O papo mais legal do primeiro dia de CCXP Worlds foi o do painel que tinha como mote os 30 anos do filme das Tartarugas Ninja. O filme em si foi pouco citado. O diretor nem estava presente, mas sim o criador de Rafael, Leonardo Michelangelo e Donatello, Kevin Eastman. Junto com Peter Laird, ele foi responsável por um dos maiores fenômenos pop da virada dos anos 80 para os 90.
Na conversa mediada pelo jornalista Roberto Sadovski, também estava presente o desenhista e roteirista brasileiro Mateus Santolouco, conhecido por seu trabalho com os quelônios. Mateus escreveu e desenhou “Destruidor no Inferno”, HQ focada no arqui-inimigo das tartarugas após à morte, o que impressionou Eastman.
“Seu nível de detalhes é impecável, sua interpretação é maravilhosa. Sua narrativa, as escolhas na ação e direção e composição de páginas é algo que me dá arrepios. Me inspira”, elogiou o criador dos personagens, que acrescentou “Algumas de suas contribuições ajudaram a dar forma às coisas que fizemos com as Tartarugas, acho importante dizer”. O brasileiro devolveu os elogios: “estou honrado de fazer parte disso”.
Eastman se lembrou de sua juventude nem uma pequena cidade no Estado de Maine, nos EUA, onde não se tinha muito o que fazer. Ele criou as Tartarugas heroicas com nomes de pintores italianos porque ele era um geek (na época em que isso não era visto como algo legal como hoje, ressaltou ele), e mais especificamente um geek histórico. Recordou também que Donatello quase se chamou Bernini, outro pintor renascentista.
O primeiro contato de Mateus foi através da série animada. E como ele estudava de manhã não tinha oportunidade de assistir no horário em que era transmitida na TV. Quando ele viu o arcade em sua cidade, Porto Alegre, ele contou ficou louco e ficou viciado no jogo. Dali ele passou a programar o VHS para gravar os episódios e começou a desenhar os personagens
O desenho lembrou que depois do filme os quadrinhos chegaram ao Brasil e ele percebeu que era mais sombrio e violento que a série animada.
Sadovski em clima descontraído perguntou a Mateus: “como brasileiro seja honesto, ‘cowabunga’ ou ‘santa tartaruga’?”. O quadrinista gaúcho respondeu que por ser viciado no game “cowabunga” tem mais apelo. A expressão, muito usada por surfistas americanos, surgiu nos quadrinhos porque Kevin quando era garoto assistia muitas séries passadas na Califórnia, e a gíria sempre aparecia.
Quando o assunto foi qual a tartaruga preferida, Mateus confessou que no caso dele sempre muda. No game era Donatello, no filme era Leonardo, com a coisa zen, mas quando estava trabalhando na IDW era Michelangelo. Para Eastman é Michelangelo, porque foi o primeiro. “Michelangelo é o primogênito. Se tivesse que escolher, seria ele pois nasceu antes mesmo de ter esse nome”, disse o criador.
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