O Weezer lembra bastante os Ramones. Assim como a banda de Nova York, fundadora do punk, o quarteto radicado em Los Angeles está há duas décadas seguindo a mesma sonoridade, com algumas variações aqui e ali, e dialogando com o mesmo publico juvenil dos primeiros discos. Mas o que em muitos casos pode ser encarado como falta de ousadia e acomodação, no caso de ambas as bandas é benéfico.
O Weezer lança o White Álbum (Crush Music/Atlantic Records, 2016) mantendo intacta não apenas a sonoridade, mas a tradição de, eventualmente, lançar um disco batizado com a cor predominante da capa. Depois da estreia em azul em 1994, do “Green” (verde), de 2001 e do “Red” (vermelho), de 2008, chega a vez do branco. Retornando de um hiato relativamente curto (o último disco dos rapazes, “Everything Will Be Alright In The End”, é de 2014), a banda volta apostando no power garage pop emotivo que os tornou famosos e influenciou uma série de bandas no final dos anos 90 e início dos 00.
Talvez esse tenha se tornado o calcanhar de Aquiles do Weezer. Por não terem feito nenhum tipo de mudança vetorial significativa no seu som desde o início, em alguns momentos, soam como uma das bandas influenciadas por eles. Mas o trunfo da banda – formada por Rivers Cuomo (vocal, guitarra, teclado), Patrick Wilson (bateria, percussão, vocal, teclado), Brian Bell (guitarra, vocal), Scott Shriner (baixo, vocal, teclado) – é justamente a total e genuína falta de pretensão. Tocam e gravam para se divertir, e quem quiser embarcar na onda é bem vindo.
Estão ali, inseridas nas letras, os romances, as dúvidas e as angústias emoldurados por melodias ensolaradas e fáceis de cantarolar. Até nos esquecemos de que se trata de um disco gravado por senhores quarentões (Shrinner,o baixista, já é cinquentão, completa 51 em julho). ‘Califórnia Kids’, ‘Do You Wanna Get High’, ‘Summer Elaine and Drunk Dori’ e ‘L.A. Girlz’ são exemplos perfeitos.
Nenhuma delas se equipara aos clássicos ‘Undone’, ‘Buddy Holy’, ‘Say It Ain’t So’ e ‘Hash Pipe’, mas como já fora dito acima, a despretensão permeia esse novo álbum, e fica claro durante os 34 minutos de audição que o objetivo não era superar álbuns anteriores, criar uma obra prima, ou o disco do ano. Apenas se divertir sendo fiéis a si próprios, valorizando os acertos (energia), admitindo os erros (repetição), e, o mais importante, sendo honestos com os fãs.
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