Bom todo mundo já sabe que Batman “morreu” na sexta edição de Crise Final, mas o que está por trás disto está envolvo nas brumas que somente Grant Morrison pôde imaginar. Felizmente o site Wizard Universe falou com o escocês, confira abaixo a entrevista na integra!
Como é entrar para a história como o homem que matou Batman?
Morrison: É demais! Finalmente me sinto como John Wilkes Booth (o assassino de Abraham Lincoln). É fantástico…
[Risadas] Nós vamos ver fotos suas sorrindo por sobre o corpo do Batman?
Morrison: Claro. Estou sentado no túmulo do Batman neste momento. Mas não, pessoalmente voltarei para este tema. Não sei exatamente como serei lembrado. Gosto de acreditar quer será pelos últimos momentos da série.
Obviamente isto é algo que está planejando há certo tempo…
Morrison: Sim. Está é uma das coisas que nós planejamos desde o começo quando Crise Final estava sendo discutida. Acho que nos leva de volta para 2006, quando começamos com isto. Dan DiDio (editor-chefe da DC) e eu juntamos isso com o que aconteceria em “Batman R.I.P.” para que tudo fluísse até este momento.
Está é a morte de um ícone que está por ai há 70 anos. Você teve essa idéia? Foi o Dan (DiDio) que falou com você? Como foi que aconteceu?
Morrison: Eu fui meio que abordado pelo Dan para fazer isto quando ele descobriu o título “Batman R.I.P,” que para mim era mais como uma desconstrução psicológica do Batman. E continuo insistindo para as pessoas que não pensem nisso como morte, é algo parte de uma história. Têm mais coisas fo*** por vir. Seria muito simples ver apenas como um final.
Então não estamos vendo o final do Bruce Wayne?
Morrison: Não necessariamente, existirão algumas reviravoltas pelo caminho.
Como foi escrever o confronto final entre Batman e Darkseid?
Morrison: Foi divertido. Obviamente eu estava levando para isto, sabia que ia acontecer. Tive bons momentos (risadas).
Então qual a graça por trás da idéia “Eu tenho que matar o Batman”?
Morrison: Crise Final está cheia de grandes momentos decisivos. Eu estava tentando fazer um final apocalíptico estilo Jack Kirby — escrever os grandes momentos finais nos confins do universo foi muito divertido. Era exatamente o que eu queria fazer com a série.
A conexão feita é sem dúvida com Batman quebrando sua única regra sobre matar e com uma arma, para então morrer em seguida.
Morrison: Sim. Parte da Crise Final é também sobre lidar com deuses e personagens do Jack Kirby. Eu queria que está história fosse mítica. Está nesta escala. Não é para ser algo realista. Não era para ser sobre política e coisas cotidianas. É a história sobre o que acontece quando deuses começam a interferir na vida e a vida se torna mítica.
Para mim, a raiz do mito do Batman é a arma e a bala que criaram o Batman. Portanto, Batman finalmente está lá para completar o grande ciclo mítico e, ter a imagem do Batman contra a personificação do mal e agora é ele quem possui a arma e possui a bala. Parecer funcionar para mim.
Penso nestas coisas em termos de música e isto soa bem. O evento da Crise Final teve uma sensação bem diferente pois é algo divino. É sobre seres-humanos sendo lançados num mundo de eventos imensos e sobre os arquétipos dos mitos se tornando óbvios. Portando, a essência que define os personagens se torna mais clara quando se aproximam do fim.
A última palavra do Batman é “Gotcha” (algo como “Te peguei” em português). O que você pode falar sobre isso? Porque essa é sua última palavra?
Morrison: (Risos) Porque ele está do mal. Qual foi a missão do Batman desde a primeira arma – a primeira bala – que o transformou? Ele finalmente tem o deus do mal em sua mira e atira nele. Eu acho que o Batman possui senso de humor e entendeu a situação melhor que Darkseid. É como se fosse uma pegadinha para todo mundo.
Você acha que pode existir um futuro para o Batman além de Bruce Wayne?
Morrison: Com toda certeza, nós vamos ver algo disso (risos). Não quero revelar muito sobre o que vai acontecer depois, mas claramente isto assenta as coisas que vão acontecer na história do Batman. Como eu já disse antes, para mim não é o final da história, quero que as pessoas façam a pergunta essencial “O que virá a seguir?”.
Como você disse, o foco se torna “O que virá a seguir?” A DC está fazendo várias histórias continuando isto, da “Batalha pelo Capuz” até “O Que Aconteceu Com Cruzado Encapuzado?”. Mas quando você irá retornar para Batman?
Morrison: Os planos são para que eu retorne por volta do verão (inverno no Brasil). Nós temos grandes planos. De nenhuma maneira a história terminou.
Por quanto tempo você planeja continuar no Batman? Este é um personagem daqueles que se ama e deseja continuar o quanto possível?
Morrison: Claro. A história deve continuar rolando e estou muito envolvido com os personagens. Bruce Wayne, eu cresci amando o cara. O que aconteceu com ele hoje quebrou muitos corações, o meu incluído. Eu me envolvi muito, muito com isto. Eu não pensei, quando comecei, que eu ia adorar tanto assim. Portanto vou continuar até que as histórias acabem.
Olhando para toda sua trajetória com Batman, do começo de sua morte até Crise Final, vemos que pegou muitos elementos de sua história e criou um retrato completo da evolução do personagem. Você mencionou um ciclo fechado, está é a história completa de Bruce Wayne para você?
Morrison: É por isso que fizemos uma retrospectiva completa nas edições de “Last Rites” (Batman #682-#683) e trouxemos ele de volta naquela noite com a arma e bala, mas antes disso nós quisemos ir por toda história dele como um homem a beira da morte que vê sua vida passar diante dos olhos.
Nas edições de “Last Rites” você enfatizou o que custa ser o Batman e como Bruce Wayne é o único capaz pelas suas experiências. Você acredita que alguém pode carregar seu manto?
Morrison: Isso é algo que teremos de ver. Será parte da história e como ela funcionará. Nós vimos do que Bruce é capaz e do que ele poderia ser capaz. Ele é um personagem brilhante e talvez ninguém mais pudesse ser Batman. Pode ser algo que não funcionará. Mas essa é a história para descobrir.
A última edição de Crise Final está para sair. O que você pode dizer do grand finale?
Morrison: O Final é muito insano. Universos paralelos. É o fim do universo. Tudo vai desabar. Quis fazer algo baseado na casualidade, acho que nenhum de nós viu algo como isso. Ele leva ao ponto do real, niilisticamente desesperançoso.
Portanto, estou satisfeito com isso.
O trabalho de Doug Mahnke é incrível. Meu Deus, é incrível.
Novamente, isto é algo Kirby e é grande. A idéia toda é fazer uma história em quadrinho cósmica e ninguém fez nada disso desde os anos 70. Portanto poder trabalhar com alguém como Doug, que possui o tipo de arte louca que eu amava nos anos 70 é simplesmente incrível, um trabalho intrincado e belo.
No lado “sopinha de letra” das coisas, para mim, existem uma grande parte dos quadrinhos tentando tratar das ruas, do realismo e da administração Bush. Nós queremos seguir mais a cultura popular, que tende a ir numa direção mais psicodélica, para usar o querer de um mundo melhor. Acho que as coisas estão começando a se tornar um malucas novamente e as pessoas estão gostando um pouco mais da coisa – o fantástico e a demanda da imaginação. Acho que é isto que estamos tentando fazer. Crise Final #7 é quase sobre inventar um novo estilo. Nós tivemos quadrinhos “widescreen” e a descompressão e super-compressão. Isto é zapear nos canais dos quadrinhos.
Para todo quadrinho que você segue, você sempre se pergunta o que o personagem significa e aonde ele pode ir. Isto será o que vocês vão ver na Crise Final, aonde os quadrinhos podem ir?
Morrison: Sim. Em particular com quadrinhos de super-heróis. uma vez que você tenha visto “Homem de Ferro” e “O Cavaleiro das Trevas”, por que se importar em fazer quadrinhos realistas se os filmes podem fazer melhor que qualquer um. Meio que sinto que isto liberta os quadrinhos para algo mais selvagem. Temos grandes artistas que podem sentar com suas canetas e desenhar qualquer coisa. Eles não são limitados por orçamentos. Eles não deveriam seguir as técnicas narrativas de Hollywood pois eles podem fazer melhor que isso. Quadrinhos podem fazer todo tipo de outras coisas, eles podem ser malucos, selvagens, esticar a imaginação e ser realmente progressivos.
O que virá agora para você? Você disse que irá retornar para Batman, mas poderemos ver você em outra parte do do universo DC?
Morrison: Eu provavelmente vou voltar com mais coisas de super-heróis no final do ano. Tenho algumas idéias para outras coisas, e quero explorar o multiverso e algumas idéias que me surgiram com isso. Existem algumas que estão começando a serem construídas em conceitos verdadeiramente interessantes.
Vou esperar a Crise Final #07 para me pronunciar.
foda
nota 10
salve morrisson
“Vou esperar a Crise Final #07 para me pronunciar.”(2)
Na verdade, vou esperar para ler toda a série para emitir mais opiniões a cerca disso, mas com certeza o Morrison é um gênio errático, faz coisas fabulosas mas também detona outras miseravelmente, então vou me permitir surpreender
O simples fato de ter matado o Batman necessariamente não desmerece a história, pode ser apenas um elemento infeliz dentro da trama, igual a presença de um Brad Pitt num filme excelente como Clube da luta, APESAR dele a obra consegue manter uma ótima qualidade e tornar-se um clássico!
[spoilers]
Li. Enfim, vamos ver Final Crisis 7.
Vejamos: Batman morre no Universo DC.
Se isso continuar, a historia do Legado segue como já conversamos em tantos posts (Dick assume o manto de seu mentor etc…). Os fãs do personagem se sentem felizes a seqüencia na historia. Batman/Bruce Wayne continua a ter historias fora da cronologia da DC. Os fãs do personagem que não gostam do Universo DC (são muitos) se sentem felizes de poderem ler seu personagem fora da continuidade. Conclusão: Se essa estratégia continuar ela é genial, tanto dentro da historia como estratégia de marketing. Se ela continuar…