Star Wars (dBPM/ 2015), novo disco do Wilco, não tem nada a ver com a saga criada por George Lucas além do nome. A primeira faixa, ‘EKG’, na verdade uma pequena introdução de 1 minuto e 16, pode até remeter a algo intergalático por seus arranjos de guitarra que podiam perfeitamente ter saído da imaginação de Ben Burtt, o designer de som da saga cinematográfica.
Wilco surgiu em Chicago, nos Estados Unidos, em meados dos anos 90. Era uma daquelas bandas que se formaram durante a ressaca do grunge de Seattle (o Wilco iniciou as atividades em 1994, ano da morte de Kurt Cobain) e tinha como proposta sonora um estilo alternativo adulto, com influência do folk/country e um viés experimental.
Um rock indie que ia além apenas das guitarras distorcidas. Mas foi no final da década, com o ótimo Summerteeth, de 1999, que alcançaram destaque junto à crítica musical e ampliaram seu público. Mermaid Vol.2, Young Hotel Foxtrot de 2000 e A Ghost Is Born de 2004 seguiram na esteira do sucesso, sedimentando a fase áurea da banda.
O Wilco é uma banda cara aos amantes do vinil, seus principais trabalhos podem ser encontrados no formato em edições novas em 180 gramas (importadas, é claro). Porém, Star Wars seguiu a atual tendência de muitos artistas de se lançar o álbum na internet gratuitamente e também em serviços de streaming e depois em formato físico, cada vez menos relevante comercialmente, servindo mais como souvenir.
O lançamento físico só acontecerá em 21 de setembro. Mas até lá, os fãs já podem ir se deliciando com esse que já pode ser considerado um dos melhores trabalhos de rock do ano.
Star Wars mantém a organicidade do Wilco, mas enveredando nitidamente mais para a catarse do que para a introspecção intimista que podia se notar em trabalhos anteriores. Ainda assim essa introspecção não está de todo ausente, pode ser percebida em ‘Magnetized’ e ‘Taste the Ceiling’. Há momentos voltados à poesia grandiosa como em ‘You Satellite’ e de despojamento empolgante em ‘Random Name Generator’ e ‘King of You’, estofadas com efeito fuzz setentista. Já ‘Where Do I Begin’ é a verve power pop do Wilco falando mais alto, com uma virada Beatles circa 67/68 no final.
Por fim, este 11º trabalho do Wilco traz um frescor e uma energia que pode fazer muito jovem que está conhecendo a banda neste momento acreditar que se trata de um novo nome na cena. Os quatro anos de hiato entre o último álbum e este parecem ter surtido efeito revigorante.
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