Quadrinhos

Scott Pilgrim: Não é exatamente uma resenha!

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Recentemente, tive a oportunidade de botar em dia a leitura de algumas HQs incluindo toda a série do canadense Bryan Lee O’Maley: Scott Pilgrim. Vale dizer minha leitura ficou incompleta na medida que o último volume da série (o sexto: Scott Pilgrim’s Finest Hour) ainda não foi lançado e está devidamente prometido para Julho desse ano lá em suas terras originais.

Mesmo com a ausência do capítulo final, acredito que a série já apresente material o suficiente para ser discutido (acredito que até o volume 5 são cerca de mil páginas de quadrinhos), todavia, dada a minha tendência em me alongar em minhas análises e resenhas, evitarei usar este rótulo neste artigo já que pretendo falar de forma mais livre, genérica e bastante informal sobre toda essa quantidade de quadros e balões que me fiz ler.

Muito bem. Estamos combinados.

A primeira coisa que me perguntaram quando disse que li Scott Pilgrim foi se eu gostei dado o meu grande carinho e imensa bagagem na leitura de quadrinhos indies (Wilson você é o próximo). E o mais surpreendente é que a principio me vi incapaz de responder. Veja bem, eu costumo a me enxergar como alguém bastante resoluto na formação das minhas opiniões (e geralmente isso é mais um problema do que uma qualidade), entretanto ao terminar de ler o primeiro volume (Scott Pilgrim’s Precious Little Life) me vi completamente transtornado com o conteúdo.

Eu sabia de antemão que a premissa da HQ era tão “brilhante” como a história de um vídeo-game de luta, mas não esperava encontrá-la desta maneira. Ao longo do quadrinho, principalmente no início, antes do primeiro ex-namorado da Ramona aparecer para desafiar Scott para um combate, eu me senti muito imerso naquele universo que estava sendo apresentado, os personagem eram críveis, próximos e inteligentes e a coisa toda me lembrava uma das minhas HQs favoritas: Retalhos (de Craig Thompson).

Bem, e então, enquanto estou imerso na vida de jovens alternativos de Toronto da minha idade tudo vira de cabeça para baixo e uma narrativa de vídeo-game assume o comando. Esta mudança súbita é muito perturbadora, e ao mesmo tempo que eu fiquei verdadeiramente triste de não ver uma resolução mais séria para aqueles confrontos que outrora me pareciam profundos e interessantes, me vi também surpreendido e instigado com o radical rumo que a história tomou, mesmo eu sabendo de antemão que era isso eu devia esperar originalmente da HQ.

Passado o susto comecei a gostar da mistura de gêneros e agora percebo que consegui finalmente formar uma opinião sobre o que eu li: Scott Pilgrim é uma leitura divertida e diferente e que, portanto, eu recomendo. Minha opinião positiva vem justamente da capacidade que Bryan teve de surpreender um leitor a partir de um grande domínio de formas de narrativa distintas.

E sempre existe diversão naquilo que é bizarro, e Scott Pilgrim mostra isso o tempo todo. A intrusão da narrativa de vídeo-game é pontual no quesito de nos mostrar que não precisamos levar tudo tão a sério. Quase todo o clímax dramático do quadrinho é bizarramente destruído por uma luta de anime aleatória e inesperada, e que no fim, por ter um impacto súbito no leitor, acaba sendo muito divertido.

Não acho que Scott Pilgrim vá funcionar como um filme, poucas HQs realmente conseguem, mas que pelo menos o longa metragem sirva para divulgar uma divertida história bem contada em quadros e balões (e não muito bem desenhada, devo dizer, eu adoro arte estilizada, mas a coisa é muito mangá, e não do raro bom tipo de mangá).

Vale lembrar que Scott Pilgrim ganhou recentemente uma edição brasileira pela Quadrinhos na Cia. (de longe quem melhor publicas HQs no Brasil) que reúne os dois primeiros números (Scott Pilgrim’s Precious Little Life e Scott Pilgrim Vs. The World)  em um único livro. Vale a leitura!

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