Ilustração: Fabio Monstro
Quando se fala em personagens de histórias em quadrinhos, pouquíssimas pessoas que não têm ligação alguma com o meio sabem há quantos anos muitos deles existem. Quem acompanhou nosso especial de 70 anos do Batman aqui no Ambrosia e no Multiverso DC pode ver mais de perto como a longevidade de um herói só consolida o mito em volta dele. Isso vale também para o Demolidor, mas sob aspectos muito diferenciados. O senhor da Cozinha do Inferno (bairro barra-pesada de Nova York) é desconhecido de muitas pessoas e dificilmente figura entre as listas dos favoritos de muitos leitores. Entretanto, a riqueza que ele nos apresenta é quase tão grande quanto a de um Superman, e neste especial de 45 anos de vida do herói vamos entender porque muitos dos melhores escritores da indústria quiseram trabalhar com ele.
Tudo começou em 1964, com Stan Lee e Bill Everett… ou quase isso. Naquela época, Lee já era um famoso escritor e editor por seus trabalhos anteriores de muito sucesso como Homem-Aranha, Quarteto Fantástico e Hulk – só pra citar alguns – e seu grande mérito nem foram suas criações, que em maioria não passavam de reciclagens de personagens de outras editoras, mas sim de aproximá-los mais dos leitores com seu aspecto humano e social, dando profundidade a pessoas que não passavam de personagens num pedaço de papel. Aproveitando o auge de sua criatividade, Lee queria criar um vigilante diferenciado de suas outras criações, ele teria um problema mais sérios do que todos os outros heróis que haviam existido – ele seria cego! Com esse diferencial Lee esperava que seu herói ganhasse a simpatia das pessoas por fatores que não faziam parte da empatia normal à um super-herói, fazendo com que isso fosse fruto do mérito que o herói teria por fazer o bem mesmo com tamanha dificuldade. Dizem que o escritor tinha um grande amigo cego também, e sempre imaginava como aquela pessoa conseguia ter uma vida normal com tamanha dificuldade, mas isso nunca foi confirmado pelo autor.
Tendo estes pequenos detalhes em mãos, a criação se deu início e para ajudá-lo, mais uma vez, o grande amigo Jack Kirby foi chamado. Apesar dos créditos irem todos para Lee e Bill Everett até hoje, atualmente se sabe que Everett pouco teve a ver com a criação dele de fato, que foi muito mais calcada por Kirby, sendo que Bill apenas fez as páginas das primeiras edições – e mais tarde Lee revelou que elas haviam ficado tão ruins que o próprio Kirby as finalizou. A partir daí era hora de criar o passado do herói e esse foi outro grande diferencial dele para outros heróis de quadrinhos: mesmo tendo um passado trágico, o já chamado Matt Murdock seria impelido a fazer o bem desde pequeno, passando sua adolescência estudando para se tornar um grande advogado no futuro.
A ideia que Stan e Kirby tiveram era muito interessante, mais ainda para a época. Apesar de ser lembrada como a década da paz e do hippie, os anos 1960 foram duros socialmente nos EUA, com a ameaça dos mísseis de Cuba, a ascensão comunista do outro lado do mundo e o decorrer da Guerra Fria. Curiosamente, a dupla tomou o caminho contrário, e não criou um monstro ou ser dramático, mas sim alguém tão humano quanto seus leitores. E mais: um cego, que passaria por cima de todos esses grandes desafios para seguir à risca seus princípios, incutidos pelo próprio pai, Jack “Batalhador” Murdock, que seria um homem íntegro, até ter que fazer um pacto com um chefe criminoso para se tornar um lutador de boxe de sucesso mais uma vez e garantir boa vida e estudos ao filho. Com o background definido, era hora de criar histórias reais para o novo herói.
Logo no primeiro capítulo Lee, e agora Everett, apresentam todo o passado de Matt Murdock, de seu estudo, ao acidente que o deixou cego, até o desenvolvimento de seus sentidos e de seu radar natural que ficaram evidenciados pela cegueira, culminando no assassinato de seu pai e no juramento de fazer o bem seja no banco de defesa ou à noite como um mascarado fora-da-lei. Este aspecto colou muito no começo da revista, pois os leitores já tinham a credibilidade que vinha da qualidade de Lee, mas também ficaram curiosos por ver este diferente vigilante. Entretanto, nem tudo foi um mar de rosas.
As primeiras edições de Demolidor sofreram muito com a alta rotatividade de artistas, pois ninguém queria pegar a revista com coisas como Homem-Aranha e Quarteto Fantástico vendendo horrores pela Marvel, bem como outros títulos de muito sucesso da DC. O Demolidor ficou jogado de canto e só foi criar alguma solidez com a chegada de Gene Colan, amigo de Lee e muito interessado no trabalho. A partir daí, a revista do herói passou a ter um elenco fixo de criação, mas passou a sofrer de outro problema, esse muito mais sério: o elenco coadjuvante do herói. Desde a primeira edição já estavam todos familiarizados com Karen Page e Foggy Nelson, mas os vilões não colavam, e isso foi fazendo com que a revista entrasse numa brusca queda de vendas. Para tentar salvar, Kirby entrou brevemente na jogada, colocando Ka-Zar em algumas edições, mas também não foi suficiente e logo Demolidor se tornaria uma revista bimestral.
Mesmo no início de sua publicação, o Demolidor já era obrigado a encarar desafios vindos de outras revistas e que ficavam em segundo ou terceiro plano para acabarem reutilizados como restos em suas histórias. O primeiro caso é o próprio Electro, inimigo do Homem-Aranha, que já apareceu logo na segunda edição da revista mensal do herói chifrudo. Isso tirava e muito a credibilidade e identidade própria que o personagem deveria ter. Mas isso ainda era só o começo e o herói escarlate sofreria muito mais na Marvel até conseguir seu lugar ao sol em meio a tantos personagens.
Em nosso próximo artigo vamos falar do uniforme do Demolidor, dos anos 70 e da minissérie recente (mas que se passa nesse período cronológico do herói) Demolidor: Amarelo, de Jeph Loeb e Tim Sale.
Nossa agora vocês tem meu total respeito. Admito que muitos não gostem do personagem e que eu só fui descobri-lo após aquele filme vergonhoso, mas o bom é que pude ler a fase do Bendis e do Maleev e me apaixonei com o personagem tanto que andei pesquisando muito sobre ele. É meu herói favorito, por ser o mais justo deles.
pô,mto bom vcs fazerem um especial sobre o demolidor que é um dos meus he´rois favoritos,e a culpa dele não ser tão conhecido como o homem aranha,o quarteto e os x-men é exclusivamente da marvel,um herói rico em histórias boas e que trouxe um diferencial para os quadrinhos,o fato dele ser cego o transforma num herói mais fantastico ainda…a verdade é que o filme dele foi um lixo,pq pegaram as sobras da elektra e com um roteiro mediocre fizeram o filme,agora se os estudios marvel fizerem,e eu acho que vão fazer um novo filme com um bom roteiro,um bom elenco e com uma história fiel a dos quadrinhos eu tenho certeza que vai ser um sucesso.
outro ponto é que a marvel não usa o demolidor em todo seu potencial,pode reparar que em toda grande saga da marvel o foco é sempre:no quarteto,no homem aranha,no wolverine e na trindade(capitão,homem de ferro e thor)e é raro o demolidor aparecer nessas megas sagar em destaque,se ussasem ele nessas megas sagas ele seria mais conhecido e provavelmente mto mais famoso entre os leitores
E, quando Frank Miller deu seu “toque de midas”, o Demolidor se consolidou como um dos melhores vigilantes dos quadrinhos, rivalizando até com o Morcegão.
Os méritos deste especial são todos do brilhante amigo Morcelli 😀
Agora quanto ao personagem, sem dúvidas o Demolidor se torna o personagem favorito de quase todo mundo que continua lendo quadrinhos da Marvel depois de adulto. O personagem, por não possuir poderes muito além dos limites humanos, fica na mesma linha que o Batman e por isso atrai tanto interesse.
Podem reparar que os personagens que Frank Miller melhor escreveu foram estes dois. No mais, eu fico feliz que o Demolidor não fique participando de grandes sagas da Marvel mais ativamente, seu pedaço é a cozinha do inferno!
Eu concordo com tudo que você disse, principalmente de não colocá-lo nas Sagas Marvel. Isso só iria estragar a mitologia do personagem. Ele não é para essas coisas. O bom é ele ser neutro, senão virá outro Wolverine, que sinceramente, não aguento mais pegar uma revista da editora é ver a cara dele. Ou de clones, filhoe e afins.
O Demolidor é um vigilante urbano. Suas histórias são o que são, por estarem próximas de nossa realidade urbana, com sua violência, corrupção e uma sensação de inutilidade dos esforços do homem comum. Tire os sentidos extranormais e seu treinamento em antigas artes marciais, Murdock ainda chamaria a atenção como um batalhador dos tribunais.
Deixe estes “superproblemas” e estas “sagas cósmicas” para os “super-qualquer-coisa”. Nós curtimos o Matt onde ele está, defendendo os inocêntes e levado a justiça aos meliantes (ainda que a justiça não lhes tenha alcançado pelos meios legais).
eu dicordo de vc camino,eu acho que o demolidor devia sim participar de grandes sagas da marvel,até para interagir mais com o universo marvel,como o demolidor pode ter reconhecimento se ele não participa de grandes sagas,porque msm ele sendo um vigilante ele é acima de tudo um herói.
acho que deviam fazer 2 séries mensais dele assim como o justiceiro:uma que ele interage mais com o universo marvel e outra a linha normal