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100 Balas: Laços de Sangue

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Laços de Sangue é o terceiro arco da série 100 Balas e foi lançado originalmente entre as edições 15 e 19 da série publicada nos Estados Unidos, porém é o primeiro arco que eu arrisco comprar já que nunca me empolguei com o que a superelogiada criação de Brian Azzarello e Eduardo Risso.

Ao abrir a revista me deparei com um prefácio de Jim Lee, fundado da Wildstorm e atual manda chuva de toda DC Comics. Lee nunca foi bom com palavras e, sabendo disso, se restringiu sempre a ficar com seus desenhos apelativos, mas agora que se tornou um midas dos quadrinhos aparentemente esqueceu suas restrições intelectuais e começou a introdução do livro declarando:

“100 Balas pode ser uma das melhores séries produzidas para os quadrinhos em décadas”

Ao ler isto logo a primeira coisa que me veio a cabeça foi o egocentrismo do mercado norte-americano, recentemente um blog da revista Time fez uma lista com os 10 melhores quadrinhos da década sem citar qualquer publicação não estadounidense (curiosamente 100 Balas é o segundo da lista). Nem preciso comentar o quanto isto é absurdo não? Seria mais simples o inverso, mas mesmo escolhendo ficando somente nos quadrinhos americanos a lista é bem fraca, digna de Jim Lee & Cia. Pois bem, tentei ignorar isso e ler a revista como qualquer outra publicação que chega nas minhas mãos, então vamos à trama sem revelar spoilers.

Um agente conhecido como Graves viaja pelos Estados Unidos oferecendo uma maleta com informações sobre um determinado desafeto junto de um revolver com 100 balas não rastreáveis. Sem dúvidas um presente tentador demais para qualquer pessoa abalada e um belo mote para uma série de narrativas. Em ‘Laços de Sangue’ Graves chega até Loop, um jovem afro-americano sem rumo certo na vida que culpa o pai pela sua atual situação, entregando para o rapaz a localização de seu pai e a oportunidade de descontar sua frustração. Incapaz de acabar com seu velho, que o domina psicológicamente, Loop acaba por se tornar aprendiz de seu pai no mundo do crime.

Enquanto a trama de Loops e seu pai se desenrola podemos ver que existe uma trama principal de fundo ligada a um tipo de conspiração, algo bem comum em séries policiais ou de suspense, e que parece ser a cereja do bolo de 100 Balas. Como este é o primeiro arco que leio, vou me restringir ao que pode ser absorvido neste primeiro encadernado da série publicado pela Panini (os anteriores foram lançados pela Pixel). Mesmo com belos dialogos e uma arte condizente, a edição se mostrou apenas ‘bacaninha’ e deixou a sensação de estar aquém do esperado. Todo o tempo me pareceu que a trama do arco perdia em importância para uma trama maior, que talvez só pudesse ser absorvida por quem acompanhou toda trama anterior.

Muitas séries funcionam assim, mas 100 Balas é conhecida por permitir ao leitor acompanhar arcos individualmente sem perdas, algo como as séries de televisão ‘Dexter’ e ‘House MD’ e seus pequenos arcos que privilegiam tanto os espectadores casuais quanto os de primeira viagem. Ao terminar ‘Laços de Sangue’ não me senti comovido, inspirado ou relacionado a obra de alguma forma (Gran Torino alguém?). Aliás, a revista sim conseguiu me transmitir algo, a sensação que 100 Balas é realmente superestimada por um povo que não enxerga um palmo à sua frente.

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Sal -

on drums

4 Comentários

  • Perfeita sua crítica Salvador. Os americanos parecem realmente ignorar a qualidade de algo que esteja além de suas fronteiras. Alegam que são patriotas, mas na verdade são cegos para a realidade em torno deles mesmos. São o oposto do povo brasileiro, que acha que tudo que vem de fora é melhor do que o encontrado por aqui. Salvo, é claro, exceções dos dois lados.

    Sobre a obra, ainda tenho vontade de ler. Mas apesar das críticas positivas, não é algo que busco como prioridade. E pela tua resenha, ei de manter minha posição. =)

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