Como o fim de uma longa noite e o reencontro com a luz, WRY lança “Aurora”, seu oitavo álbum de estúdio e o primeiro totalmente em português. A banda, que ajuda a contar a história do underground e do indie rock brasileiro há mais de duas décadas, renova sua sonoridade com este trabalho. O lançamento é do selo Before Sunrise Records.
As composições na língua natal do grupo de Sorocaba (SP) não são mera coincidência: suas temáticas dialogam, em maior ou menor escala, com os dilemas e cotidianos urbanos de um Brasil em desalento. Daí o título do disco assumir esse caráter quase ousado de ir na contracorrente da própria história do WRY e da realidade do mundo lá fora.
“Quando estávamos pensando no título, a gente analisou as letras, uma a uma, e vimos que tinha um fio de esperança reacendendo no que estávamos propondo com cada faixa. Juntando isso com a época em que o disco seria lançado, em plena eleição presidencial brasileira, não poderíamos pensar em outro senão ‘Aurora’, o que pra gente soou perfeito. O primeiro clarão da aurora indica um novo dia, traz o sentimento de esperança, talvez até o otimismo, mas não nos diz exatamente como o dia será. Isso a gente vai descobrir conforme o tempo vai passando. Acho que o álbum é isso, uma meia esperança, um otimismo com cautela”, conta o vocalista e guitarrista Mario Bross.
Um novo horizonte:
Depois do disco “Reviver”, eles reconstroem. WRY explora sonoridades e nuances, se afastando do que marcou a história do grupo. No novo disco, a sonoridade vai do post-punk ao reggae e ao dub sem receio de se mostrar poético e enlutado (“Carta às Moscas”), abertamente politizado (“Temos um Inimigo”), de encarar as mudanças de peito aberto (como no single “Sem Medo de Mudar”) e seguindo firme com suas convicções (explicitado no single “Contramão”).
Produzido por Bross e João Antunes, este último também responsável pela mixagem e masterização, “Aurora” está em todas as plataformas de streaming e em breve estará disponível em vinil.
Mais um capítulo de uma longa história:
Além de Mario Bross, a banda é formada por Lu Marcello (guitarra), William Leonotti (baixo e backing vocal) e Italo Ribeiro (bateria). A WRY está em plena atividade e este é o seu terceiro trabalho em três anos consecutivos. Em 2020, lançou o disco “Noites Infinitas”, presente em dezenas de listas de melhores do ano, top 10 de programas de rádios brasileiras e norte-americanas e levou o prêmio Dynamite de Melhor Lançamento Indie de 2020. Em 2021 veio o álbum “Reviver”, uma coletânea de faixas que nunca entraram na sua discografia e que estavam até então inéditas nas plataformas digitais. Este disco também entrou em diversas listas de melhores do ano passado.
Os trabalhos mais recentes vieram para somar à trajetória do WRY, banda atuante na cena nacional e que já viveu em Londres, onde tocou com The Subways, The Cribs, Ash e The Joy Formidable. Também trabalhou com Tim Wheeler (Ash) e Gordon Raphael (The Strokes). No Brasil, se apresentou com diversas bandas importantes como Make Up, Superchunk, Ira!, Inocentes, Jota Quest e Júpiter Maçã. Passou por festivais como o Bananada, Goiânia Noise, Locomotiva, Lobotomia, Coquetel Molotov, Woodgothic e o espanhol Primavera Sound. “Aurora” mostra uma faceta mais acessível da sonoridade da banda, se aproximando do pós-punk para dialogar com temas do Brasil atual.
O novo álbum se une à discografia iniciada em 1998, com o lançamento de “Direct”. De lá para cá, vieram ainda “Heart-Experience” (2000), “Flames in the Head” (2005), “She Science” (2009), “National Indie Hits” (2010) e os recentes “Noites Infinitas” (2020) e “Reviver” (2021).
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