São 80 páginas de histórias em quadrinhos que vão da infância ao legado do professor nos dias de hoje.
Há três anos, o editor de quadrinhos da Draco, Raphael Fernandes me propôs o desafio de escrever sobre Paulo Freire. Após o bem sucedido quadrinho Marighella #LIVRE, precisávamos dar sequência à essa série com outro personagem forte, que fizesse de sua teoria sua prática, exatamente como o revolucionário comunista.
Apesar de saber quem era Paulo Freire, suas principais ideias, não o conhecia. Assim, a cada entrevista, a cada texto dele com o qual ia tendo contato, mais me apaixonava. A conclusão desse trabalho é a obra Paulo Freire #PRESENTE, em campanha de pré-venda até quinta-feira, 24 de novembro.
Paulo Freire
Um pernambucano nascido no início do século passado, que enfrentou a fome, a pobreza, cria um método de educação empiricamente revolucionário com uma produção intelectual que o transforma no professor do Brasil mais conhecido no mundo. Patrono da nossa educação, é o brasileiro mais homenageado em todos os tempos. Ele coleciona mais de 30 títulos de Doutor Honoris Causa por universidades da Europa e da América, além de centenas de outras menções e prêmios, como Educação pela Paz, da UNESCO, em 1986. Ele também é o único brasileiro com uma obra entre os 100 livros mais pedidos em universidades de língua inglesa, trata-se de Pedagogia do Oprimido. O livro fundamental da obra do educador é o terceiro mais citado em trabalhos acadêmicos na área de humanidades em todo o mundo, de acordo com levantamento do pesquisador Elliott Green, professor da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, na Inglaterra (BBC News – Brasil).
Ele continua sendo uma figura atual, senão urgente, no pensamento brasileiro. Sua proposta educacional é revolucionária. Para Antonio Nóvoa, professor da Universidade de Lisboa, Portugal, “Paulo Freire é, ele próprio, um patrimônio incontornável da reflexão pedagógica atual. Sua obra funciona como uma espécie de consciência crítica, que nos põe em guarda contra a despolitização do pensamento educativo e da reflexão pedagógica”. (Carta Capital)
Freire defendia a educação como ato político que não tem como ser dissociado de uma pedagogia crítica. A educação nunca será neutra, assim ela tem que ser vista como prática da liberdade. Para ele, é por meio dela que homens e mulheres aprendem a se relacionar de forma crítica com a realidade e a transformá-la. Assim, seu objetivo de vida não era só ensinar a ler, mas a ler o mundo, a refletir criticamente sobre sua própria condição social e modificá-la. Claro que um homem assim não seria unanimidade, mas, como defende o filósofo Mário Sérgio Cortella, que trabalhou com Freire em sua passagem pela Secretaria Municipal de Educação do município de São Paulo, na década de 90, e foi seu orientando em doutorado: “Ele era um democrata, jamais aceitaria que quem contra ele fosse não o pudesse ser” (Jovem Pan).
Na verdade, como fazem com figuras da envergadura de Paulo Freire, os poderosos incutem na massa um medo, um horror tão grande em relação à simples menção do nome do educador, que isso funciona como uma espécie de vacina. Sob essa influência, muitas pessoas sequer estão dispostas a conhecer Paulo Freire ou discutir suas ideias.
A biografia
Assim, para dar nossa contribuição a esse debate, ele foi escolhido nosso personagem. A partir de um trabalho de pesquisa, elaborei os roteiros, convidamos Ricardo Sousa e Jefferson Costa para a arte (meus parceiros em Marighella #LIVRE) e somamos a quadrinista Ren Nolasco. Todos os três fizeram trabalhos maravilhosos. Na arte da capa, novamente o artista phillzr. impressiona com sua técnica de colagem.
São 80 páginas de histórias em quadrinhos que vão da infância ao legado do professor nos dias de hoje. As histórias abordam o processo revolucionário de educação em Angicos-RN na década de 1960, a perseguição pela Ditadura de 64 e seu exílio no exterior, a escrita da obra Pedagogia do Oprimido, sua contribuição aos países africanos recém-independentes, o retorno ao Brasil e a passagem pela Secretaria Municipal de Educação do município de São Paulo, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina.
O prefácio de Paulo Freire #PRESENTE foi escrito por padre Júlio Lancellotti, amigo do educador, incansável na luta pela população em situação de rua. Já o posfácio é de autoria da professora Eneide Araujo, aluna de Paulo Freire na experiência revolucionária de alfabetização em Angicos-RN em 1963, quando tinha seis anos.
Acompanha ainda a obra um encarte desenvolvido por equipe especializada para auxiliar os professores na utilização do quadrinho Paulo Freire #PRESENTE em sala de aula.
Em 2021 esse projeto foi contemplado pelo ProAC, Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do governo do estado de São Paulo.
Para saber mais sobre a obra e garantir seu exemplar, você pode conferir a campanha no Catarse. A campanha vai até o dia 24 de novembro.
Paulo Freire #PRESENTE é uma publicação da Editora Draco, em formato 17 cm X 24 cm, com 96 páginas em preto e branco em papel pólen bold. A capa será feita em papel cartão com boa gramatura.
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