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Katanga – corrupção e ação no Congo dos anos 1960

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Quadrinhos Europeus, como é bom encontrá-los. As franco-belgas bande dessinée são fascinantes, para lembrar do que encontrávamos nas revistas Métal Hurlant por exemplo, narrativas diferentes com ênfase no aspecto visual, verdadeiras obras de arte.

Recentemente me deparei com um trabalho de Fabien Nury e Sylvain Vallée, em espanhol, mas que originalmente foi publicado pela franco-belga Dargaud: Katanga volume 1, Diamants.

A dupla ganhou o prêmio de Melhor Série no Festival de Angoulême (2011) por Il était une fois en France e após essa série que conta um pouco da História francesa já lançaria esta narrativa gráfica que iremos analisar, mas sem antes conhecer os autores.

Os autores de Katanga

Sylvain Vallée, à esquerda, e Fabien Nury, à direita./Dargaud

Fabien Nury é um roteirista francês, de 43 anos, que começou a carreira nos quadrinhos em 2003 como co-roteirista junto com Xavier Dorison  e Christian Rossi da série W.E.S.T., Dali em diante não parou mais sempre trazendo histórias com elementos sobrenaturais.e a modernidade, para depois abordar temas como escravidão, gangsteres, biografias, espionagem, Segunda Guerra Mundal, História da França, etc.

Além de roteiros para histórias em quadrinhos também escreve para roteiros o cinema. Sylvain Vallée é um ilustrador, francês, de 47 anos, sua trajetória nos últimos anos está ligado ao de Nury, sendo Katanga a segunda série em quadrinhos que colaboram. A primeira foi a já citada Era uma vez na França (tradução literal), do qual desenhou seis álbuns que a compõem.

A série

Capa da edição francesa/Amazon

Inspirada em uma história verídica, a saga tem 6 volumes, foi publicada entre 2007 e 2012, vendeu mais de um milhão de cópias e recebeu prêmios, incluindo o da melhor série de Angoulême em 2011.

A narrativa nos leva ao Congo, que após sua declaração da independência do Congo em 1960, a riqueza subterrânea da área de Katanga alimentou a ganância de colonialistas, mercenários e empresários sem escrúpulos.

Pronto para lançar o país em chamas e sangue para o controle do território, eles começarão  um conflito impiedoso, no qual o facão serve como justiça.

Este primeiro volume de Katanga tem uma qualidade ímpar e não é somente uma mera apresentação dos personagens, como geralmente encontramos em outros volumes iniciais, mas sim uma narrativa onde o enredo progride muito.

Nury e Vallée usam as páginas de abertura do álbum para nos contar sobre a turbulenta história política de Katanga e nos apresentar os personagens e o enredo da série. Com essas páginas, tudo é explicado e assim começam a nos contar sua história. É uma história violenta que mistura o gênero noir com o bélico, a ação e a intriga política.

A história não pretende contar a história real, mas também não esconde o que aconteceu ao se tornar uma ficção histórica. Nessa mistura de ficção e realidade, é onde Nury alcança um grande equilíbrio entre informação e entretenimento. Em um ritmo que gradualmente vai crescendo e nos leva ao próximo álbum, que já busco para a leitura.

Seguimos um protagonismo dividido entre quatro personagens principais (Armand Orsini, Charlie, Félix Cantor e Alicia) e os membros do governo e mercenários. Nury caracteriza-os em poucas linhas, com o apoio da arte de Vallée, que também revela muito sobre cada um dos personagens. Descrevê-los de maneira tão sucinta os torna um tanto arquetípicos, mas para esse tipo de história os personagens funcionam muito bem. Quem sabe nos próximos álbuns os autores desenvolvam mais.

Embora seja uma história em que a ficção prevalece, os autores abordam a situação que ocorreu na área após a independência, nos anos 1960. Indo além dos crimes que os belgas cometeram contra a população durante o tempo em que o Congo era sua colônia, criticam que a independência era apenas no nome, pois políticos corruptos continuaram a serviço de grandes empresas belgas. . Algo que hoje ainda é um dos principais problemas da região.

Em relação a arte, o estilo de Vallée é uma mistura perfeita de realismo com rostos levemente caricaturais, seguindo a escola de Uderzo, permitindo que lhes dê personalidade e expressividade. Segue um padrão claro e clássico, na qual a história prevalece sobre o espetacular, com cenas de ação bem feitas. O roteiro se encaixa perfeitamente, na qual o trabalho história/ilustração é aprimorado pela soma de seus talentos.

Uma graphic novel que poderia ser publicada em nosso país ao mostrar um roteiro pronto para o cinema/televisão sobre um momento violento da história africana que mistura ação e aventura com política e corrupção.

Avaliação: Épico (5 de 5 estrelas)

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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