Zumbis. Simples assim. Quão complexo pode ser um roteiro cujo plot principal é uma infestação zumbi? The Walking Dead é um obra em quadrinhos que conta a história de um grupo de sobreviventes em um mundo tomado por mortos-vivos errantes. A história gira em torno de Rick, um policial de uma cidadezinha no interior dos EUA que sofre um acidente logo nas primeiras páginas, e vai parar no hospital. Quando acorda, se vê em uma outra realidade; onde os mortos “renascem” em corpos pútridos sem consciência, vagando como andarilhos assassinos em busca de carne fresca. A HQ é publicada pela Image nos EUA e pela HQM Editora no Brasil, como o nome Os Mortos Vivos.
O argumento de Robert Kirkman não é nada alanmooreníco, a simplicidade é justamente seu ponto forte. Não há nada de conspiração envolvendo armas biológicas do governo, nenhuma empresa com planos malíngos para dominar o mundo, nenhum disco voador pairando sobre a Terra e espalhando um vírus de contaminação zumbi. Nada disso. A narrativa mostra simplesmente a tentativa das pessoas que conseguiram sobreviver, de continuar o fazendo; focalizando-a sobre as relações sociais – agora um tanto distorcidas, os novos valores agregados às interações humanas (como a discussão do Código de Hamurabi, por exemplo) e o caos criado em um mundo pós-apocalíptico. No começo, Rick viaja para Atlanta a fim de encontrar sua mulher, Lori; e seu filho Carl, já que a ordem das autoridades expressavam a possibilidade das pessoas ficarem protegidas nas grandes cidades. Quando o policial chega ao local, vê que tudo continua caótico e que não há, aparentemente, sobreviventes. Minutos depois ele se encontra com um rapaz chamado Glenn, que o ajuda a escapar da morte iminente, e o leva para um acampamento de sobreviventes nos arredores da cidade. Lá, Rick encontra sua família. Começa a viver na comunidade, se tornando rapidamente o líder do grupo.
A arte de Tony Moore, co-criador da obra, e Charlie Adlard (que substituiu Moore à partir da edição 7) é extremamente feliz ao retratar o ambiente. Os desenhos, principalmente dos zumbis, conseguem passar o sofrimento daquelas criaturas. As instalações destruídas e abandonadas nos mostra o quão desesperador é a nova realidade dos personagens. Em um momento, Carl e sua amiga Sophia conversam. A menina diz não temer as criaturas, o menino a questiona da razão deste sentimento. Ela diz ter pena deles: “Olhe para eles. Eles parecem tristes.” Carl concorda.
O que talvez mais me impressiona em The Walking Dead é o desapego aos personagens que Kirkman insiste em manter edição após edição. Você NUNCA sabe se tal personagem se manterá vivo ou não. A possibilidade do mesmo morrer se adequa harmoniosamente com a proposta do roteiro, nos passando a ideia de que ninguém está a salvo.
Depois de um certo tempo, as pessoas tentam voltar a realizar afazeres comuns, experimentando combinar um novo modo de vida ao caos presente, tornando a narrativa bastante verossímil. Tudo isso explorado sobre um constante diálogo entre os personagens, deixando o fluxo da história extremamente intrigante. Os maiores problemas sempre estão em arranjar comida, munição e abrigo. É incrível como coisas tão simples podem despertar tanta curiosidade a ponto da leitura tornar-se quase ininterrupta. Para se ter uma ideia, li quase 30 edições seguidas, sem parar.
Quando Robert Kirkman pensou em escrever uma HQ sobre zumbis, a proposta era um pouco diferente do que temos em mãos atualmente. Inicialmente os mortos-vivos deveriam ser quase que humanos, mantendo a integridade dos corpos recém transformados, para que posteriormente, a degradação fosse sendo melhor percebida. Na edição especial #1 vemos que a mudança foi feita para agradar seu editor.
O formato da HQ exibe páginas em preto e branco, mantendo uma arte completamente baseada em tons de cinza; assemelhando-se aos melhores filmes de terror, principalmente aos conceitos concebidos pelo mestre do gênero zumbi George A. Romero. Inclusive, inicialmente a obra iria se chamar A Noite dos Mortos Vivos (Night Of The Living Dead), o mesmo título do primeiro filme de Romero, de 1968. Não só o título como a primeira edição utilizaria alguns diálogos do longa, e a história como um todo se passaria nos anos 60. Por sugestão de Jim Valentino, editor da Image na época, todos os conceitos tornaram-se originais, e The Walking Dead nasceu.
A série já conta com 11 volumes e 66 edições no total, fora os especiais. Todas elas tem um padrão de 22 páginas por edição. Recentemente a obra recebeu uma proposta de tornar-se série de TV, com produção da NBC. De acordo com o IMDb, o projeto terá início em 2010.
É isso, e lembre-se: Atire SEMPRE na cabeça!
Já li e é muito bom. Gostei mesmo foi do estilo Romero, mostrando os problemas com as pessoas e tal e nunca se esquecendo dos zumbis.
Só falta eu comprar.
Nota: No começo(no hospital) parece até Extermínio.
Parece mesmo. Fiz a mesma correlação. =)
Taí uma ótima pedida pra virar série,é muito bom,juntamente com Invencível do mesmo autor!
Leu quase trinta? Eu li 55!
Não sei você, mas li as 30 edições na véspera do dia na qual teria três provas na faculdade. Talvez por isso fiquei tão impressionado com o número. Se fosse em um dia “vazio”, acho que leria as 66! =)
Realmente. A questão em si pode nem ser a concentração na prova, mas simplesmente o tempo que leva pra ler tal quantidade de edições.
Leu no computador? Porque é o maior saco ler em um monitor comum, “tubão”!
Li no PC sim, coisa que pessoalmente odeio, mas confesso que me vejo tentado em continuar o fazendo. Prefiro muito mais o papel!
É, monitor tubão complica ainda mais. Li num LCD, o que já ajuda um pouco! =)
Mas o tempo que leva para ler tudo nem é tão grande assim. A leitura é extremamente dinâmica, de modo que o tempo em cada edição torna-se mínimo e quase imperceptível. A leitura é por demais agradável; e 30, 50 ou 66 edições seguidas nunca tornam-se cansativas! E a questão não é mesmo a concentração na prova, mas o tempo que eu teria de disponibilizar para estudar para uma delas. (sim, tem prova que eu estudo na véspera!) =/