Em acordo com a data anunciada na semana passada, a pré-venda do novo Little Fears Nightmare Edition teve início nessa quarta-feira. Com término previsto para o próximo dia 12 de outubro – coincidentemente quando se celebra o Dia das Crianças em nosso país – a venda antecipada oferece alguns pacotes promocionais. O mais interessante dentre eles – e por isso mesmo provavelmente já esgotado nesse momento – concederá aos primeiros 25 compradores o PDF de Campfire Tales #1, primeiro suplemento do jogo com lançamento previsto para novembro.
Dando continuidade às prévias do cenário, Jason L. Blair apresenta em sua sexta porta alguns dos aspectos que guiaram o processo de criação do mundo desta nova edição.
Porta Nº 6: Chaves para o Mundo
A construção de mundos pode ser uma parte incrivelmente divertida do processo de criação do jogo. É também o que faz trabalhar em um jogo ambientado nos dias modernos, tal como Little Fears Nightmare Edition, uma criatura estranha. Quero dizer, não vou reinventar a vida suburbana aqui. Ninguém precisa de uma explicação detalhada de um prédio de apartamentos ou da função de uma escola básica (deixarei esse debate para outro momento e lugar). Telefones celulares, controles remoto, videogames, heelies e centros comerciais são todos parte da cultura americana moderna. Embora os jogadores possam facilmente ambientar um jogo na África de 1970 ou numa pensão vitoriana, isso não é algo que cobrirei no livro básico. Você pode ambientar o jogo em sua cidade natal (ou em seu país natal) de onde conseguirá os detalhes. Meu trabalho como o designer é dar às pessoas as ferramentas para pegar qualquer realidade que decidam e alterá-la na medida certa para seu jogo.
Little Fears Nightmare Edition é um jogo de terror, certamente, mas também compartilha qualidades com a fantasia urbana. Mágicos reais em parques de diversões itinerantes se encaixam tão bem em seu mundo quanto monstros debaixo da cama. A tarefa que assumi na criação do jogo é construir um mundo dentro de um cenário já conhecido. Claro, eu projetei o metamundo de Armariolândia, o mundo puramente fantástico de monstros, mas é tão provável que um jogo inteiro será ambientado na Oak Street ou na subdivisão de Whispering Pines quanto no palácio dilapidado de Titânia. Então eu preciso criar um conjunto de ferramentas que seja universal, mesmo que eu esteja pessoalmente o aplicando às áreas que conheço e falando de lugares em que já estive. Para fazer isso, tenho que introduzir coisas com as quais todo mundo está familiarizado de um modo que seja novo ou criar coisas que poderiam existir nas sombras em comum com o familiar.
É como eu costumo abordar esses projetos, na verdade. Eu sou um obcecado por encontrar magia, mistério e o sobrenatural no mundo que todos acreditamos conhecer em vez de um mundo construído. Ter o bizarro aninhado dentro do familiar dá tanto contraste brusco quanto faz o estranho e o mundano nisso muito mais intrigante. E magia pode ser encontrada em qualquer lugar. Há fadas que vivem nas árvores e os trolls que dormem no leito do rio. Há gremlins comendo peças de máquinas no ferro-velho local. Árvores vêm à vida durante as tempestades, apanhando crianças sem sorte nos espaços em que os postes não brilham. Melros são os olhos do Bicho-Papão. Empoleirados em frente à sua casa, eles observam você dormir.
Naturalmente, o objetivo em criar o “mundo real” de Little Fears para mim não é rascunhar uma lista de compras de criaturas do folclore, mitos e minha própria imaginação para incluir no final do livro. Embora haja uma abundância de exemplos que eu espero que os jogadores achem interessantes e úteis, minha tarefa real é dar ao leitor os meios para interpretar o mundo real a sua própria maneira e criar monstros para uso nas próprias histórias de seu grupo.
É um grande desafio e eu fiz isso de um punhado de modos.
O primeiro é prosa direta. Embora ficção de jogo seja muito difamada em certos círculos, eu sinto que a ficção bem escrita serve ao propósito de mostrar melhor ao leitor o mundo do que somente contar-lhe sobre ele. Little Fears Nightmare Edition não é um romance – e não aspira a ser – mas eu tentei usar a ficção para reforçar ou introduzir alguns dos conceitos mais esotéricos do mundo. Eu senti que funcionou bem no Little Fears original quando tratei do uso de rituais para entrar na Armariolândia ou o que se via ou sentia quando Armariolândia se sobrepunha ao mundo real. Ocasionalmente, é para estabelecer o tom mas eu avalio ter um outro propósito também.
Outro modo é através do exemplo. Os exemplos de monstros anteriormente mencionados vão longe na realização disso. Eu tento cobrir os básicos como lobisomens, vampiros e zumbis primeiro (e você os verá surgindo de novo e de novos nos exemplos). Eu faço isso porque essas criaturas são transculturais. Mesmo aquelas que foram um dia de crenças localizadas tornaram-se icônicas. Elas são os monstros que todos nós conhecemos. Ao mostrar as pessoas como os vampiros funcionam em Little Fears Nightmare Edition, o leitor tem um ponto de referência quando vier a usar as regras de criação de monstros para fazer seus próprios monstros ou traduzir seus favoritos de outras mídias para o mundo de jogo. É claro, eu inclui monstros mais ou menos incomuns também para mostrar a flexibilidade do sistema e inspirar ideias.
O terceiro modo é meio furtivo. Eu fiz um tanto de anotações improvisadas para uma criatura ou outra na esperança que inspirará o leitor a decidir por si mesmo o que a criatura é. Estou supondo que qualquer um que lê o jogo poderia fazer um troll do rio em dez minutos mesmo se ele não estivesse incluído. A melhor parte disso é que cada um seria diferente. Cada um seria adaptado a uma ideia de pessoa diferente de um troll do rio. Como um designer de jogo, ver aonde as pessoas levam sua criação é uma das maiores recompensas.
O último modo é ao falar sobre a inspiração do jogo. Ao mostrar às pessoas de onde eu tirei algumas das minhas ideias, elas saberão aonde procurar suas próprias ideias. Não que o pessoal precise de ajuda! Conforme leio os monstros que os jogadores de teste fizeram, sou influenciado por algumas daquelas ideias. Tantas criações incrivelmente imaginativas que não posso esperar para usar algumas delas em minhas próprias sessões.
Inspirar os jogadores a particularizarem o mundo de Little Fears Nightmare Edition foi apenas uma parte do desafio, realmente. A segunda foi dar-lhes as ferramentas para adaptar o timbre e o tom do jogo também. No original, eu falava sobre as diferenças entre Histórias Assustadoras, Contos de Fadas Sombrios e o Horror Verdadeiro. Na nova edição, eu trato de mudanças no sistema rápidas e fáceis que podem reforçar o tipo de jogo que um grupo está seguindo. Histórias Assustadoras são o modo padrão mas com umas poucas mudanças no mostrador, você pode facilmente criar algo que realmente se pareça com uma narração que os irmãos Grimm redigiriam ou algo tirados das manchetes.
Minha esperança com isso tudo é que elas aticem a imaginação do leitor e o instiguem a uma jornada para encontrar seus próprios paralelos, suas próprias coisas esquisitas. Para revelar a magia e mistério escondidos no nosso mundo e usá-los como inspiração para seus próprios contos de horror e intriga.
Com 192 páginas, Little Fears Nightmare Edition tem lançamento previsto para 19 de outubro custando US$25,00.
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