadoras para conhecer bandas e artistas novos, de qualquer país ou gênero, escrevi este artigo, em 2 partes, com nomes que vem chamando atenção em Portugal nesta última década, mas não são necessariamente artistas populares ou radiofônicos. E para os que torcem o nariz para o sotaque, também há artistas que cantam em inglês ou fazem música instrumental.
NO POP ROCK, O QUE HÁ?
Os Pontos Negros são quatro rapazes de Sintra que fazem o chamado novo rock, aquele com melodias altamente assobiáveis e levemente dançantes, nos moldes dos The Strokes. A banda realmente não tem nada de excepcional, mas é divertida, tem letras despretensiosas e se sai muito melhor do que aquela outra banda carioca que imita os nova iorquinos. Em 2008 eles lançaram o Os Pontos Negros e preparam para maio desse ano o lançamento de Pequeno Almoço Continenta”.
O Wraygunn é o completo oposto. Cantam em inglês, seu rock n’roll está enraizado na soul music e no funk americano, misturam batidas eletrônicas com percussão e orgão. O grande diferencial da banda são as duas vocalistas de apoio, Raquel Ralha e Selma Uamusse, que dividem o microfone com o explosivo vocalista e guitarrista Paulo Furtado, que também tem um projeto paralelo chamado The Legendary Tiger Man. Apesar de virem de Coimbra, qualquer desavisado poderia pensar que vieram de Detroit.
Os Quais é uma dupla de Lisboa formada pelo multi-instrumentista Tomas Cunha Ferreira e o escritor Jacinto Lucas Pires. Em seu EP de estréia, o ensolarado Meio Disco, fazem pop rock redondo, com pitadas de Jazz, Bossa Nova e algumas poucas intervenções eletrônicas. Geograficamente, é um disco português, mas de alma assumidamente brasileira.
Alexandre Monteiro é a banda-de-um-homem-só The Weatherman. A banda apareceu como a grande surpresa na mídia especializada portuguesa em 2006, com o dico de estréia Cruisin’ Alaska, cantando em inglês e francês. Adepto da doce psicodelia pop que se espalhou por todo o mundo num curto período dos anos 60, seus discos soam muito mais autenticos e agradáveis do que muitas bandas do brit pop que tinham os mesmos ídolos. Em 2009 lançou o ainda mais elogiado Jamboree Park at the Milky Way.
O Diabo na Cruz é o que se pode chamar de super grupo da música independente portuguesa, reunindo gente como B Fachada, Tiago Guillul e Jorge Cruz. Mas é, com certeza, a banda de mais difícil assimilação para brasileiros, pois misturam rock, pop e fado (se nós temos o samba rock…). Acabaram de lançar Virou, o simpático primeiro disco do grupo.
[youtube width=”440″ height=”290″]http://www.youtube.com/watch?v=cHY75iTborA&feature=related[/youtube]
E DE INDIE ROCK , O QUE TEM?
O quarteto lisboeta Linda Martini faz um som sujo e barulhento, com muitos resquícios do rock alternativo dos anos 90. As músicas são pesadas, arrastadas e envoltas em melancolia, mas ainda assim, empolgantes na sua execução cheia de nuances. Olhos de Mongol, lançado em 2006, já se tornou um clássico, enquanto seu mais recente EP, Intervalo, pode ser baixado de graça aqui.
Mariana Ricardo é a ex-vocalista dos Pinhead Society e hoje pode ser mais conhecida como uma das roteiristas do filme “Aquele Querido Mês de Agosto“. Seu primeiro disco solo saiu em 2009 como o derradeiro lançamento do net label Merzbau, onde pode ser baixado de graça. Apesar de indie rock em sua essência, todas as canções são executadas em encantadores arranjos minimalistas de ukelelê, baixo e bateria. Adorável.
Lobster é uma dupla de guitarra-e-bateria um pouco diferente do que se costuma ver por aí, pois seu som parece um híbrido de math rock com speed metal instrumental. E além de tudo, são bastante inventivos, sempre levando a dinâmica entre os instrumentos ao limite. Seu primeiro lançamento, Fast Seafood, de 2006, pode ser baixado no site do extinto e influente Merzbau.
Formada em Porto, a Alla Polacca faz indie rock progressivo (!), utilizando-se de alguma experimentação e dos silêncios. O disco We’re Metal and Fire in the Fliers of Time de 2008, esteve presente em várias listas de melhores do ano em Portugal.
O Paus é só uma promessa. Afinal de contas, tudo o que se ouviu deles foi uma música em versão demo postada no myspace, enquanto terminam de gravar o seu primeiro disco. Mas essa faixa já faz valer todas as apostas que faço nesse outro supergrupo português (conta com integrantes do Linda Martini, If Lucy Fell e Riding Pânico). A banda se auto-descreve como “uma bateria siamesa, um baixo maior que a tua mãe e teclados que te fazem sentir coisas“.
[youtube width=”440″ height=”290″]http://www.youtube.com/watch?v=Qn2dcpiu3GM&feature=player_embedded[/youtube]
A Parte II desse artigo será publicado na semana que vem, trazendo o crème de la crème da música experimental, do folk e da música instrumental portuguesa, tudo muito fixe.
Boa lista Amudad! E apesar de ser de cá não reconheço muitas da bandas o que quer dizer que são bastante novas. Além do mais existem uns quantos nomes sonoros do Novo Fado que espero que se possa fazer referência.
Quanto ao cepticismo brasileiro face à música portuguesa posso dizer que quando se fala em música brasileira lembro-me mais rapidamente de Netinho, Iran Costa, Banda Eva e Leandro & Leonardo do que propriamente do que cantores-autores com renome ou clássicos actuais da bossa-nova.
Opa, João. Te entendo perfeitamente, os nossos maiores produtos de exportação são Ivete Sangalo e Novelas haha. É triste.
Pois então, não estou muito familiarizado com o Novo Fado, infelizmente. Meu próximo post tratará de gente como JP Simões, João Coração e Norberto Lobo.
Porém, se tiveres indicações a me fazer, quem sabe não faço uma terceira parte do artigo mais pra frente?
Pessoal, sei que não é uma banda nova e tal, mas eu recomendo a banda "Mão Morta"… estão na estrada desde de 1985 e são de Braga. Os caras possuem ótimas músicas, inclusive recomento o álbum "Primavera de Destroços".
Opa, João. Te entendo perfeitamente, os nossos maiores produtos de exportação são Ivete Sangalo e Novelas haha. É triste.
Opa, Diogo. Tenho ouvido muito o Pesadelo de Peluche, do Mão Morta. Mas, realmente, o preferi falar de bandas/artistas que apareceram nos últimos 10 anos.
Adorei esse artigo, me deu bastante material para buscar — e tudo novidades!
Quanto ao cepticismo brasileiro face à música portuguesa posso dizer que quando se fala em música brasileira lembro-me mais rapidamente de Netinho, Iran Costa, Banda Eva e Leandro & Leonardo do que propriamente do que cantores-autores com renome ou clássicos actuais da bossa-nova.
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olha o tuguinha dando uma de indiferente crente que agente liga para o que ele pensa sobre música brasileira haha! ainda tenta resumir o Brasil a Ivete.
de fato quando se fala em música brasileira se pensa logo em ''Ivete'' por ser algo extremamente popular mas se for para pra pensar em artistas de portugal se baseando nessa lista logo se ve que vcs são tão criativos que tem artista ai que tem bossa-nova como influência. cadê a influêcia de ritmos portugueses?
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e pra que eu vou ouvir um monte de artistas portugueses que copiam o som de bandas da inglaterra, EUA, França?
Strokes!? Não Obrigado, nem gosto do original quanto mais do pirata.
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Opa, João. Te entendo perfeitamente, os nossos maiores produtos de exportação são Ivete Sangalo e Novelas haha. É triste.
baseado em que vc dis isso? ainda tem aspone que fica do lado do tuguinha e menos que com esse papinho de tele-novelas acho que isso é pq vcs nunca viram uma tele-novela portuguesa isso sim é muito triste. e olha que eu nem gosto de tele-novelas.