Guilherme Dei Svaldi é editor-chefe da Jambô Editora, atualmente a segunda maior editora de RPG brasileira, edita títulos de peso no mercado como Tormenta, Reinos de Ferro, Mutantes & Malfeitores e 3D&T Alpha. Nesta entrevista, concedida por e-mail, ele fala de pontos polêmicos e interessantes, como a decisão da editora em liberar o PDF do novo 3D&T Alpha para download, investimentos em novas linhas e os lançamentos da Jambô Editora para este e o próximo ano.
Ambrosia: Guilherme, nos últimos três anos a Jambô Editora vem crescendo de forma espetacular, lançando dezenas de livros e muitas novas linhas de produtos. Como a família Dei Svaldi conseguiu transformar a Jambô de uma simples loja de RPG e relacionados numa das maiores editoras de RPG do Brasil neste período curto de tempo?
Guilherme: A Jambô Editora surgiu em 2002, mas a Loja Jambô (uma empresa separada, embora dos mesmos donos) já trabalha com RPG desde 1994. Então, temos um pouco de experiência no ramo. Além disso, conhecimento técnico de administração, profissionalismo e bastante trabalho são o que fazem a Jambô Editora dar certo. Na verdade isso é o que faz qualquer negócio funcionar, mas às vezes as pessoas acham que, pela Jambô Editora ser uma empresa do ramo de entretenimento, pode funcionar de maneira diferente. Mas não pode.
Ambrosia: Um ponto que muitos se perguntam, existe uma intenção da editora de entrar em outros mercados de entretenimento além do RPG? Nos quadrinhos ou em card games, por exemplo?
Guilherme: O foco da Jambô Editora é “livros divertidos”. Dentro desse foco, iremos abrir novas linhas de produtos. Esperem novidades para o ano que vem, como uma linha de literatura de fantasia, que irá trazer romances de autores nacionais e internacionais.
Ambrosia: Sobre Tormenta, com o anúncio do encerramento da linha d20 do cenário após a publicação de Contra Arsenal, o que podemos esperar para o novo livro básico da linha e do aniversário de dez anos da mesma em 2009?
Guilherme: Hmm, não sei. Mas já está na hora de Tormenta ganhar um livro básico completo, com regras e cenário, não?
Ambrosia: O Terceiro Deus, último romance da trilogia iniciada em O Inimigo do Mundo, está sendo previsto ainda para esse ano, acha que isso é possível ou o livro pode sofrer algum atraso? Além disso, existe alguma intenção de expandir a linha de literatura da editora para além dos títulos relacionados à RPG?
Guilherme: O Terceiro Deus está previsto para esse ano e, a não ser que caia um meteoro aqui na editora, ele sai, sim. Quanto à segunda pergunta, sim, vamos inaugurar uma linha de literatura de fantasia em 2009. Teremos tanto livros brasileiros quanto livros traduzidos.
Ambrosia: Mutantes & Malfeitores, uma das linhas mais recentes da editora, já tem previsão de dois lançamentos ainda para esse ano. Isso significa um sucesso financeiro da linha. Também vai significar um incremento nos investimentos para a divulgação do jogo em meios de comunicação relacionados?
Guilherme: Sim! Mutantes & Malfeitores foi uma surpresa mesmo para nós. Quer dizer, esperávamos que o livro fosse bem — só não imaginávamos que fosse tão bem! Iremos investir bastante na linha, tanto em termos de lançamentos quanto em termos de divulgação.
Ambrosia: Após o Manual do Malfeitor e o Escudo do Mestre de M&M, quais as possíveis apostas para suplementos da linha em 2009?
Guilherme: Tem tanta coisa! Eventualmente, editoras se defrontam com o problema de não ter o que publicar. Com Mutantes & Malfeitores, o problema é o contrário, hehehe! Para começar, Poder Supremo (Ultimate Power, no original), um suplemento com regras sobre super poderes. Depois, temos uma longa lista de possíveis candidatos: Agents of Freedom, Book of Magic, Hero High, Iron Age, Mecha & Manga…
Ambrosia: O Guia do Mundo dos Reinos de Ferro é um gigantesco livro em capa dura de quatrocentas páginas. Não há dúvidas quanto ao lançamento ainda para esse ano ou a previsão pode ser alterada para o primeiro semestre do ano que vem?
Guilherme: O Guia do Mundo é um livro maravilhoso, que traz informação suficiente para uma vida de jogo. Isso tem um lado ruim, no entanto — produzir a versão brasileira desse “tijolo” leva tempo. Estamos trabalhando o mais rápido possível nele (sem comprometer a qualidade), mas não há como garantir uma data para seu lançamento. Tanto que ele ainda não faz parte de nosso cronograma.
Ambrosia: As coletâneas Sem Trégua devem seguir sendo publicadas neste padrão quase semestral até quando?
Guilherme: Estamos fechando o Vol. 3 agora, para outubro/novembro. Com esse lançamento, fechamos o material de RPG dos dez primeiros números da No Quarter, a revista americana que é a base do Sem Trégua. Mas nos Estados Unidos a No Quarter já se aproxima do nº 20, então temos ainda muita coisa para trazer para cá! Claro, depois que o Guia do Mundo estiver publicado, iremos trazer outros suplementos do cenário, também — mas Sem Trégua não irá parar.
Ambrosia: Como foi a aceitação da série de aventuras de Porto Livre? Existe a possibilidade de investimento no cenário para o ano que vem?
Guilherme: As aventuras de Porto Livre foram bem recebidas pelo público, mas é importante frisar que a idéia da linha não é ser um cenário completo, mas sim ser um complemento para os cenários da editora — Reinos de Ferro e Tormenta (ou para qualquer outro cenário que os jogadores usem, naturalmente). Não há, no momento, uma intenção da Jambô de publicar outro cenário de fantasia. Preferimos nos focar no que já temos para atender bem a esse público.
Ambrosia: Falando em Porto Livre, com a conversão deste cenário para o True20 lá fora, podemos esperar pela publicação do sistema para os próximos anos?
Guilherme: Acho que eu já respondi ali em cima, mas elaborando melhor: há um limite para o número de livros que podemos publicar, tanto por limitações técnicas, quanto pela demanda do mercado, que obviamente não é infinita. Sendo assim, acreditamos ser melhor ter poucos cenários, mas que sejam ricos, com vários suplementos, do que vários cenários com apenas o livro básico, ou no máximo um suplemento.
Ambrosia: Guilherme, o que te levou a decidir pelo lançamento simultâneo do Manual 3D&T Alpha em versão impressa paga e em versão PDF gratuita? Com certeza é uma jogada de marketing muito interessante, mas acha que compensa o risco?
Guilherme: A idéia de disponibilizar o Manual 3D&T Alpha gratuitamente tem como objetivo levar o RPG para a maior quantidade possível de pessoas. O 3D&T é um ótimo sistema para iniciantes — é fácil, rápido e, acima de tudo, divertido —, por isso é uma ótima porta de entrada para o hobby. Assim, de um ponto de vista de marketing, a Jambô está criando novos clientes potenciais. Pessoalmente, também acho muito legal a oportunidade de levar o RPG, um hobby que considero saudável e muito divertido, para outras pessoas.
Ambrosia: Agora, existe uma tendência de a empresa investir em jogos de sucesso em vendas e crítica: Reinos de Ferro, Tormenta, Porto Livre, Mutantes & Malfeitores e recentemente o 3D&T. Seria possível que o crescimento da Jambô traga para cá jogos alternativos de qualidade, como Trail of Cthulhu, Spirit of the Century ou Cold City? Mesmo que em um possível formato de venda de PDF via internet?
Guilherme: Uma coisa que estamos sempre fazendo é procurar materiais que devam ser publicados no Brasil. Então, sempre há uma possibilidade.
Primeiro agora sim o visual novo ficou bom!
Interessante a Jambô está bem focada e com um caminha traçado. É como as outras editoras lá fora, tem o seu material e só ( oque já da bastante trabalho). Gosto dessa atitude, faz com que não exista desperdicio de energia e dinheiro com muitas linhas, pode conseguir um publico fiel a editora e dá espaço para outras seguirem o mesmo caminh, mas com outro publico potencial.
E percebi uma coisa clara que muitos podem não gostar mas é o correto para Jambô continuar em alta no mercado. Ela não vai pegar o lugar da Devir, ela não sera a super traduta que todos queremos. O mercado não suporta isso, e muito menos um editora só, a Devir que o diga, nem a Abril fez isso! Mas como disse com outras editoras e um mercado maior que pode vir a surgir com sua renovação e no caso o D&T voltando teremos uma renovação, mas precisaremos de mais daqui alguns anos, outras editoras poderão ter outras linhas.
Lá fora o mercado muda por aqui não tem motivo para ser diferente.
Mas gostei do que virá para o ano que vem e deles saberem que são uma editora no mundo capitalista. Gostam de RPG e fazem o possivel para ele crescer, mas tem que pagar as contas. Essa atitude pé no chão faz com que eu repeite ainda mais a Jambô!!!!
E quem sabe já que não gostei do D&D 4ED com o livro novo do Tormenta eu volte a usar o cenario que sempre gostei, mas teve umas regras estranhas. Com um livro próprio com tudo, talvez a mistura finamente fique deliciosa e desça bem! E eu volte a gastar meu dinehrio com ele. Mas com o M&M eu já goasto e pretendo ocntinuar gastanto assim como com os Reinos de Ferro e logo logo o 3D&T!
Gostei da entrevista esse bloog é muito bom!
Muito bacana o Guilherme, boas revelações! =D
Curtinha…
Achei que poderia ser mais “reveladora”.
O problema da Devir é que ela monopoliza uma coisa que não deveria, que é o Gurps. Como aqueles miseráveis foram capazes de passar quase uma década sem publicar gurps e ainda manter a licença, para que ninguém publique.
Bom, pelo visto os direitos de tradução do GURPS 4ª não passam nem perto das graças da Jambo…
Será que alguém vai pegar? =/
Concordo com o Arquimago, acho que a Devir e a Jambo tem focos e estratégias diferentes.
“(…)Iremos investir bastante na linha, tanto em termos de lançamentos quanto em termos de divulgação.”
Fico imaginando até que ponto vai chegar essa divulgação… será que em todas a milhares de revista de RPG do Brasil e só?
O problema de Gurps é que ele É da Devir. Ponto. Então nem adianta pedir pra Jambô. Quanto a divulgação, acho que isso pode te surpreender. 🙂
A parte que mais me chamou atenção foi a dos romances literarios. Fiquei curioso para saber quais obras a Jambô vai trazer pra ca.
Definitivamente, minha mesada não vai conseguir alimentar isso tudo
Muito boa a entrevista! GURPS é da Devir sim, eles não largam o osso, parece que um dos donos é fã……
Futuras editoras nacionais, vejam e aprendam com as mlehores: Jambô e Daemon editoras.
Valberto, o que você esperava de “mais revelador”? Se tu perguntar por e-mail ao Guilherme é capaz de ele te dizer mais alguma coisa.
Bode, eu chuto A Song of Ice and Fire.
E eu estou bem animado com as perspectivas para 2009, especialmente para Tormenta.
A DEVIR não tem mais os direitos de Gurps, isso foi dito no próprio fórum da Steve Jackson Games.
Bom saber, mas acho que a resposta do Guilherme sobre se focar nas linhas já estabelecidas da editora quer dizer que Gurps tem a mesma possibilidade de ser publicado que outros títulos citados.
Estranho uma das ultimas atualizações do blog da Devir http://blog.devir.com.br/ . Da a entender outra coisa… “e Douglas Reis (outras linhas de RPG, entre elas GURPS e Storyteller)…”. É bom ter gente que pode ver além do Nacional.
E eu fiz um comentario lá e ele foi respondido, acho valido quem quer saber do GURPS ver a pagina http://blog.devir.com.br/2008/09/23/back-on-the-saddle-e-as-razoes-deste-blog/#comments .
Acredito que a pessoa não quis dizer “pedir a Jambô para trazer Gurps”, mas uma possível compra dos direitos, quem sabe aproveitando (leia comprando) a tradução. Mas na boa, sou muito fã de Gurps, e com essa postura muito boa da Jambô em focar em poucos títulos e fornecer material para eles seria perda de tempo e dinheiro. Me lembrou muito a Blizzard que tem apenas 4 linhas principais de jogos eletrônicos*, e todos são sucessos.
Reinos de Ferro está em meus planos de compra, assim que as contas folgarem.
Parabéns à Jambô e sucesso!
Gilson
*World of Warcraft, Warcraft, Starcraft e Diablo
A um tempão atrás, ouvi no podcast do D3 system que a Devir não tinha comprado os direitos do GURPS 4, e que tava de boboira pra quem quisesse lançar a linha. Por isso imaginei que outra editora iria cair em sí e comprar, pq é bastante vantajoso visto a quantidade de jogadores de GURPS no Brasil (e na minha opinião um sistema muito bom).
Pelo post e comentários lá no blog da Devir (que o Arquimago comento e pois o link), provavelmente eles compraram os direitos do GURPS 4.
Em outras palavras… ferrou! É bem provável que agente não veja nada de GURPS em português até no mínimo 2010!
Pena. Disseram que a 4th do Gurps tinha melhorado o jogo um pouco. Particularmente eu não gosto do sistema, acho meio truncado para jogar, mas acho que o Gurps Supers foi o melhor RPG do genêro até a chegado do M&M, então tenho muito respeito pelo sistema.
Acho Gurps 4 th edição um RPG fantástico, principalmente sua capacidade de efetivamente se criar qualquer poder de forma muito coerente. Para mim não tem M&M que bata a 4 edição de Gurps…
O Leonel Domingos vem me falando muito bem do GURPS 4th, talvez eu dê uma chance ao jogo e importe os dois livros básicos, não sei…. Mas daí a ser melhor que M&M, sei não. 😛
ehehehehehe
O Leonel é viciado no GURPS :p, eu pessoalmente gosto bastante do GURPS, principalmente a nova edição, sempre que posso, mestro algo com o sistema. Agora uma coisa posso dizer, não existe comparação com o M&M, para herois o M&M detona. 🙂
ehehehehehe
O Leonel é viciado no GURPS :p, eu pessoalmente gosto bastante do GURPS, principalmente a nova edição, sempre que posso, mestro algo com o sistema. Agora uma coisa posso dizer, não existe comparação com o M&M, para herois o M&M detona. 🙂
Ah outra coisa q ia esquecendo. O Guilherme disse que o Guia do Mundo de RdF não estava no cronograma. Mas em agosto, foi anunciado que o livro já estava em pré-produção. Fazer o que né? so basta esperar…
Dá-lhe, Jambô! É bom ver uma editora cheia de pessoas legais e competentes e que considero grandes amigos crescendo desse jeito!^^