[este artigo contém spoilers]
Aspectos políticos à parte, a importância do Capitão América para a mídia dos quadrinhos é quase tão grande quanto a do Superman, ou outros heróis clássicos. Tido como um símbolo do capitalismo e imperialismo de seu país por alguns, e como uma ode à liberdade e verdadeiros ideais patrióticos a outros, o maior líder dos heróis da Marvel é reconhecido nos quatro cantos do mundo seja de que forma for. A soma de todos esses adjetivos é só um pouco do que Captain America #600 mostra aos leitores, marcando o pontapé inicial da volta de Steve Rogers ao uniforme com a bandeira estadunidense.
Guerra Civil: o evento que trouxe abaixo o herói; condenado por traição e morto por um traidor; ocorrido há dois anos atrás, culminando não só no falecimento de Steve, como também na tomada de Tony Stark, o Homem de Ferro, como líder absoluto dos heróis dos EUA, responsável pelo Registro Super-heróico, conhecido também como a Iniciativa dos 50 Estados. O período de tempo contado a partir do término do evento até os acontecimentos de Captain America #600 equivale a um ano inteiro no universo Marvel, mas foi mais de 2 anos para nós – tempo suficiente para que a editora pensasse numa forma plausível de trazer um de seus maiores símbolos de volta e fazer bastante barulho na midia com isso.
Buck Barnes: o eterno parceiro mirim do Capitão fez uma volta triunfal pelas mãos de Ed Brubaker, como um anti-herói misterioso, guerreiro e de personalidade muito bem aprofundada e dimensionada. No intervalo de tempo da Guerra Civil para o um ano depois da morte do Capitão, este, aquele que voltou como o Soldado Invernal e que já não é mais nenhum garotinho, utiliza o manto de seu mentor, mas com alterações drásticas para mostrar a todos que o Sonho Americano não acabou, mas, ao mesmo tempo, ele jamais poderá superar aquele que lhe ensinou os verdadeiros valores da vida.
Um Ano Depois: é chegada a hora de comemorar a vida do símbolo americano um ano após sua morte. O escritor Ed Brubaker, em parceria com os desenhistas Butch Guice, Rafael Albuquerquer, Howard Chaykin, David Aja e Mitch Breitweiser, contou a primeira parte da história que balançou as estruturas Marvel nestes últimos tempos, mostrando aos leitores as lembranças e momentos de cada personagem importante (de antes, agora e depois) na vida de Steve Rogers.
Seguindo para as próximas páginas, a segunda história é de Roger Stern, que escreveu o Capitao há alguns anos com seu amigo John Byrne. Apesar de ter uma narrativa bacana e ser uma leitura bem leve e descontraída, a história não acrescenta nada ao mito ou ao que deve acontecer a ele a partir de agora. O mesmo acontece na terceira narrativa da edição, feita por Mark Waid, mas esta acaba sendo mais divertida, pois brinca com o mundo real e o mundo ficcional, mostrando colecionadores de merchandising do Capitão América.
A brincadeira diverte o leitor mesmo quando se vê páginas clássicas de Jack Kirby sendo leiloadas, e outros símbolos importantes da mitologia do herói mascarado fazendo aparições recordatórias pelas páginas da revista. Ótima sacada de Waid, cuja fase no Capitão América em meados dos anos 1990 é tida como uma das melhores já produzidas até hoje.
Fechando a longa revista está um clássico de Stan Lee e Al Avison produzida há muitos anos atrás para Captain America Comics #16, de 1942, mostrando as velhas aventuras do Capitão ainda na Segunda Grande Guerra, contra o Caveira Vermelha e seus asseclas nazistas no melhor estilo narrativo que todos conhecem do velho Lee.
De modo geral, a revista Captain America #600 é uma leitura mais que agradável – ela consegue lembrar o prazer da antigas HQs misturado com o novo, o atual. Em meio à volta do orgulho americano com o novo presidente, Barack Obama, o momento não poderia ser melhor para que um de seus maiores símbolos patrióticos fizesse sua volta triunfal.









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