Olha, escrever A Semana Em Quadrinhos cansou as idéias (não a coluna, o nome dela, eu gosto de escrever a coluna), ainda mais que eu estava fazendo resenha de quadrinhos que não estavam saindo semanalmente. Assim, ao invés de escrever aquele nomão todo, vai ficar as iniciais ASEQ, o tag ainda permanece sendo o nome completo da coluna. Como não houveram muitas sugestões de nomes novos para a coluna, vamos ver se esse pega.
E, nesse recomeço, nada melhor que falar do herói dos quadrinhos que foi tema do primeiro post do Ambrosia: Thor! Ou melhor, da edição especial lançada aqui no Brasil contendo as edições escritas por Matt Fraction (O Imortal Punho de Ferro) contando um pouco do passado de Thor e Asgard na chamada “Era do Trovão”.
Fraction criou diversas histórias, baseadas na mitologia nórdica, mas com as devidas modificações para mostrar como era Thor antes da sua união com Donald Blake que lhe trouxe um lado mais humano. Tudo começa com “Dias de Trovão” onde vemos um combate em uma época em que Heimdall não era o guardião da ponte Bifrost (do Arco-Íris) e os Gigantes do Gelo atacavam Asgard constantemente. Alertados, os guerreiros de Asgard ergueram armas e liderados por Thor, matam os inimigos, porém, o último a tombar derruba uma parte da muralha de Asgard.
Os deuses deixaram a muralha caída e preocuparam-se em banquetear-se dos pomos de Yggdrasil que somente Encantor (ou Freya na mitologia nórdica original) poderia colher sem que eles murchassem enquanto Thor guardava os seus, comendo eles somente quando necessário (no caso, para aguentar uma noitada com seis mulheres em seu leito).
Um dia, enquanto saia com seus carneiros e sua biga para caçar gigantes, Thor e Heimdall se deparam com um pedreiro humano que propõem reerguer a muralha, desde que fosse a ele dada a mão de Encantor. Os deuses dizem ser um absurdo, porém Loki os instiga a aceitar o acordo, desde que o pedreiro terminasse a muralha em seis meses, sem a ajuda de qualquer outra pessoa, apenas de seu animal de carga. Quando estava prestes a conseguir, Odin ordena que o Loki o atrapalhe e assim ele o faz, transformando-se em uma égua e afastando o cavalo do pedreiro de seus afazeres, fazendo este falhar em sua empreitada e mostrando sua verdadeira face, um Gigante do Gelo. Ele ataca os deuses enquanto ensandecido de raiva por ter sido enganado, porém o martelo uru de Thor, Mjolnir vara sua cabeça e o mata ali mesmo.
Loki é banido e quando estava para morrer, uma enorme águia o salva em troca de uma noiva: Encantor. Loki engana a ela e todos e leva esta até a terra dos Gigantes do Gelo e a entrega a ele. Sem Encantor para colher os pomos de Yggdrasil, os deuses começam a definhar, todos menos Thor que tinha muitos em sua posse e nega ajudar aqueles que não souberam guardar enquanto havia a fartura. Heimdall dedura Loki a Odin e este manda seu filho bastardo resgatar Encantor. Ele a retira do castelo do Gigante do Gelo, mas é capturado na fuga, é quando Thor, ao ouvir as preces de seu pai, vai ao encalço dos dois, mata o gigante e salva seu povo, sem antes dar um esporro federal em todos.
Em seguida começa “Reino de Sangue”, talvez a edição mais legal das 4 one shots que fazem parte deste especial. A filha do Gigante do Gelo morto por Thor lamenta por seu pai e o inverno se extende pelos nove mundos. Odin a chama a Asgard e oferece o que ela quiser em troca dela deixar o inverno se esvair. Ela pede pelo tesouro mais valioso da vila dos anões. Odin, ouvindo Thor, manda que Loki se encarregue de resolver esse problema. O Trapaceiro vai até os anões e pede que eles criem seus melhores objetos. Um irá forjar uma braçadeira de ouro puro que quando golpeada libera moedas de ouro, outro um colar de ouro e o outro, uma espada matadora de gigantes. Logo eles estão diante de Odin e da Gigante do Gelo. Odin, ao saber da espada matadora de Gigantes, a pega e corta a gigante em dois, acabando com o inverno.
Porém, Encantor fica apaixonada pelos outros dois objetos e vai até os anões, oferecendo-se a eles em uma noite de luxúria em troca do colar. Loki percebe que ela está de volta usando o colar e fala para Odin, que o arranca dela e o destrói. Encantor, como a feiticeira poderosa que é, lança um encanto que faz os mortos se reerguerem em todos os lugares que eles jaziam enterrados.
Thor pega seus oito cavalos e parte para Midgard (a Terra). Eles lutam, porém os exércitos dos mortos parecem sem fim. Os homens sacrificam suas rezes e criam um Colosso de Sangue, mas sem a magia e o relâmpago, ele não pode se erguer. Thor se oferece para comandá-lo usando seus poderes, em troca ele pede apenas que os humanos cuidem de seus cavalos. Thor vence a luta, porém, enquanto lutava, em sua fome e fraqueza, os humanos mataram os cavalos para os alimentar. Thor, enfurecido, mata a todos que salvou, pega os restos mortais de seus oito animais e a partir deles, cria Sleipnir, um cavalo com oito patas, digno de sua fúria contra os humanos. Por cem anos, ele desceu o martelo nos humanos, fazendo-os pagar pela morte de seus cavalos.
Por fim, temos em “Senhor da Guerra” um Odin preocupado com Thor atacando e causando dor aos nove mundos, convocando as Valquírias, especialmente Brunnhilda, sua rainha, para ir até ele e colocar juízo em sua cabeça, nem que seja a força. Ela encontra ele em Niffelheim, terra da névoa, terra dos gigantes da tempestade e dos mortos desonrados.
Brunnhilda desfere o primeiro golpe contra Thor e os dois começam uma luta ferrenha que desperta um dos Gigantes da Tempestade, muito maior do que eles. Os dois se unem e o derrotam juntamente de Balder, os Três Guerreiros e outros homens de Asgard. Odin fica furioso com a união de seus súditos a Thor, coloca a armadura do Destruidor, pega a Espada de Odin, infundida com os Nove Anéis (se alguém pensou em Senhor dos Anéis, sim, estes nove anéis fazem parte da mitologia do anel de Nibelungo) e vai até seu filho, intimando-o a voltar para seu lar, por bem ou mal.
Um combate fantástico é travado entre pai e filho, Thor desferindo golpe após golpe com seu Mjolnir contra o próprio pai enquanto este usa seu poder e experiência para derrubar seu filho e o privar da memória e poderes, mandando-o ao reino dos mortais como um deles, ensinando a humildade a seu filho que agora deve ajudar os mortais aos quais causou transtornos.
Sinceramente, eu nunca esperava uma revista tão legal feita de três edições duplas que contam uma pequena saga de Thor e dos Asgardianos, cheia de referências a mitologia, mas não a seguindo ao pé da letra em razão das adaptações que os quadrinhos tiveram de fazer no decorrer dos anos.
A quarta one shot é a mais fraquinha e com certeza a mais despretensiosa. Em um “O Que Aconteceria se”, vemos a chegada de Galactus a Asgard e Thor se tornando seu arauto em troca da salvação de seu povo. Nem vou me dar o trabalho de falar dessa edição, só saibam que ela foi escrita por Robert Kirkman de Homem Formiga. Vale ler pela mera curiosidade. Agora, um último adendo que mais vale como um pedido: Panini, meus amigos Fernando Lopes e Paulo França, por favor, quando for lançar uma edição desse nível, deixem esse papelzinho pisa brite para a DC e usem papel de qualidade, por favor.
Ainda assim, fica a recomendação para todos que quiserem uma leitura de altíssima qualidade com um preço que não vai matar ninguém de fome (R$ 15,90). Ainda, como eu disse, Fraction pegou a mitologia verdadeira e recriou para uma melhor compreensão dos leitores que não leram mitologia nórdica, uma destas adaptações é que Sleipnir nasceu de Loki enquanto na forma de égua que foi enxertada pelo cavalo do gigante pedreiro da primeira história e não da queda de seus oito cavalos. Acho que a Marvel não aceita bestialismo.
J.R. Dib
“Vede, pois, que o Trovão, quando em sua melhor forma, gira o malho em horna às boas Escrituras Quadrinhísticas. Atentai, pois, ó ímpios executivos da Marvel. Não vos esqueci e da sua ignonímia ao banir mestre Stracszynski de cantar em verso e prosa, os feitos do Filho de Odin. A vingança logo se abaterá entre vós!” Apocalípse Nerd (o Livro do Trovão) Cap. 56 do Trigésimo Terceiro Cíclo do Ragnarok.
Esta revista é sensacional! Utilizar a mitologia mesmo e não só o nome do Deus foi simplesmente incrível!
Nota 10 e leitura obrigatória aos fans!
PARABENS PELA ÓTIMA resenha JR DIB!!!!o thor é um dos meus personagens favoritos e essa história dele eu tenho,mas 16 reais é mto caro e salgado pro meu bolso até pq eu ja compro novos vingadores e homem aranha todo mes…
Essa edição é realmente demais. Eu que já gostava muito do Deus do Trovão mas nunca havia acompanhado suas histórias com muito afinco, virei fã de carteirinha.
Edição indispensável para aqueles que gostam do personagem.