Neil Gaiman fala sobre Batman

7
2

A Wired.com entrevistou Neil Gaiman no último dia 21 de abril. O escritor inglês falou sobre seu trabalho na minissérie em duas edições de Batman, intitulada O Que Aconteceu Com O Cruzado Encapuzado? (Whatever Happened to The Caped Crusader?), que teve seu final publicado na edição 853 da Detective Comics. Além disso, comentou sobre Coraline, Sandman e as adaptações de HQs no cinema.

A entrevista é bem extensa, sendo assim, selecionamos apenas algumas partes que dizem respeito ao seu último trabalho publicado, a minissérie do Homem Morcego. Clique aqui para conferir a entrevista na íntegra (em inglês).

“Wired: Então, como você se tornou o assassino de Batman, por assim dizer?

gaiman
Gaiman diz que sua história é uma "carta de amor ao Batman."

Gaiman: O telefone tocou a cerca de um ano atrás, era Dan DiDio da DC. Ele me falou: “Olha, vamos fazer com o Batman o que fizemos com Superman há 23 anos. Estamos caminhando para suas últimas edições mensais e, em seguida, reiniciaremos a contagem. Você gostaria de escrever a última edição de Batman e Detective Comics, assim como fez Alan [Moore] em O Que Aconteceu Com O Homem-de-Aço? (Whatever Happened to The Man of Tomorrow?, no original)”

Foi uma destas estranhas propostas. Eu pensei que se eu não fizesse isso, alguém mais poderia fazer e, então, bagunçar tudo. Mas também, eu realmente amo Batman. A idéia platônica em fazer Batman, assim como os mais variados Batmen que surgiram ao longo dos anos, me fez achar a idéia interessante.

Wired: Quando soube que o nome da história teria claras semelhanças à de Alan Moore e à era de prata você se inspirou?

Gaiman: Bom, isto não foi algo definido desde o princípio. Acontece que algumas pessoas na DC começaram a chamá-la desta forma, e assim ficou. Mas quando escutei fiquei surpreso. Eu escrevi duas homenagens aos trabalhos de Alan (Moore) – uma no início e outra no final – mas eu cortei uma delas. Havia uma fala na primeira página onde o Batman se perguntava se estava sonhando, e uma voz dizia: “Não, não é um sonho e não é uma história imaginária.”

Wired: Demais. Uma referência ao lendário Superman de Alan: “Esta é uma história imaginária… Mas todas não são?”

Gaiman: Exato. Então resolvi cortá-la, pois era demasiada óbvia. Por falar nisso, este é um dos cinco momentos mais incríveis dos quadrinhos.

Wired: Aquele famoso prefácio mexe com a idéia da continuidade. As histórias de Moore na DC são indiscutivelmente livres de continuidade, e a sua também parece ser. O mesmo vale para outros quadrinhos fantásticos. A independência de continuidade tem utilidade?

Gaiman: Continuidade é algo com que nunca me preocupei. Você a usa quando precisa. Existimos em um mundo onde temos de viver em continuidade todos os dias, seja na vida ou em romances. Devido a esta razão, não considero isto extremamente importante.

O interessante desta história é que houve setenta anos de Batman publicados, e eu quis experimentar e falar sobre tudo. A última história do Superman de Alan pode ser lida hoje da mesma forma que foi em 1985, e isso independe das pessoas saberem sobre a atmosfera que envolvia o Superman na época. Nada disso importa, por ser uma história fantástica.

Wired: É um fantástico encerramento, especialmente quando ele (Batman) diz adeus a todas as coisas da Batcaverna: “Boa noite dinossauro mecânico.” “Boa noite moeda gigante.”

Gaiman: [risos] Sim, está tudo lá. Houve, sem dúvida, uma alegria maravilhosa em escrever aquelas últimas dez páginas da segunda edição. Enquanto fazia, pensava que as pessoas iriam pensar que eu havia enlouquecido.

Wired: Ao lermos “O Que Aconteceu Com O Cruzado Encapuzado?” temos a idéia de que Batman viveu em seu coração por um longo tempo.

Gaiman: Quando eu tinha cinco anos, estava no carro com meu pai e ele mencionou que existia um programa americano de TV chamado Batman, que contava a história de um homem que lutava contra o crime vestindo uma fantasia. O único morcego que eu havia escutado falar era o morcego do críquete. Eu achei o da TV bastante estranho comparado a este, mas depois, quando a série chegou ao Reino Unido, lembro-me assistindo e sendo afetado por ela. Era realmente preocupante. Se perdesse o final de algum episódio, corria para um dos meus amigos esperando escutar que ele (Batman) estava bem.”

Fica muito claro o respeito e a admiração que Gaiman possui pelo personagem. Eu ainda não li a história, mas é óbvio que Batman foi tratado com o devido respeito que merece. Respeito este que muitas vezes falta às editoras para com determinados personagens.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

2 thoughts on “Neil Gaiman fala sobre Batman

  1. Gostei muito das duas edições. Não é nada superfoda nem nada do tipo, mas é uma homenagem mto bem feita. Se bem que eu ainda questiono um pouco o fator criativo utilizado pelo Gaiman aqui, pq me pareceu muito o final de Sandman com o Batman…

    • Poxa, é bem legal ver quando o cara é fã, e considera nós como semelhantes. Se colocando em um mesmo patamar. Fico feliz com isso. Eu só estava com um certo receio de ter de me contextualizar, porque tem um tempinho já que não leio Batman. Mas pela entrevista, isso não será inteiramente necessário, de qualquer forma, quero ler alguma coisa antes de pegar este especial…