A Vó de Jean Galvão (a personagem) é uma senhora que vive quase que em total isolamento do mundo externo. Fora uma eventual ida ao médico, à igreja e as várias idas à farmácia, seus contatos com a com o mundo se dão através da rádio religiosa que escuta durante o dia inteiro e por sua vizinha, a comadre Ditinha, outra senhora solitária que nunca consegue fazer com que seus netos a visitem. A Vó vive sua tranquila e hipocondríaca existência, até o momento em que começa a conversar com a foto de seu falecido marido, Tonico, um cafajeste dos grandes, até no além. O trio de coadjuvantes é completo pela neta, uma garota ‘moderna’ que não acredita muito em religiões, mas só age de acordo com o seu mapa astral.
Através da rotina da Vó, Jean constroi uma historinha bastante simpática, as vezes bem engraçadas, as vezes agridoce, mas sempre com o senso de humor impecável e algumas tiradas sensacionais, como o defunto que se comunica e a faz de gato e sapato através de um retrato. Apesar de ser um personagem bem caricato, ela tem humanidade e verdades suficientes para que eu me lembrasse de minhas próprias avós a cada página.
Vó é um pocket book reunindo mais de 100 tiras publicadas pelo cartunista em seu site e no (recém falecido) Jornal do Brasil. Esse é um dos primeiros lançamentos da parceria entre a Editora Barba Negra e o selo LeYa Cult e o considero um tiro certeiro, não só pelo conteúdo, mas pelo acabamento do livro e o precinho deveras camarada. Parece que as editoras vieram para cobrir um buraco na bibliografia de quadrinhos brasileiros, que publica poucas coleções de tiras, e geralmente de cartunistas veteranos do mercado.
Eu adoro a sobrinha, até falei pro Jean Galvão colocar mais ela no segundo volume 😀